Minas Gerais alcançou 12,8 GW de potência instalada em energia solar em setembro, consolidando sua posição de destaque no Brasil com usinas de grande porte e milhares de unidades consumidoras.
Minas Gerais consolidou, neste mês de setembro, um novo recorde histórico na geração de energia solar, conforme noticiado nesta terça, 30. O estado alcançou a marca de 12,8 gigawatts (GW) de potência instalada, somando usinas de grande porte e projetos de geração distribuída em residências, comércios e propriedades rurais.
Os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) revelam que esse número coloca Minas como protagonista absoluto no setor. Para se ter uma ideia, a capacidade atual corresponde a 91,4% da potência instalada da Usina de Itaipu, uma das maiores hidrelétricas do mundo.
Divisão entre geração centralizada e distribuída
O resultado mineiro combina dois modelos de produção de energia solar. A geração centralizada (GC) responde por 7,4 GW em 203 usinas solares em operação. Já a geração distribuída (GD) soma 5,4 GW, com mais de 397,2 mil unidades consumidoras (UCs) em todo o estado.
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Esses números revelam o peso de Minas Gerais no cenário nacional. Na geração centralizada, o estado concentra 39,2% da capacidade instalada do Brasil. Na geração distribuída, representa 12,6% do total nacional, evidenciando a força da adesão popular à fonte renovável.
Minas Gerais responde por um quinto da energia solar do país
O protagonismo mineiro fica ainda mais evidente quando comparado à potência total de energia solar instalada no Brasil. Atualmente, o país soma 61,9 GW entre GC e GD. Somente Minas Gerais responde por 20,7% dessa capacidade, o que reforça a posição de liderança e o impacto estratégico do estado no setor energético.
Condições naturais e expansão no Norte de Minas
Para Bruno Catta Preta, coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), o destaque de Minas Gerais não é por acaso. Ele explica que o estado possui índices solarimétricos elevados, principalmente na região Norte, onde a radiação solar é intensa durante praticamente todo o ano.
O Norte mineiro ainda oferece terrenos amplos, de baixo custo e pouco aproveitados para agricultura ou pecuária. Essa combinação cria as condições ideais para grandes empreendimentos solares. “Por conta do sol, que realmente castigava, a terra ali é improdutiva, não serve muito para a agricultura, pecuária, e o que era um problema – que era o sol – passou a ser uma solução, uma fonte de renda para as famílias e para as cidades, com a arrecadação de imposto através da energia solar”, afirmou Catta Preta.
Apesar do avanço expressivo, especialistas apontam gargalos. A infraestrutura de transmissão ainda não acompanha a velocidade do crescimento. Minas Gerais necessita de mais linhas de transmissão e subestações de energia para escoar a produção sem sobrecargas.
Catta Preta reconhece os esforços da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) para ampliar a rede, mas ressalta que o ritmo está aquém da demanda. Segundo ele, “não na velocidade que os empresários precisam para a gente desenvolver rapidamente”.
Leilões da Aneel impulsionam investimentos
Os recentes leilões de energia realizados pela Aneel também são apontados como um motor para destravar a infraestrutura. A agência reguladora promoveu, nos últimos anos, algumas das maiores licitações de sua história, garantindo a Minas novos linhões e subestações. Essa expansão permitirá que a produção crescente de energia solar no estado seja transmitida de forma estável para outras regiões do país.
O protagonismo mineiro também é reconhecido no Legislativo estadual. O deputado Gil Pereira (PSD), presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, destacou que das dez maiores plantas fotovoltaicas do Brasil, cinco estão no Norte de Minas. A maior delas está localizada no município de Janaúba.
“Somos referência em energia limpa, com mais empregos criados, renda, infraestrutura e sustentabilidade. Crescimento e liderança nacional que alcançamos com trabalho incansável e leis de minha autoria, para incentivo às usinas de pequeno, médio e grande portes”, afirmou o parlamentar.