Projeto ferroviário bilionário no Sul do Brasil promete viagem em apenas uma hora entre Porto Alegre e Gramado, com estação próxima ao aeroporto e expectativa de transformar o turismo e a mobilidade regional.
O governo do Rio Grande do Sul autorizou, em 7 de agosto de 2025, a implantação, operação e exploração privada de uma ferrovia de passageiros entre Porto Alegre e Gramado.
O projeto, conduzido pela SulTrens, prevê investimento de R$ 4,5 bilhões e estimativa de viagem em uma hora para percorrer aproximadamente 84 quilômetros.
Autorização e prazo de operação
Trata-se da primeira autorização intraestadual do país, com concessão de 99 anos para a empresa responsável.
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A previsão oficial é de sete anos para a entrada em operação, o que projeta o início do serviço até agosto de 2032.
Nessa etapa, a SulTrens avançará no detalhamento executivo, licenciamento e captação de recursos privados.
Estações e acesso ao aeroporto
Em Porto Alegre, a estação de embarque e desembarque ficará a cerca de 700 metros do Aeroporto Internacional Salgado Filho, facilitando o acesso direto de visitantes que chegam de outras cidades.
No destino serrano, o terminal está planejado para a Avenida das Hortênsias, na ligação entre Gramado e Canela, eixo turístico de maior fluxo na região.
Estrutura do trem expresso
O serviço foi concebido como expresso, com trem de 250 lugares, previsão de duas vias férreas (uma por sentido) e velocidade de cruzeiro estimada em até 130 km/h.
A proposta inicial considera operação sem paradas intermediárias, reduzindo o tempo porta a porta entre a capital e a Serra.
Eventuais ajustes de trajeto e oferta poderão ocorrer conforme os estudos avançarem e a demanda regional for confirmada.
Impacto regional e geração de empregos
O traçado atravessará 19 municípios e terá influência sobre 22 cidades, ampliando o potencial de integração metropolitana e turística.
A estimativa do governo e da concessionária é de geração de 22.723 empregos somando postos diretos e indiretos ao longo da implantação.
Além do turismo, a ferrovia é apresentada como alternativa à BR-116 em trechos com congestionamentos recorrentes, oferecendo previsibilidade de horário e maior conforto aos passageiros.
Obras previstas no trajeto
Os estudos preliminares apontam a necessidade de um conjunto robusto de obras de arte especiais.
Estão previstos 27 cruzamentos rodoviários, 15 pontes e viadutos — incluindo uma travessia sobre a BR-290 (Freeway) — e nove túneis.
Esse desenho busca reduzir interferências com o tráfego rodoviário e contornar áreas urbanas densas, mantendo a velocidade operacional do expresso.
Estrutura financeira e modelo privado
A SulTrens é um consórcio privado formado por empresas de engenharia e estruturação financeira, responsável pelos estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental e pelo desenho do empreendimento.
O investimento será integralmente privado, conforme o modelo de autorização ferroviária vigente desde 2021, que permite a exploração de linhas por agentes não estatais mediante cumprimento de requisitos técnicos e regulatórios.
Cronograma e próximos passos
Depois da autorização assinada no Palácio Piratini, a iniciativa entra na fase de detalhamento dos projetos executivos, obtenção de licenças ambientais e contratação de fornecedores.
A meta de operar até 2032 depende do avanço dessas frentes, do cumprimento das exigências regulatórias e do cronograma de obras civis e sistemas ferroviários.
O plano indica implantação em regime contínuo para que a infraestrutura, o material rodante e os sistemas de sinalização, energia e controle cheguem ao comissionamento dentro da janela prevista.
Turismo e integração com a Serra Gaúcha
O eixo Porto Alegre–Gramado concentra parte significativa do fluxo turístico no Sul do país.
Com uma estação a poucos minutos do terminal aéreo da capital, a ferrovia tende a encurtar conexões e a reduzir a dependência de traslados por ônibus e carro.
A expectativa é que a oferta de um serviço de viagem em cerca de uma hora estimule novos roteiros e aumente a permanência média de visitantes, com reflexos na rede hoteleira, gastronomia e eventos.
Mobilidade urbana e conexões
Além da vocação turística, a ligação ferroviária pode reorganizar deslocamentos de trabalho e lazer entre os municípios do traçado.
A existência de duas vias dedicadas ao transporte de passageiros promete mais regularidade operacional, mitigando efeitos de atrasos por cruzamentos.
Em paralelo, estudos em andamento avaliam os pontos de interferência viária e as soluções de engenharia para garantir segurança, travessias adequadas e o menor impacto possível no tráfego local.
Capacidade de transporte e demanda
Com 250 assentos por trem, a operação foi pensada para absorver parte relevante da procura, especialmente em alta temporada na Serra Gaúcha.
A projeção de demanda considera tanto turistas quanto moradores da região metropolitana, que hoje enfrentam tempos de deslocamento superiores ao do trem, sujeitos à variação de trânsito e condições climáticas.
A ferrovia busca oferecer previsibilidade e tempo competitivo frente ao carro ou ônibus.
Detalhes pendentes de definição
Há definições que serão detalhadas ao longo dos estudos e da fase de engenharia, como a matriz de horários, a política tarifária, a eventual expansão de estações e as interfaces definitivas com o sistema viário urbano.
Também estão em avaliação soluções construtivas para túneis e viadutos em áreas sensíveis e a logística de canteiros de obras, etapas fundamentais para cumprir o prazo de sete anos até o início das viagens.