México quer blindar a indústria e evitar distorções de preço vistas no Brasil. Aumento de tarifa atinge veículos de países sem acordo comercial, com foco na China.
O México anunciou que vai elevar a tarifa de importação para automóveis de países sem acordo comercial, como a China, para 50%, frente aos atuais 20%. A medida integra uma revisão ampla de alíquotas de importação e foi apresentada nesse mês de setembro de 2025 pelo Ministério da Economia do país. O plano ainda depende de aprovação do Congresso mexicano.
A justificativa oficial é proteger empregos e responder a práticas de preço consideradas abaixo de referências. Analistas veem também um movimento para acomodar pressões dos Estados Unidos. A reação da China foi imediata, com protestos contra o aumento.
O paralelo com o Brasil é inevitável. Aqui, a recomposição das tarifas sobre elétricos e híbridos foi gradual a partir de janeiro de 2024, o que abriu uma janela para forte entrada de veículos chineses e formação de estoques locais antes da alta cheia. O México tenta evitar esse roteiro.
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México sobe imposto para 50% e busca blindar o mercado
O Ministério da Economia disse que elevará a tarifa de carros para o teto permitido, atingindo 50% para importações de países sem acordo com o México. A alíquota atual é 20%. O pacote também amplia tributos em setores como têxteis, aço e autopeças e abrange dezenas de bilhões de dólares em importações.
Segundo o governo, a mudança visa defender a concorrência leal e evitar que veículos entrem no país abaixo de preços de referência, o que afetaria empregos na cadeia automotiva. A pasta citou ainda que os aumentos respeitam os limites da OMC. Pequim criticou a decisão e sinalizou monitoramento.
A elevação foi anunciada como parte de um pacote que pode alcançar 50% em 1.400 linhas tarifárias, incluindo automóveis, reforçando o alvo em fornecedores asiáticos.
Para vigorar, o Congresso precisa aprovar. Em paralelo, o México conduz consultas e debates sobre impactos para a indústria e para o TMEC, enquanto tenta manter previsibilidade para investidores.
Brasil demorou, e os estoques de elétricos chineses explodiram
No Brasil, o governo decidiu retomar o Imposto de Importação sobre BEVs, PHEVs e HEVs em estágios entre 2024 e 2026, após anos de isenção ou alíquotas reduzidas. O cronograma oficial prevê 35% só em julho de 2026, com aumentos intermediários. Em 1º de julho de 2025, as alíquotas passaram a 25% para BEV, 28% para PHEV e 30% para HEV.
O escalonamento criou uma janela que favoreceu importações antecipadas. Em 2024, os portos brasileiros ficaram congestionados com mais de 70 mil veículos elétricos chineses sem venda imediata, segundo reportagens de InvestNews e do South China Morning Post. BYD e GWM lideraram volumes.
Além disso, o Brasil antecipou em julho de 2025 o aumento do imposto para CKD e SKD de eletrificados, que chegará a 35% em janeiro de 2027, tentando fechar brechas logísticas usadas para mitigar tarifa cheia.
Em síntese, a estratégia brasileira foi gradual, com “suaves aumentos semestrais”, o que gerou distorções de curto prazo como estoques elevados e pressão sobre preços. O México, ao mirar 50% de uma vez, busca desincentivar movimentos semelhantes.
Efeitos esperados: preço, produção local e geopolítica
No México, a consequência imediata pode ser uma corrida por estoque antes da vigência, seguida por alta de preços ao consumidor. Especialistas já apontam esse efeito de curto prazo quando tarifas sobem rapidamente, ao mesmo tempo em que a medida pode proteger empregos na cadeia domestica.
A disputa tem componente geopolítico. A decisão mexicana é lida como alinhada à pressão dos Estados Unidos para conter a expansão de carros chineses na América do Norte. A China reagiu publicamente, elevando a tensão comercial.
Na União Europeia, tarifas adicionais elevaram a carga total para até cerca de 45% sobre EVs chineses em 2024, o que reforça a tendência de regionalização e produção local como saída para fabricantes que buscam acessar grandes mercados sem o peso tarifário.
Para o Brasil, o foco agora é administrar o cronograma até 2026, a nova regra para CKD e SKD e os planos de nacionalização de marcas chinesas, que incluem investimentos industriais. Mudanças no México podem redirecionar fluxos logísticos e de investimento na região.
Você acredita que o Brasil deveria copiar o México e aplicar tarifas maiores desde já, reduzindo riscos de distorção de mercado, ou manter o cronograma até 2026 para evitar um choque de preços ao consumidor? Deixe seu comentário.