Conhecido no Brasil como Sevel, o motor Fiat SOHC (Single OverHead Camshaft) tem uma rica história, desde sua criação na Itália até sua fama de durabilidade e capacidade de atingir altos giros. Descubra tudo sobre o lendário motor Fiat Sevel.
O motor Fiat Sevel, como ficou popularmente conhecido no Brasil, é na verdade parte da família de motores Fiat SOHC, um projeto italiano que marcou presença nas ruas e pistas da Europa, Argentina e também em solo brasileiro. Lançada no final dos anos 60, essa família de motores rapidamente ganhou reputação pela sua robustez, simplicidade construtiva e, especialmente, pela sua notável capacidade de atingir altos giros, uma característica apreciada por entusiastas.
Importados da Argentina, onde eram produzidos pela empresa Sevel (Sociedad Europea de Vehículos para América Latina), esses motores equiparam modelos icônicos da Fiat no Brasil durante os anos 80 e 90. Vamos conhecer a história, as características e o legado deste fabuloso motor Fiat Sevel.
O nascimento do motor Fiat SOHC pelas mãos de Aurelio Lampredi
A história do motor Fiat Sevel começa na Itália, no final dos anos 60. A Fiat desenvolveu a família de motores SOHC (Comando de Válvulas Simples no Cabeçote), com lançamento em 1969, sob a batuta do renomado engenheiro Aurelio Lampredi – que também projetou motores para a Ferrari e a família Fiasa para a Fiat do Brasil. Inicialmente, o SOHC foi projetado para o compacto Fiat 128.
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Este motor era muito moderno para a época: quatro cilindros em linha, cabeçote em alumínio, bloco em ferro fundido, comando no cabeçote acionado por correia dentada e duas válvulas por cilindro. Suas primeiras versões, 1.1L e 1.3L, eram “superquadradas” (diâmetro do pistão maior que o curso), projetadas para desenvolver altos giros, atendendo à preferência do público italiano.
Chegada à Argentina e a origem do nome “Sevel” para o popular motor Fiat SOHC
No início dos anos 70, os motores SOHC chegaram à Argentina, produzidos pela Fiat Concord para equipar o Fiat 128 local. Rapidamente ganharam excelente reputação por serem simples, robustos, confiáveis e com bom desempenho. Em 1981, uma reestruturação na indústria argentina levou à fusão da Fiat Concord com o grupo Safrar (representante da Peugeot), fundando a Sevel Sud (Sociedad Europea de Vehículos para América Latina).
Curiosamente, um grupo europeu de mesmo nome (Sevel Nord) já existia como uma joint-venture entre Peugeot, Citroën e Fiat para veículos comerciais. A Sevel Sud argentina, comprada em 1982 pelo empresário Franco Macri, passou a produzir automóveis comuns e até picapes Chevrolet C10. Foi devido à produção nesta fábrica que o motor SOHC da Fiat ficou conhecido no Brasil como motor Fiat Sevel.
O motor Fiat Sevel no Brasil: do Uno 1.5R e 1.6R ao sonho de consumo do Uno Turbo i.e.
No final dos anos 80, a versão 1.5L do motor Fiat Sevel, já feita na Argentina, começou a ser exportada para o Brasil. Equipou modelos como o Fiat Uno 1.5R, Prêmio e Elba, e sua versão a álcool desenvolvia 86 cavalos. O Uno 1.5R, com este motor, era considerado ágil para a época. Logo em 1990, chegou a versão 1.6L, também argentina, que equipou o Uno 1.6R (com até 88 cavalos no álcool), Prêmio, Elba e a picape Fiorino. Em 1993, o motor 1.6 recebeu injeção eletrônica (Uno 1.6R MPI com 94 cavalos).
O auge da esportividade veio com o Uno Turbo i.e., lançado em 1994. Seu motor 1.4L turbo de 118 cavalos, embora importado da Itália, pertencia à mesma família SOHC e transformou o compacto em um ícone, superando rivais da época.
Por que o motor Fiat Sevel é considerado tão robusto e confiável?
A simplicidade do projeto original SOHC, aliada à qualidade de sua construção, garantiu ao motor Fiat Sevel uma sólida reputação de durabilidade e confiabilidade. Na Argentina, ele é comparável ao Volkswagen AP no Brasil em termos de popularidade para preparação, sendo conhecido por suportar altos regimes de giro (até 10.000 RPM em projetos extremos) e por ter um bloco reforçado que aceita aumento de cilindrada (kits “stroker”).
Uma forma de diferenciar visualmente o motor Fiat Sevel do motor Fiasa (outra família popular da Fiat na época) é observar a posição dos coletores: no Sevel, admissão e escape ficam próximos à cabine, enquanto no Fiasa ficam na frente, perto do radiador.
Dos motores “Corsa Lunga” (Torque) ao fim da era Sevel no Brasil
Na segunda metade dos anos 90, a Fiat desenvolveu motores conhecidos como “Corsa Lunga” (curso longo) ou “Torque”, que usavam o projeto SOHC como base. Esses motores eram DOHC (duplo comando) com quatro válvulas por cilindro e visavam maior torque e economia, equipando modelos como Palio e Brava no Brasil.
Uma versão 1.9L 16V do “Corsa Lunga”, novamente superquadrada e desenvolvida para o mercado brasileiro, equipou o Fiat Linea a partir de 2008, desenvolvendo 132 cavalos no etanol. Contudo, sua produção durou pouco, sendo substituído em 2010 pelo motor E.torQ 1.8L 16V. Contando desde o primeiro SOHC dos anos 60, a família de motores teve mais de 40 anos de produção, sendo um dos grandes responsáveis por popularizar os modelos da Fiat, especialmente na Argentina, e deixando sua marca também no Brasil com o nome motor Fiat Sevel.