Projeto de reativação da Hidrovia do Rio São Francisco prevê integração com ferrovias e rodovias, reforçando o escoamento de cargas e conectando o interior baiano ao litoral. Estimativas apontam movimentação de R$ 5 milhões logo no primeiro ano.
Assim como publicou o CPG, a Autoridade Portuária da Bahia (Codeba) apresentou recentemente a reativação da Hidrovia do Rio São Francisco, corredor de 1.371 km que será integrado a ferrovias e rodovias para reforçar o escoamento de cargas no país.
Já nesta semana, a entidade revelou que a projeção de movimentar até R$ 5 milhões no primeiro ano de operações da Hidrovia do Rio São Francisco.
Apresentação e objetivo do projeto
De acordo com a Codeba, a estratégia será devolver a navegabilidade comercial ao São Francisco e conectá-lo a trechos ferroviários e rodoviários com acesso ao litoral.
-
Banco Central veta venda de R$ 25 bilhões do Master ao BRB e redefine cenário bancário
-
Carnê-leão: a obrigação mensal que só existe no Brasil, movimenta bilhões e mostra por que o nosso sistema de Imposto de Renda é considerado um dos mais complexos do mundo
-
CNH Popular tem cadastro online aberto para quem deseja tirar a Carteira de Habilitação sem gastar um real; seleção para categorias A, B, C, D e E do Detran exige atenção ao cronograma e regras de inscrição
-
Drex, nova moeda digital do Brasil, perde força e será lançada em versão “tímida” do real de papel: aposta do Banco Central mirava sucesso do Pix, integração com BRICS e redução a dependência do dólar, mas deve virar solução de bastidor bancário
A autarquia classificou a hidrovia como a maior em extensão territorial contínua sob controle de uma autoridade portuária no continente, condição que amplia o alcance logístico da iniciativa e cria novas rotas para competir com corredores exclusivamente terrestres.
Integração multimodal para reduzir custos
A proposta se apoia na combinação de modal hidroviário, ferroviário e rodoviário.
A navegação interior concentra os grandes volumes pelo leito do rio, enquanto as rodovias fazem a ligação entre polos produtores e terminais fluviais.
Em seguida, as cargas acessam a rede ferroviária e seguem para áreas portuárias com capacidade de armazenagem e atracação.
A expectativa é ganhar previsibilidade de prazo e sensibilidade de custo por tonelada, além de aliviar congestionamentos sazonais nas estradas.
Conexões-chave com FCA, FIOL e Porto de Aratu
Três eixos formam o núcleo da integração. O primeiro prevê a requalificação do trecho da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) conectando Juazeiro ao Porto de Aratu, na Região Metropolitana de Salvador.
O segundo estabelece a conexão com a Ferrovia de Integração Oeste–Leste (FIOL) em Bom Jesus da Lapa (Cariacá), utilizando o sistema rodoferroviário associado à ponte ferroviária sobre o Rio São Francisco.
O terceiro liga a malha da FIOL à FCA, criando rota direta entre Jequié e o Porto de Aratu. Em conjunto, esses trechos abrem caminho para que o fluxo iniciado no médio e no baixo São Francisco alcance o litoral sem descontinuidades.
O que muda para a logística de cargas
Com a reativação, a autarquia projeta rotas mais competitivas para granéis, semimanufaturados e insumos.
O arranjo multimodal permite distribuir volumes ao longo do ano e ampliar a resiliência frente à sazonalidade de safras.
Além disso, o uso da hidrovia tende a reduzir a dependência de longos percursos rodoviários, com potencial de diminuir custos operacionais e ampliar a segurança do transporte.
Estimativa de movimentação e revisão de demanda
A Codeba trabalha com estimativa de até R$ 5 milhões movimentados no primeiro ano, patamar inicial a ser incrementado conforme as conexões entrem em operação plena.
De acordo com a apresentação, novas frentes de demanda foram incorporadas aos estudos mais recentes e não constavam nas curvas avaliadas até o ano passado.
Esse ajuste projeta uma base de clientes mais diversificada, ancorada em origens do interior baiano e de áreas vizinhas conectadas à bacia do São Francisco.
Declarações e diretrizes da autoridade portuária
O presidente da Codeba, Antonio Gobbo, afirmou que a reativação deve alterar de forma relevante a matriz de transporte na região. Em suas palavras, “essa hidrovia vai gerar uma revolução na logística de cargas”.
Ele acrescentou que a equipe trabalha “com a possibilidade de implantação de uma teia ferroviária para Aratu”, orientada a ampliar a capilaridade e a regularidade das janelas de escoamento.
As falas indicam prioridade para conexões que entreguem ganho imediato de escala e sustentem a expansão do corredor.
Fases de implementação e interoperabilidade
As etapas de reativação foram desenhadas para que a infraestrutura entre em serviço de forma escalonada, priorizando trechos com maior potencial de carregamento inicial.
A interoperabilidade entre sistemas — terminais fluviais, pátios ferroviários e áreas portuárias — aparece como requisito central.
A proposta é sincronizar obras, serviços e autorizações para que a oferta de transporte cresça na mesma cadência da demanda contratada, permitindo contratos de médio e longo prazos com previsibilidade de preço e de capacidade.
Abrangência territorial e conexão com polos produtivos
Ao reativar um eixo de 1.371 km, a Codeba sinaliza capacidade de atendimento a polos agroindustriais e minerários abastecidos por rodovias que convergem para o São Francisco.
A ligação com o Porto de Aratu dá acesso a retroáreas e a terminais aptos a acomodar cargas diversas, o que favorece a formação de cadeias logísticas com transbordos mapeados e menor risco de gargalos operacionais.
Impacto esperado e próximos passos
A autarquia descreveu uma governança com participação de operadores ferroviários e órgãos de transporte para padronizar procedimentos, segurança e cronogramas.
Ainda sem detalhar o calendário completo, a orientação é iniciar por ligações que garantam regularidade de viagens e custos estáveis, premissas vistas como essenciais para atrair novos embarcadores.
Marcos estruturantes para a retomada
O trecho Juazeiro–Aratu, a conexão em Bom Jesus da Lapa (Cariacá) e a ligação FIOL–FCA com acesso por Jequié foram destacados como marcos estruturantes do corredor.
Esses pontos permitem montar percursos contínuos do interior ao litoral, minimizando transbordos e preservando a eficiência econômica típica de comboios hidroviários e ferroviários em grandes volumes.
Como a reativação da Hidrovia do São Francisco, combinada às conexões FCA, FIOL e Porto de Aratu, pode redesenhar a competitividade do transporte de cargas no Nordeste nos próximos anos?