O investimento será para linhas de transmissão distribuírem energia eólica e solar do Nordeste para o restante do país
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e o Ministério de Minas e Energia (MME) estão prevendo investimentos de cerca de R$ 50 bilhões em linhas de transmissão para fornecimento de energia do Nordeste para o restante do país nos anos futuros. O sistema servirá excepcionalmente às produções eólicas e solares que possuem recursos em tarifas que são custeados por todos os consumidores.
De acordo com dados divulgados pelo Poder360 em 27 de abril, as estimativas, que possuem como parâmetro o ano de 2030, referem-se à soma dos estudos divulgados pela EPE até agora, os quais são Estudo de Escoamento de Geração da Região Nordeste e o Estudo de Expansão das Interligações Regionais.
Investimento em linhas de transmissão é recorde no setor elétrico
De acordo com secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do MME, Paulo César Domingues, o valor planejado para as linhas de transmissão no Nordeste é um recorde se considerarmos o histórico de planejamento do setor elétrico. Segundo Domingues, para a infraestrutura alcançar maior sucesso, o passo seguinte é a consolidação das instalações das linhas de transmissão no Nordeste para o plano POTEE (Plano de Outorga de Transmissão de Energia Elétrica) e, logo depois, coordenar e elaborar relatórios e detalhes complementares necessários.
Segundo diz a consultora Thaís Teixeira, da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), os investimentos nas linhas de transmissão no Nordeste levam em consideração um contexto de referência de expansão da capacidade instalada de fontes renováveis em 14 GW, atingindo um total de 48 GW em 2030, isso levando em consideração somente as fontes eólica e solar.
Além disso, os estudos também viram a entrada de aproximadamente 8GW de capacidade instalada de usinas termelétricas, sendo 45% nas regiões Norte e Nordeste. Esses dados mostram cerca de 3,6 GW, montante quase 4 vezes menor que o das energias renováveis.
Dados levantados pelo Poder360 mostram que os subsídios para a energia renovável são pagos pelos consumidores por meio de encargos nas tarifas de conta de energia. Só nos anos de 2017 a 2019 os custos totalizaram cerca de R$ 9,2 bilhões.
O resultado da cobrança desses encargos foi um crescimento exponencial, principalmente, da fonte solar. Segundo mostram dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) a fonte vem avançando grandemente nos últimos anos.
- Projeto Noronha Verde: Transição Energética e Caminho para Fontes Renováveis em Fernando de Noronha pela Neoenergia
- Como a aquisição da AES Brasil coloca a Auren no topo: descubra a terceira maior geradora de energia do Brasil e seu segredo de sustentabilidade
- Reciclagem criativa: turbinas eólicas viram minicasas! Designers revolucionam setor ao dar nova vida a equipamentos antigos e enfrentar um dos maiores desafios da energia sustentável
- China e Brasil se juntam para impulsionar a energia eólica offshore: você sabia que o Brasil possui um dos maiores potenciais eólicos marítimos do mundo?
Falta de planejamento atingem setores elétricos
Ainda falando de fonte de energia renovável, uma divulgação de estudos mostra que o governo permanece em uma política falha para o setor elétrico onde o foco está na produção de fontes renováveis intermitentes, em vez de prezarem por uma segurança energética utilizando fontes renováveis perenes, como o gás natural. Segundo dados, o Plano Decenal de Energia 2031 prioriza linhas de transmissão em vez de gasodutos, porém enquanto se projeta uma expansão de 19% para as linhas de transmissão a infraestrutura de gasodutos deve avançar apenas 2%. Logo, o cenário previsto mantém a decadência da introdução de gasodutos no Brasil o que faz com que a infraestrutura brasileira de gasodutos seja a menos desenvolvida entre os países da América.
Diante do cenário de não utilização de fontes renováveis perenes, o Brasil, em 2021, passou pela pior crise hídrica nos últimos 91 anos. Com os volumes de reservatórios das usinas hidrelétricas, as fontes eólica e solar atenderem ao SIN (Sistema Interligado Nacional) nos horários de pico. Outrossim, o país teve que recorrer ao uso das termelétricas com custos altíssimos, acima de R$ 2.500/MWh.