Relâmpago de 829 km nos EUA bate recorde mundial e supera fenômeno que havia atingido Brasil e Argentina
Um estudo publicado nesta quinta-feira (31) confirmou que o maior raio registrado na história percorreu impressionantes 829 quilômetros, praticamente a distância entre Curitiba e o Rio de Janeiro. O fenômeno foi captado em 2017 durante uma tempestade no Centro-Oeste dos Estados Unidos, mas só agora teve sua extensão oficialmente reconhecida por meio de análises feitas com imagens de satélites.
O raio foi registrado pelo satélite GOES-16, da NOAA (Agência Nacional Oceânica e Atmosférica), e durou 7,39 segundos. O dado foi validado pela Organização Meteorológica Mundial e publicado no Bulletin of the American Meteorological Society. Antes dele, o recorde era de um relâmpago de 709 km que atravessou partes do Brasil e da Argentina, em 2018 — este último ainda mantém o título de raio com maior duração, com 17 segundos.
O que são os mega-raios e por que impressionam
Diferentemente dos raios comuns, que duram milésimos de segundo e têm percursos curtos entre nuvens e o solo, os chamados mega-flashes (ou mega-raios) podem durar vários segundos e se estender por centenas de quilômetros. Segundo os pesquisadores, esses fenômenos são raros: acontecem em apenas 1 a cada 1.000 tempestades.
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No caso do raio recordista, ele se originou em uma tempestade convectiva extensa, com correntes ascendentes potentes e grande quantidade de gelo e água nas nuvens. Essa combinação cria camadas horizontais extremamente carregadas que, ao colapsarem, geram descargas gigantescas.
Onde esses raios extremos costumam ocorrer
Os pontos mais frequentes para mega-raios são o Centro-Oeste dos Estados Unidos e o sudeste da América do Sul. Foi justamente nessa última região que ocorreu o recorde anterior de extensão, em 2018, cruzando o Paraguai, sul do Brasil e norte da Argentina.
Segundo Michael Peterson, pesquisador que liderou a análise, os mega-flashes “são como folhas de papel eletricamente carregadas que se estendem por centenas de quilômetros, mas têm espessura mínima”. O fenômeno ocorre na troposfera, até o limite de 11 km de altitude, onde as partículas já não conseguem subir mais — criando o ambiente ideal para um clarão de grandes proporções.
Como o fenômeno foi medido com precisão inédita
Até pouco tempo atrás, medições desse tipo de raio eram imprecisas, baseadas em redes terrestres de antenas que detectavam sinais de rádio emitidos pelas descargas. Com o avanço dos satélites geoestacionários como o GOES-16, tornou-se possível mapear, em milissegundos, o início, o percurso e a duração exata do raio com alcance continental.
O GOES-16 mapeou 116 picos de descarga ao longo da trajetória do raio recordista, captando o fenômeno com detalhes inéditos. Essa precisão é essencial para alimentar bancos de dados e modelos climáticos que ajudam a prever e mitigar riscos de incêndios florestais, quedas de energia e acidentes fatais.
Por que estudar mega-raios é tão importante
Segundo Randy Cerveny, climatologista envolvido no estudo, “ainda é provável que existam relâmpagos ainda maiores” e que futuras medições podem quebrar o atual recorde. A análise desses fenômenos ajuda a entender melhor como se formam tempestades extremas, contribuindo para o desenvolvimento de alertas mais eficientes e estratégias de proteção para áreas urbanas e zonas rurais vulneráveis.
Além disso, mega-raios possuem potencial energético suficiente para incendiar florestas inteiras, afetar sistemas elétricos e até interferir em voos comerciais. Monitorar esse tipo de descarga é, portanto, uma questão de segurança pública e ambiental.
Você já presenciou um raio de grandes proporções? Acha que eventos extremos como esse estão mais frequentes? Compartilhe sua experiência nos comentários — queremos ouvir quem já viu o céu se transformar em luz.