Brasil deu inicio as exportações de carne bovina para o Quênia em 2025, país que nunca havia importado o produto. Acordo histórico abre nova rota na África.
O ano de 2025 vem sendo muito positivo para o agronegócio brasileiro. Pela primeira vez, o Quênia, na África Oriental, autorizou oficialmente a importação de carne bovina do Brasil. Até então, o país africano jamais havia recebido um único embarque do produto brasileiro. A abertura do mercado foi confirmada após a aprovação do Certificado Sanitário Internacional (CSI), que permite a entrada de carne in natura, miúdos e outros derivados bovinos.
Essa decisão, que entrou em vigor no início de janeiro de 2025, coloca o Brasil em posição ainda mais estratégica no continente africano. Mais do que abrir espaço para embarques futuros, o acordo serve de vitrine internacional e reforça a imagem do país como garantidor global de proteína animal, em um momento em que a segurança alimentar se tornou prioridade mundial.
O Quênia no radar do Brasil
O Quênia possui hoje uma população superior a 55 milhões de habitantes, com economia em crescimento médio de 5% ao ano, segundo o Banco Mundial. Embora tenha tradição pecuária, a produção local enfrenta gargalos estruturais, como escassez de insumos, vulnerabilidade climática e baixa produtividade.
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Ao autorizar a importação da carne bovina brasileira em 2025, o Quênia não apenas busca reforçar o abastecimento interno, mas também estabelece um novo patamar em sua relação comercial com o Brasil.
Até o ano passado, as exportações brasileiras de proteína animal para a África estavam concentradas em países do Norte, como Egito e Marrocos, além de alguns parceiros na África Subsaariana, como África do Sul e Nigéria. Agora, o mapa das exportações se amplia rumo à África Oriental.
A força do agro brasileiro em 2025
O Brasil já é, há mais de uma década, o maior exportador mundial de carne bovina, responsável por cerca de 25% das vendas globais. Em 2024, o setor registrou embarques próximos a US$ 10,8 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC).
A expectativa para 2025, com a entrada do Quênia e de outros mercados recém-abertos, é de superar a marca de US$ 11 bilhões.
Para os produtores, o impacto vai além da receita. A entrada em um novo mercado é interpretada como selo de confiança internacional. Uma vez validado pelos sistemas sanitários locais, o produto brasileiro tende a ganhar espaço em países vizinhos e parceiros comerciais do novo importador.
No caso do Quênia, que é membro da Comunidade da África Oriental (EAC), essa aprovação pode ser a porta de entrada para países como Tanzânia, Uganda e Ruanda.
Um mercado que pode render bilhões
Embora os volumes iniciais de carne enviados ao Quênia em 2025 sejam relativamente modestos, a abertura representa um passo estratégico. Estimativas do setor apontam que, se a operação se consolidar, os mercados africanos podem gerar até US$ 500 milhões adicionais por ano em exportações brasileiras de proteína animal.
Esse número pode parecer pequeno diante dos bilhões movimentados pelo Brasil com China e EUA, mas seu valor estratégico é enorme.
A África é o continente que mais cresce em população — deve dobrar até 2050, segundo a ONU — e verá sua demanda por proteína aumentar exponencialmente. Garantir presença hoje significa colher dividendos no futuro.
A disputa global por alimentos
A conquista brasileira no Quênia também deve ser analisada no contexto de uma disputa internacional por alimentos. Austrália, Índia e Estados Unidos já têm forte presença no fornecimento de carne e grãos ao continente africano. Além deles, a China tem investido em infraestrutura e logística na região, buscando assegurar rotas de abastecimento.
O Brasil, ao se firmar como exportador de carne bovina para um novo país africano, amplia seu soft power agroalimentar e se credencia como ator central em um dos tabuleiros geopolíticos mais importantes do século XXI: a segurança alimentar.
Desafios logísticos e sanitários
Nem tudo, porém, é triunfo. Exportar carne bovina para a África Oriental exige superar barreiras logísticas. O trajeto marítimo do Brasil até portos quenianos como Mombaça envolve custos adicionais e maior tempo de viagem em relação aos destinos tradicionais. Isso pode tornar o produto mais caro para o consumidor local, exigindo estratégias de adaptação.
Outro ponto sensível são as exigências sanitárias. O Quênia, ao aprovar o modelo brasileiro, espera conformidade rigorosa em questões de rastreabilidade, inspeção e controle de doenças. Para o Brasil, isso significa investir em padronização de processos e transparência, reforçando a credibilidade já conquistada em outros mercados.
Comparações com outros mercados abertos em 2025
O Quênia não é o único país africano que estreou nas importações de carne bovina brasileira recentemente. Em paralelo, o Marrocos autorizou em 2025 a importação de 20 mil toneladas de carne bovina e ovina com tarifa zero, ampliando ainda mais a presença do Brasil no Norte da África.
Também neste ano, a Indonésia liberou a importação de cortes bovinos com osso, e as Filipinas aprovaram o embarque de miúdos e derivados. Em conjunto, essas aberturas reforçam a estratégia do governo brasileiro de diversificar mercados e reduzir a dependência da China, que ainda responde por mais de 50% dos embarques nacionais.
O impacto interno no Brasil
Para o pecuarista brasileiro, a abertura do mercado queniano em 2025 pode representar novas oportunidades de negócio e valorização da arroba. Além disso, fortalece a imagem da carne nacional, em um momento em que o setor busca combater narrativas internacionais negativas sobre sustentabilidade.
Ao conquistar mercados inéditos, o Brasil mostra que é possível aliar escala de produção com padrões sanitários e ambientais reconhecidos internacionalmente. Isso serve de resposta às pressões de blocos como a União Europeia, que endurece regras ambientais e pode restringir importações.
O futuro da carne brasileira no continente africano
O passo dado em 2025 abre caminho para que outros países africanos sigam o exemplo do Quênia. Há negociações em andamento com Gana, Costa do Marfim e Argélia, mercados que, juntos, poderiam representar dezenas de milhões de dólares adicionais em exportações.
Se consolidar presença no continente africano é um dos objetivos estratégicos do Brasil para a próxima década. Não se trata apenas de vender carne, mas de estabelecer parcerias comerciais de longo prazo em um continente que terá papel decisivo na economia global até 2050.
A carne brasileira no tabuleiro global de 2025
O acordo com o Quênia é mais do que a abertura de um novo mercado: é um marco histórico que reforça a vocação do Brasil como potência alimentar mundial.
Pela primeira vez, um país africano que nunca havia comprado carne bovina nacional se torna cliente, em um movimento que pode inspirar vizinhos e gerar bilhões em oportunidades futuras.
Em 2025, o agro brasileiro mostra que não quer apenas manter a liderança, mas expandir fronteiras, conquistar mercados inéditos e consolidar o país como protagonista da segurança alimentar global. Cada embarque ao Quênia é, simbolicamente, um tijolo na construção desse futuro.
Isso e muito bom, a buscar por novos mercados e parceiros comerciais.
Chega ser ridículo comparar a compra de carne feita pelo Quênia em relação aos Estados Unidos. Quem trabalha na área sabe bem que os americanos pagam muito mais pela carne e são muito mais sérios com relação aos pagamentos. Notícia sem noção.
Gente quanto mais carne exportadas maior é o preço interno bom pra dono de fazenda e exportadores. ninguém é ****. isso não é bom para população brasileira