Sem representante oficial em audiência nos EUA, Brasil vê risco real de tarifas de até 50% sobre exportações; especialistas alertam para perdas imediatas em setores estratégicos.
O advogado Davi Aragão, em entrevista à Revista Oeste (09/09/2025), alertou que o Brasil pode enfrentar tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos após audiência da Seção 301, realizada em 3 de setembro. Sem defesa técnica do governo brasileiro, a investigação americana tende a avançar, atingindo produtos estratégicos e enfraquecendo setores que já sofrem com sobretaxas de 40%.
Segundo Aragão, a ausência oficial em Washington revela uma postura frágil: o Brasil apresentou respostas políticas, mas sem dados técnicos e propostas concretas, o que deixou o país vulnerável diante das acusações de práticas comerciais consideradas “injustas e discriminatórias” pelos EUA.
O que está em jogo na Seção 301
A Seção 301 é um dispositivo da lei de comércio americana que permite ao governo dos EUA retaliar países acusados de dificultar suas exportações.
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No caso brasileiro, a investigação aberta em julho mira desde barreiras tarifárias e pirataria até questões ambientais.
Aragão cita como exemplo o setor madeireiro do Paraná, que trabalha com reflorestamento, mas já sofre com tarifa extra de 40%.
Segundo ele, importadores americanos substituem fornecedores brasileiros por concorrentes de outros países, e reconquistar esse mercado depois será extremamente difícil.
As falhas da defesa brasileira
Na audiência de 03/09, nenhum representante oficial do governo esteve presente.
Empresários da CNI (Confederação Nacional da Indústria) chegaram a ir a Washington antes da reunião, mas ouviram de autoridades do Departamento de Estado que “o problema está em Brasília” — isto é, a solução depende de articulação política e técnica do próprio governo.
Aragão critica a ausência de coordenação entre ministérios, diplomacia e setor privado.
Ele cita que a defesa enviada até agora é retórica, sem levantar provas, dados econômicos ou planos de ajuste.
Enquanto isso, países como a China, alvo da Seção 301 em anos anteriores, conseguiram encerrar processos semelhantes por meio de reformas legais e acordos técnicos detalhados.
Acusações dos EUA contra o Brasil
Entre os pontos levantados pelos EUA estão:
Propriedade intelectual: pirataria de conteúdo digital (“gatonet”), falsificação em polos como a Rua 25 de Março e demora do INPI em analisar patentes (até 9 anos).
Barreiras comerciais: reintrodução de tarifa sobre o etanol americano em 2017, que, segundo estudos americanos, aumentaria o preço em até R$ 0,46 por litro no Brasil.
Regulação de redes sociais: críticas à legalidade de decisões que afetaram empresas e cidadãos americanos, ponto em que a resposta brasileira foi considerada vaga.
PIX: visto como ponto positivo por bancarizar milhões, mas mal explorado na defesa; os EUA lembram que empresas como Apple Pay, Google Pay e PayPal também cresceram no mesmo ambiente.
Consequências de não reagir
A tarifa de 50% é o risco imediato, mas Aragão alerta para efeitos mais amplos: fechamento de fábricas, perda de empregos e migração de investimentos para os EUA.
Ele lembra que alguns setores já sinalizam redirecionar suas operações para escapar da insegurança comercial.
Na avaliação do advogado, o Brasil ainda tem chance de reverter parte do quadro, mas precisa agir com urgência: apresentar dados verificáveis sobre compliance ambiental, acelerar prazos do INPI, combater a pirataria e propor medidas concretas de abertura de mercado.
A ausência do Brasil na audiência da Seção 301 foi interpretada como sinal de desorganização política e descaso técnico.
Se o país não montar uma estratégia coordenada, unindo diplomacia, governo e setor privado, as tarifas de 50% devem se consolidar e novas punições podem ser aplicadas.
Você acredita que o Brasil conseguirá reagir a tempo ou estamos diante de um prejuízo inevitável para nossa indústria e exportações? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive esse impacto na prática.