A praticagem nacional não é um assunto muito comum de ser abordado, mas é uma profissão extremamente importante para a navegação comercial no Brasil
A profissão de prático no Brasil é uma atividade importantíssima para a navegação comercial no país. No entanto, há muita desinformação sobre os salários e custos associados a essa profissão. Nesta matéria, esclarecemos alguns pontos importantes sobre os práticos brasileiros e seu papel no transporte marítimo, conforme o site Sociedade Militar.
Um dos equívocos comuns é a ideia de que os práticos no Brasil recebem salários mensais. Na realidade, eles não têm vencimentos definidos e obrigatórios de um empregador. Em vez disso, são selecionados por meio de um processo seletivo público conduzido pela Marinha do Brasil para trabalhar em uma atividade comercial privada, na qual o armador do navio paga pelos serviços de praticagem.
Após serem habilitados, os práticos têm a opção de abrir sua própria empresa de praticagem ou se associar a uma já existente na zona para a qual foram habilitados. Como sócios dessas empresas, eles não recebem salários fixos, mas sim uma parte dos lucros após o pagamento dos custos relacionados à prestação do serviço.
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Variação de ganhos e realidades diferentes
A afirmação de que os práticos ganham entre “R$ 50 mil mensais a R$ 300 mil por mês” é imprecisa, pois implicaria em vencimentos fixos e obrigatórios, o que não é o caso da praticagem. Os ganhos dos práticos variam significativamente dentro de uma mesma zona de praticagem e entre zonas diferentes, dependendo do número de navios atendidos durante um determinado período.
Enquanto nas maiores cidades portuárias do Brasil as empresas de praticagem tendem a ser lucrativas, essa não é a realidade em todos os lugares. Em portos menores, com menos movimentação de navios, as empresas podem não ter recursos suficientes para cobrir seus custos operacionais. Em alguns casos, isso pode até levar à extinção da zona de praticagem, como aconteceu com as praticagens de Camocim, Ilhéus e Sergipe.
Custo da Praticagem vs. Eficiência do Serviço
Apesar das discussões sobre os custos da praticagem, é importante considerar a eficiência e os benefícios que esse serviço oferece ao sistema portuário brasileiro. Em 2021, o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) analisou o custo da praticagem em relação à exportação de soja, um dos principais produtos do agronegócio brasileiro.
O estudo revelou que, no Porto de Santos, o custo da praticagem é de R$ 0,70 por tonelada de soja transportada. Isso é significativamente mais baixo do que os custos em portos com características similares em outros países, como Argentina e Estados Unidos. Em Quequén e Bahía Blanca, na Argentina, o serviço custa R$ 0,79 e R$ 1,53 por tonelada, respectivamente. Em Norfolk, nos Estados Unidos, o preço praticado é de R$ 1,25 por tonelada.
Além disso, o valor da praticagem no Brasil é muito inferior aos custos cobrados pelo terminal portuário para embarcar a carga e pelo proprietário do navio para transportá-la.
Em resumo, os práticos desempenham um papel fundamental no transporte marítimo brasileiro, garantindo a segurança e eficiência das operações portuárias. Embora haja variação nos ganhos dos práticos e discussões sobre custos, a praticagem no Brasil continua sendo uma parte essencial da infraestrutura logística do país.