Nikola Tesla provavelmente diria que inventou o carro elétrico moderno. Historiador explica por que ele ficaria encantado com a empresa de Elon Musk.
Quando se fala em “Tesla“, muitos logo pensam em carros elétricos e em Elon Musk. A imagem mais comum hoje não é a do inventor Nikola Tesla, mas sim a de veículos modernos e do bilionário sul-africano.
No entanto, um historiador decidiu imaginar o que o próprio Tesla acharia da empresa que leva seu nome — e a resposta surpreende.
Tesla diria que inventou os carros de Musk
O historiador Professor Iwan Morus, em entrevista ao podcast HistoryExtra, afirmou que Tesla teria ficado encantado com a ideia de uma montadora de carros elétricos batizada com seu nome. Mais do que isso: ele provavelmente afirmaria que foi o criador original dessa tecnologia.
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“Ele teria ficado encantado e afirmado ter inventado o carro elétrico“, disse Morus. Segundo o historiador, essa atitude não seria surpresa. Tesla era conhecido por fazer afirmações ousadas sobre invenções que estavam em desenvolvimento ao seu redor.
Um inventor brilhante e excêntrico
Nikola Tesla nasceu em 1856 e se tornou uma das figuras mais fascinantes da ciência no século XIX. Após se mudar para os Estados Unidos em 1884, envolveu-se na disputa conhecida como “Guerra das Correntes”, onde defendia a corrente alternada, em oposição à corrente contínua defendida por Thomas Edison.
Com o apoio de George Westinghouse, Tesla ajudou a estabelecer a corrente alternada como padrão nos Estados Unidos. Seu trabalho com motores polifásicos foi essencial para o avanço da indústria elétrica moderna. Mas Tesla também era conhecido por exagerar. Ele frequentemente dizia que tinha criado coisas como raios X e ondas de rádio, mesmo sem ter sido o único responsável.
Por isso, Morus acredita que ele não hesitaria em afirmar que o carro elétrico foi uma de suas criações. “Ele afirmava ter inventado tudo o que [já] estava em andamento”, explica.
Carros elétricos já existiam no tempo de Tesla
No final do século XIX, enquanto Tesla ainda estava ativo, já existiam táxis elétricos operando em cidades como Nova York e Londres. Esses veículos circularam antes da dominação dos motores a combustão.
Mesmo assim, Tesla demonstrava mais interesse em ideias visionárias do que em produtos prontos para o mercado. Ele queria mudar o mundo com grandes conceitos, mesmo que isso não se traduzisse em retorno financeiro imediato.
Musk e Tesla: mais parecidos do que parecem
Embora Elon Musk não tenha fundado a Tesla Motors e nem escolhido o nome, ele se tornou a face pública da empresa. Para o historiador, Musk se enxerga como um herdeiro do espírito inovador de Tesla.
“Musk, penso eu com bastante clareza e em muitos aspectos, se vê como uma figura semelhante à Tesla”, afirma Morus. “Alguém que tem essa capacidade de inovar, supostamente, de quebrar padrões, de mudar o mundo sozinho.”
Essa imagem se encaixa no mito do “gênio solitário”. Tanto Tesla quanto Musk se destacaram por suas atitudes ousadas, ideias disruptivas e desejo de transformar o futuro com inovação.
Tesla também foi uma figura pública teatral
Nikola Tesla soube usar os meios de comunicação do seu tempo. Ele fazia demonstrações públicas, acendia lâmpadas sem fios e passava eletricidade pelo corpo. Essas apresentações o transformaram em uma celebridade científica. Ele era chamado de “O Mago da Eletricidade”.
Mas, segundo Morus, essa fama escondia o esforço coletivo da ciência de sua época. “É profundamente irônico que Tesla esteja inventando esse mito de um único inventor genial, iconoclasta e disruptivo, no momento em que os verdadeiros triunfos da engenharia vitoriana tardia residem em um enorme trabalho coletivo”, avalia.
O mito do indivíduo que muda tudo
Para o historiador, a ideia de que uma única pessoa pode mudar o mundo é uma ilusão sedutora. É fácil acreditar que a inovação vem de gênios isolados, mas a realidade é mais complexa. Mudanças reais na ciência e na tecnologia levam décadas, até séculos.
“Muitas vezes, [essa narrativa] faz parecer que tudo pode mudar amanhã. Mas não é assim que acontece”, explica Morus.
Tesla morreu esquecido, mas seu nome sobrevive
No fim da vida, Nikola Tesla vivia sozinho em um hotel de Nova York. Ele morreu em 1943, sem dinheiro e praticamente esquecido. Mesmo assim, fazia discursos sobre ideias grandiosas, como armas com raios da morte e energia sem fio.
Apesar disso, seu nome continuou vivo, ao ponto de ser usado por uma das maiores fabricantes de carros elétricos do mundo.
Segundo Morus, Tesla certamente se sentiria orgulhoso de ver seu nome em carros modernos. E, sem surpresa, talvez dissesse que os criou antes de todos os outros.
A visão de Nikola Tesla, entre exageros e genialidade, ajudou a construir o imaginário da inovação. Hoje, seu nome se move pelas ruas do mundo — em silêncio, com baterias e motores elétricos.