Nissan fecha estúdios no Brasil e EUA em cortes globais. Estratégia segue modelo chinês para reduzir custos e acelerar projetos.
Nissan fecha estúdios no Brasil e EUA para acelerar redução de custos
A Nissan confirmou uma nova etapa de cortes em sua operação global. A montadora vai encerrar o estúdio de design The Box, em São Paulo, e também o Nissan Design America (NDA), em San Diego, nos EUA, até março de 2026.
A medida faz parte de uma estratégia de redução de custos, inspirada no modelo aplicado na China, para acelerar o desenvolvimento de veículos.
Segundo Alfonso Albaisa, chefe global de design da Nissan, a meta é reduzir em até 40% o tempo de trabalho em novos projetos e cortar cerca de 25% dos gastos de desenvolvimento.
-
Fiat lançará 5 carros inéditos até 2030 no Brasil: 1 por ano, preços acessíveis, opção elétrica com até 450 km de autonomia e SUVs que substituem Pulse e Doblò
-
O câmbio automático AL4 é o pior do Brasil? Histórico de quebras e reclamações coloca o sistema entre os mais problemáticos do mercado
-
Seu carro pode não chegar aos 100.000 km: 9 hábitos invisíveis, 90% do desgaste na partida e freios 40% mais fracos
-
15 recursos ‘escondidos’ do carro que aumentam segurança: reduzem lesões em até 30%, melhoram visibilidade em 40% e evitam ofuscamento noturno
“Queremos seguir o que os chineses fazem”, afirmou o executivo à Automotive News, destacando a busca por agilidade e menos burocracia.
Brasil perde centro criativo de referência
Inaugurado em 2019, o estúdio The Box foi criado em São Paulo para explorar soluções de mobilidade e tendências de design voltadas ao mercado latino-americano.
O espaço funcionava como um laboratório de inovação, mas será fechado como parte do processo de reestruturação global.
Nos EUA, o fechamento do estúdio de San Diego marca o fim de uma unidade estratégica para o design norte-americano. A responsabilidade passará ao Studio Six, em Los Angeles, que também cuidará da linha de luxo Infiniti.
Reorganização global e foco na China
Após os cortes, a Nissan reorganizará seus principais polos de design. O centro de Atsugi, no Japão, assumirá a liderança global.
Em Londres, a Nissan Design Europe continuará responsável pelos projetos voltados a África, Oriente Médio, Índia, Europa e Oceania. Já Xangai seguirá dedicada exclusivamente ao mercado chinês, considerado o mais competitivo.
Além disso, a Creative Box, em Tóquio, permanecerá ativa com foco em projetos experimentais e de estilo de vida. Essa redistribuição mostra a aposta da empresa na China como modelo de eficiência para enfrentar seus desafios.
Plano Re:Nissan: cortes e eficiência para salvar a marca
As mudanças fazem parte do plano de revitalização Re:Nissan, lançado pelo CEO Ivan Espinosa. O objetivo é economizar ¥250 bilhões (cerca de US$ 1,7 bilhão) até 2028.
O pacote inclui cortes de pessoal, fechamento de fábricas e simplificação da engenharia, que reduzirá de 13 para 7 plataformas globais.
Com isso, o ciclo de desenvolvimento de novos modelos deve cair de 52 para 37 meses, enquanto as atualizações passarão de 48 para 30 meses.
Nissan aposta no futuro, mas enfrenta riscos
As decisões representam, portanto, uma tentativa clara de reposicionar a Nissan em um mercado cada vez mais competitivo. Além disso, a estratégia busca eficiência global, contudo, também levanta dúvidas sobre a perda de identidade regional, especialmente após o fechamento de centros criativos no Brasil e nos EUA.
Entretanto, como afirmou Albaisa, “as coisas vão piorar antes de melhorar”. A marca aposta que a redução de custos e a inspiração no modelo chinês sejam suficientes para recuperar sua força global.
Por outro lado, a grande questão é se tais cortes realmente trarão os resultados esperados ou, enquanto isso, acabarão aprofundando ainda mais os desafios enfrentados pela empresa.