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O Brasil está à procura de formas inovadoras e sustentáveis de fornecer energia a sistemas isolados e unidades industriais, e a usina nuclear flutuante pode ser uma excelente alternativa

Escrito por Bruno Teles
Publicado em 13/02/2023 às 18:13
usina nuclear flutuante
Usina nuclear flutuante (FOTO/divulgação) IMAGEM MERAMENTE ILUSTRATIVA

À medida que o mundo se esforça para alcançar a transição energética, a fonte nuclear tem ganhado cada vez mais importância, sendo apontada como parte fundamental do processo de descarbonização.

Por isso, além das usinas nucleares convencionais já existentes, há também um interesse crescente em desenvolver usinas nucleares flutuantes. Esta tecnologia promete trazer inúmeros benefícios, desde uma localização flexível e portátil até a possibilidade de fornecer energia limpa e sustentável a áreas remotas. No entanto, é importante considerar os possíveis riscos associados às usinas nucleares flutuantes antes de optar por elas.

O ex-presidente da Eletronuclear, Leonam Guimarães, acredita que o Brasil tem todas as condições necessárias para construir e operar usinas nucleares flutuantes. Segundo ele, essas usinas seriam extremamente benéficas para o país, pois poderiam alimentar sistemas isolados na Amazônia e abastecer unidades industriais grandes consumidoras de energia elétrica e calor industrial, como a indústria do alumínio. 

Além disso, um dos pontos positivos é que já existe uma infraestrutura montada para construir submarinos da Marinha do Brasil, possibilitando assim a fabricação de reatores embarcados nacionais. Dessa forma, segundo Guimarães, o Brasil teria uma vantagem competitiva significativa no desenvolvimento de tais instalações.

A história da usina nuclear flutuante é antiga e começou com o protótipo em terra da propulsão do submarino nuclear Nautilus, o primeiro veículo nuclear para geração de energia elétrica no mundo. Desde então, mais de 400 submarinos nucleares foram construídos e operaram com muita segurança ao longo dos anos. Esta tecnologia tem sido usada para produzir eletricidade de forma limpa e segura, contribuindo para a criação de um futuro melhor.

Os Estados Unidos, a Alemanha e o Japão criaram submarinos nucleares para fins militares, bem como navios nucleares mercantes para uso civil. A Rússia também possui uma frota de navios nucleares quebra-gelo. Na década de 70, a embarcação Sturgis entrou em operação no canal do Panamá, garantindo o abastecimento e o funcionamento operacional durante a guerra do Vietnã. Hoje em dia, estes navios desempenham um papel importante na proteção da vida marinha e dos recursos naturais, além de fornecer energia limpa e segura às populações costeiras.

Os submarinos, navios e quebra-gelos nucleares dos Estados Unidos, Alemanha, Japão e Rússia são ferramentas militares de grande importância. A embarcação Sturgis, por exemplo, ajudou no abastecimento durante a Guerra do Vietnã. Hoje em dia, esses navios não apenas protegem a vida marinha e os recursos naturais, como também fornecem uma fonte de energia limpa e segura para as cidades litorâneas.

E quais são os usos mais recentes desse tipo de usina?

Os países estão sempre procurando novas soluções para alimentar com energia suas regiões remotas. A Rússia, por exemplo, adotou recentemente o navio Akademik Lomonosov, equipado com dois reatores PWR de 35 MW cada, para fornecer energia elétrica à região de Pevek, na costa da Sibéria. Além disso, a China encomendou cinco unidades flutuantes que serão usadas para levar energia a pequenas ilhas localizadas no Mar do Sul da China. 

Por sua vez, os Estados Unidos também decidiram investir recursos em usinas flutuantes. E a França ainda estuda usinas submersas próximas ao litoral europeu. Assim, as inovações tecnológicas continuam sendo fundamentais para garantir acesso à energia em locais remotos e isolados.

O Brasil tem grandes possibilidades de explorar usinas nucleares flutuantes. Estas usinas podem fornecer energia limpa e renovável para as comunidades costeiras, ajudando a reduzir o impacto ambiental, além de proporcionar empregos locais. Elas também poderiam servir para monitorar oceanos e criar energia de forma mais sustentável.

Além disso, as usinas nucleares flutuantes poderiam ser usadas para fins militares, como estabelecer uma presença naval estratégica na região. Esta tecnologia abre um leque de possibilidades que podem trazer muitos benefícios para o Brasil!

A utilização de usinas flutuantes para fornecimento de energia elétrica na Amazônia é uma ideia visionária que hoje se torna cada vez mais realista. Estas usinas ofereceram excelentes vantagens logísticas, como a redução da dependência dos sistemas isolados de combustíveis fósseis, como o diesel. Utilizar esta tecnologia também ajudaria a melhorar a autonomia e a segurança energética destes sistemas remotos, além de contribuir para o meio ambiente.

As usinas flutuantes oferecem uma solução prática para abastecimento de energia elétrica na Amazônia, pois permitem que um reator nuclear funcione por longos períodos sem necessidade de recarga. Além disso, quando é necessário um reabastecimento, é possível deslocar uma usina nuclear flutuante substituta para a região, enquanto a unidade atual é recarregada em um estaleiro especializado. 

Estas usinas também podem ser utilizadas para alimentar grandes indústrias, como a do alumínio, pois facilitam o transporte do reator para o local sem a necessidade de grandes obras. A tecnologia das usinas flutuantes proporciona muitas vantagens e soluções para a falta de eletricidade na região amazônica.

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Bruno Teles

Falo sobre tecnologia, inovação, petróleo e gás. Atualizo diariamente sobre oportunidades no mercado brasileiro. Com mais de 2.300 artigos publicados no CPG. Sugestão de pauta? Manda no brunotelesredator@gmail.com

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