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EUA e China disputam mercado bilionário da carne bovina do Brasil: exportações batem recorde, tarifas ameaçam o setor e produtores veem risco de perder espaço no maior rebanho comercial do planeta

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 22/08/2025 às 00:59
Atualizado em 23/08/2025 às 21:23
EUA e China disputam mercado bilionário da carne bovina do Brasil
Foto: EUA e China disputam mercado bilionário da carne bovina do Brasil
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Brasil vive recorde nas exportações de carne bovina, mas disputa entre EUA e China expõe riscos de tarifas, dependência e vulnerabilidade do maior rebanho do planeta.

O Brasil vive um momento histórico no setor de proteína animal. Dono do maior rebanho comercial de bovinos do planeta, com mais de 230 milhões de cabeças, o país consolidou-se como maior exportador mundial de carne bovina, abastecendo tanto a Ásia quanto a América do Norte. Em 2025, as exportações bateram recordes sucessivos, impulsionadas por dois gigantes em disputa: China e Estados Unidos.

Mas o que poderia ser apenas uma vitória brasileira no comércio internacional está se transformando em um tabuleiro geopolítico delicado. De um lado, a China, que responde por mais de 50% da carne bovina embarcada pelo Brasil, busca ampliar a segurança alimentar de sua população. Do outro, os EUA, que se tornaram o segundo maior destino da carne brasileira e agora impõem tarifas que podem redesenhar o mapa das exportações. Entre ganhos e riscos, os produtores nacionais vivem uma tensão crescente: a fartura dos recordes pode virar vulnerabilidade em um piscar de olhos.

O peso da China na balança comercial da carne bovina

A relação entre Brasil e China no setor da carne bovina é de interdependência. Desde 2019, os chineses ampliaram de forma exponencial as compras, atraídos pelo surto de peste suína africana que devastou o rebanho de porcos do país. Em 2024 e 2025, o apetite chinês manteve-se elevado, garantindo ao Brasil bilhões em receitas de exportação.

Segundo dados da ABIEC (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne), em 2025 a China foi responsável por mais da metade das exportações brasileiras, consolidando-se como cliente estratégico. O risco, no entanto, é claro: a dependência de um único mercado pode deixar os pecuaristas vulneráveis a mudanças repentinas de políticas sanitárias ou a tensões diplomáticas.

A chegada dos EUA como segundo maior comprador

Se a China domina a ponta do consumo, os Estados Unidos emergiram como segundo maior destino da carne bovina brasileira.

Nos últimos dois anos, houve uma abertura crescente do mercado norte-americano para cortes específicos, principalmente de carne in natura. Esse movimento trouxe diversificação às exportações brasileiras, reduzindo — ao menos em parte — a dependência da Ásia.

Mas em 2025, a Casa Branca adotou uma estratégia diferente. Pressionados por produtores locais, os EUA elevaram tarifas sobre parte das importações brasileiras, sob alegação de “defesa da indústria doméstica”. Para o Brasil, a medida foi recebida como um balde de água fria em um momento de expansão. O setor teme que o aumento de custos reduza a competitividade frente a outros fornecedores globais, como Austrália e Uruguai.

Recordes e vulnerabilidades

O Brasil embarcou, em julho de 2025, mais de 200 mil toneladas de carne bovina, volume histórico para um único mês. Os números impressionam, mas especialistas alertam para um paradoxo: quanto mais recordes são alcançados, maior a exposição do país às variações do cenário internacional.

Se a China decidir diversificar fornecedores para reduzir riscos de dependência, ou se os EUA mantiverem tarifas agressivas, o impacto sobre o agronegócio brasileiro pode ser profundo. Afinal, dois países concentram mais de 65% da receita de exportações da carne bovina do Brasil.

O custo das tarifas e a ameaça de perder espaço

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O aumento tarifário dos EUA gerou preocupação imediata. Exportadores calculam que a medida pode significar perdas de até US$ 500 milhões anuais caso os volumes sejam reduzidos. Além disso, abre espaço para que concorrentes ganhem mercado no território norte-americano, enquanto o Brasil pode acabar forçado a direcionar ainda mais carne para a China — reforçando a dependência já considerada perigosa.

Produtores brasileiros também lembram que a disputa não é apenas comercial, mas estratégica. A carne bovina é vista como um ativo de segurança alimentar, e tanto EUA quanto China enxergam no Brasil uma peça central em suas políticas de abastecimento.

Brasil possui o maior rebanho comercial do planeta

O Brasil possui o maior rebanho comercial do planeta, mas enfrenta desafios internos que podem afetar sua competitividade no longo prazo. Questões como rastreabilidade, exigências ambientais e pressão por desmatamento zero colocam o país sob vigilância internacional.

A União Europeia, por exemplo, já aprovou o Regulamento Antidesmatamento (EUDR), que afetará exportações de carne a partir de 2025/2026. Isso significa que, além da disputa EUA-China, o Brasil terá de lidar com barreiras ambientais e regulatórias que podem restringir mercados de alto valor agregado.

A disputa que vai muito além da carne

No fundo, a disputa entre EUA e China pela carne bovina brasileira é um reflexo de algo maior: a competição pela influência sobre o agronegócio e os recursos estratégicos do Brasil. Quem garantir presença estável na cadeia de proteína animal terá não apenas acesso a alimentos, mas também influência geopolítica sobre um setor vital para a segurança global.

Essa guerra comercial coloca o Brasil em uma posição ambígua: de fornecedor cobiçado a refém das tensões entre as duas maiores potências do planeta.

O futuro da carne brasileira

O cenário para 2026 é de incerteza. Se o Brasil conseguir diversificar mercados, ampliar vendas para países do Oriente Médio e manter acordos sanitários robustos, poderá reduzir a dependência dos dois gigantes. Mas se permanecer preso ao jogo EUA-China, corre o risco de ver sua liderança fragilizada.

O fato é que, com um rebanho de proporções continentais e capacidade de produção recorde, o Brasil seguirá como protagonista. A dúvida é se será um protagonista soberano, capaz de negociar com múltiplos parceiros, ou um fornecedor pressionado por dois polos de poder global.

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BEAT Winkler
BEAT Winkler
25/08/2025 15:00

E mais e mais terreno desmatado para criar ****, ****

Última edição em 1 mês atrás por BEAT Winkler
Arnaldo
Arnaldo
24/08/2025 23:06

Nossa a reportagem falando em exportaçáo de carne bovina.vem uns estrume falar do Bolsonaro.avisa esses vermes.q quem tá governando o Brasil e o Lula.bandods de inúteis .

Ramon de Sá
Ramon de Sá
24/08/2025 02:47

Cotex. O.que. Para camarada para de se querer se amostra doutor

Fonte
Valdemar Medeiros

Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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