Dados do IBGE mostram que 12 estados tiveram aumento na taxa de desemprego no primeiro trimestre de 2025, com destaque para o Norte e Nordeste; informalidade e falta de carteira assinada acentuam desigualdades regionais.
No primeiro trimestre de 2025, a taxa de desemprego aumentou em 12 estados do Brasil, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (16) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A média nacional subiu para 7%, frente aos 6,2% registrados nos três meses finais de 2024.
O resultado representa uma alta no número de pessoas desocupadas, mas ainda é o menor índice para um primeiro trimestre desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012.
Apesar da aparente estabilidade nacional, os dados mostram realidades bem diferentes entre as regiões do país.
-
Nova lista de profissões insalubres garantem aposentadoria a partir de 55 anos e beneficia trabalhadores com apenas 15 anos de contribuição
-
Em meio ao “tarifaço”, China mira o Brasil com investimento bilionário visando carros elétricos, mineração e logística
-
Brics Pay une Brasil, China e outros 9 países em sistema inspirado no Pix que reduz IOF, contorna o SWIFT e pode ser lançado nas próximas semanas para desafiar a hegemonia dos EUA
-
Estes são os 6 bancos digitais que mais receberam reclamações no Brasil, segundo Procon, Banco Central e Reclame Aqui, com prejuízos que ultrapassam R$ 50 milhões aos clientes
Altas mais fortes no Norte e Nordeste
O Piauí lidera o ranking das maiores altas, com crescimento de 2,7 pontos percentuais na taxa de desocupação.
Em seguida, aparecem Amazonas (+1,7 p.p.), Ceará e Pará (ambos com +1,5 p.p.), e Pernambuco (+1,4 p.p.). Todos esses estados estão localizados nas regiões Norte e Nordeste.
Outros estados com crescimento expressivo no desemprego são Minas Gerais (+1,4 p.p.), Rio Grande do Norte (+1,3 p.p.), Maranhão (+1,3 p.p.), Rio de Janeiro (+1,1 p.p.), Mato Grosso (+1 p.p.), Paraná (+0,8 p.p.) e Rio Grande do Sul (+0,7 p.p.).
Nas demais 15 unidades da federação, o desemprego permaneceu estatisticamente estável, sem variações significativas.
Piores taxas continuam concentradas no Nordeste
Os maiores índices de desemprego do país continuam sendo registrados na região Nordeste. Pernambuco tem a taxa mais alta, com 11,6%. Em seguida estão a Bahia (10,9%) e o Piauí (10,2%).
No outro extremo, Santa Catarina lidera com a menor taxa de desocupação, de apenas 3%. Rondônia aparece em segundo lugar, com 3,1%, e Mato Grosso completa o trio com 3,5%.
Os dados reforçam as disparidades regionais no mercado de trabalho brasileiro. Estados do Sul e do Centro-Oeste registram níveis menores de desemprego, enquanto o Nordeste concentra boa parte das taxas mais elevadas.
Informalidade cresce nas regiões mais afetadas
A desigualdade também aparece nos números da informalidade. No primeiro trimestre de 2025, 38% da população ocupada no país estava em atividades informais, como trabalhos sem carteira assinada ou sem CNPJ.
As maiores taxas foram observadas no Maranhão (58,4%), Pará (57,5%) e Piauí (54,6%). Todos esses estados também apresentaram aumento no desemprego.
Ao todo, sete estados registraram informalidade acima de 50%, número apenas levemente inferior ao do mesmo período de 2024, quando eram oito.
Já os menores índices de informalidade estão em Santa Catarina (25,3%), Distrito Federal (28,2%) e São Paulo (29,3%).
Emprego com carteira assinada ainda é exceção em algumas regiões
O IBGE também revelou dados sobre o percentual de trabalhadores com carteira assinada no setor privado. A média nacional foi de 74,6%. No entanto, essa taxa varia muito entre os estados.
Os maiores percentuais foram observados em Santa Catarina (87,8%), São Paulo (83,4%) e Rio Grande do Sul (81,5%). Em contrapartida, Maranhão (51,8%), Piauí (52,0%) e Pará (55,1%) registraram os menores índices.
Segundo William Kratochwill, analista do IBGE, essas diferenças refletem a presença mais fraca de empresas de grande porte em regiões com maior informalidade e desemprego.
Renda sobe em poucos estados
Mesmo com o aumento do desemprego em 12 estados, a renda média do trabalho no país cresceu no trimestre. O valor chegou a R$ 3.410 por mês, um recorde na série histórica da pesquisa. O avanço foi de 1,2% em relação ao trimestre anterior.
Contudo, apenas três estados apresentaram aumento significativo na renda: Rio de Janeiro (6,8%), Santa Catarina (5,8%) e Pernambuco (4,7%). Nos demais, a variação ficou dentro da margem de estabilidade.
De acordo com o IBGE, esses três estados têm peso suficiente para influenciar a média nacional, ao contrário de estados menores, cujas variações têm impacto mais limitado.
Apesar do crescimento do desemprego ser considerado sazonal, com aumento típico após o fim dos contratos temporários de fim de ano, os dados do IBGE mostram que as diferenças entre os estados continuam marcantes.
Enquanto algumas regiões mantêm níveis baixos de desocupação, alta formalização e avanço na renda, outras enfrentam um cenário mais difícil, com desemprego elevado, forte informalidade e baixa presença de empregos com carteira assinada.
Essas desigualdades seguem sendo um dos principais desafios para o mercado de trabalho no Brasil.