Pesquisadores identificam –98°C na Antártida, o lugar mais frio da Terra. Clima extremo desafia limites do planeta!
Um dos mistérios mais fascinantes sobre o clima da Terra acaba de ser atualizado: cientistas detectaram a menor temperatura já registrada em nosso planeta, impressionantes –98°C. O feito aconteceu em um ponto remoto da Antártida, considerado hoje o lugar mais frio da Terra, onde o ar rarefeito, o céu limpo e o silêncio absoluto revelam condições quase alienígenas.
A medição, feita por satélites durante o rigoroso inverno antártico, superou o antigo recorde de –89°C, registrado em 1983 na estação russa de Vostok. O novo marco foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters, e coloca os limites da Terra em xeque.
Um ambiente extremo no limite do planeta
“É um lugar onde a Terra está tão próxima de seu limite que parece outro planeta”, descreveu Ted Scambos, pesquisador do Centro Nacional de Dados em Neve e Gelo da Universidade do Colorado. Para os cientistas, a Antártida oriental — onde foi registrada a nova mínima — é mais do que um deserto gelado: é um laboratório natural para entender os extremos do clima.
-
Como é por dentro a linha de montagem da Volkswagen? Visita inédita e gratuita revela cada etapa da produção de carros emblemáticos em SP
-
Foi cargueiro, navio militar e até biblioteca — hoje, navio mais antigo do mundo é hotel de luxo de US$ 18 mi na Indonésia
-
A caverna espetacular no interior de SP que turistas chamam de ‘8ª maravilha do mundo’ e impressiona com cenário natural incrível
-
Saiba como ganhar um PIX de R$ 5 mil de Luciano Hang
Ao contrário do que muitos pensam, a camada de gelo da Antártida não é totalmente plana. Ela forma uma espécie de redoma, como uma casca de tartaruga congelada. E foi no ponto mais alto dessa redoma, onde o ar frio naturalmente se acumula em pequenas depressões do gelo, que os satélites identificaram os bolsões de frio extremo.
Essas depressões são tão rasas que mal podem ser vistas a olho nu. Porém, funcionam como verdadeiras armadilhas térmicas, onde o ar frio, mais denso, se deposita e permanece estagnado por dias, criando as condições ideais para esse congelamento extremo.
Lugar mais frio da Terra: ar tão frio que se torna mortal!
Para se ter uma ideia do risco que essas temperaturas representam, o ar em –98°C é tão gelado que uma simples respiração pode causar hemorragia pulmonar. Cientistas que operam em bases próximas, como a estação Vostok, precisam utilizar máscaras especiais que aquecem o ar antes da inalação, tamanha é a hostilidade do ambiente.
Na superfície da neve, os sensores dos satélites captaram o mínimo absoluto. Já a cerca de 1,5 metro do solo — altura equivalente à da cabeça humana — as temperaturas seriam “menos severas”, mas ainda assim assustadoras: cerca de –94°C.
Céus limpos, ar seco e nenhum vento: a receita para o frio extremo na Antártida
Segundo os pesquisadores, apenas uma combinação específica de fatores permite que o clima da Terra atinja temperaturas tão baixas. É necessário que o inverno esteja em seu auge, sem vento por vários dias, com ar extremamente seco e céu completamente limpo — sem nuvens, sem poeira, sem qualquer tipo de cobertura atmosférica.
Essas condições raríssimas fazem com que o calor fraco irradiado pelo gelo — que normalmente seria refletido de volta pela umidade da atmosfera — escape direto para o espaço. O resultado é uma queda brusca e impressionante da temperatura na superfície.
O telescópio onde o frio impera
A aridez extrema também transformou a região em um dos melhores pontos do planeta para observações astronômicas. A poucos quilômetros dos locais mais frios, foi instalado o Telescópio Terahertz Antártico de Alta Elevação (HEAT), que aproveita a ausência de vapor de água na atmosfera para capturar imagens do espaço com maior nitidez.
Craig Kulesa, astrônomo da Universidade do Arizona e líder do projeto HEAT, explica: “O vapor d’água é o nosso maior inimigo. Aqui, estamos praticamente no local mais seco e ideal para olhar para o universo.”
Um recorde que pode não durar
Apesar da conquista científica, especialistas alertam que as mudanças climáticas globais podem tornar registros como esse cada vez mais raros. Com o aumento na concentração de gases de efeito estufa e vapor d’água na atmosfera, a Antártida também tende a aquecer — mesmo que levemente.
“Esperamos um aumento de 3 a 4°C nas próximas décadas”, afirma John Turner, climatologista da British Antarctic Survey. “O que significa que ver temperaturas tão baixas novamente será cada vez menos provável.”
A descoberta impressiona, mas também serve de aviso: os extremos da Terra estão mudando. E, talvez, o lugar mais frio do planeta esteja, aos poucos, perdendo seu trono gelado.