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Irlanda tem R$ 86 bilhões e não sabe o que fazer com montante. Entenda!

Escrito por Roberta Souza
Publicado em 11/09/2024 às 20:06
Irlanda, Apple, impostos
Foto: reprodução InfoMoney

País se prepara para decidir o destino de fundos de impostos recebidos da gigante Apple enquanto enfrenta crises internas

A Irlanda se depara com uma situação inusitada: administrar um montante de € 13,8 bilhões (aproximadamente R$ 86 bilhões) que receberá da Apple, conforme determinado pelo Tribunal de Justiça da União Europeia (UE). O valor corresponde a impostos que, segundo o tribunal, foram indevidamente não cobrados pela Irlanda, favorecendo a gigante tecnológica com incentivos fiscais que violavam as leis de auxílio estatal da UE, de acordo com o site InfoMoney.

Apesar da condenação, o governo irlandês sempre defendeu que a Apple não devia os impostos, alegando que o país não concede tratamento fiscal preferencial a nenhuma empresa. No entanto, após a decisão final do tribunal, a Irlanda agora enfrenta o desafio de decidir como utilizar essa quantia substancial, o que pode gerar fortes debates políticos e sociais.

Fundos em custódia e os próximos passos

Os € 13,8 bilhões foram colocados em uma conta de custódia desde a decisão inicial em 2016 e geraram juros ao longo dos anos. Em 2023, o montante cresceu cerca de € 400 milhões, aumentando a pressão sobre o governo irlandês para definir o destino do dinheiro. O valor representa cerca de 15% do orçamento anual da Irlanda, o que significa um impacto significativo nas contas públicas.

Foto: Tribuna do Sertão

Segundo o ministro das Finanças, Jack Chambers, o processo de transferência dos fundos será complexo e poderá levar meses para ser concluído. Ele destacou que o governo discutirá com líderes partidários quais serão os próximos passos para a alocação desse recurso. No entanto, Chambers afirmou que os gastos do orçamento de 2025, que será anunciado em 1º de outubro, já estão definidos e que essa quantia não influenciará as decisões orçamentárias.

Debates e pressões políticas

Com as eleições se aproximando, a chegada desse recurso coloca o governo irlandês em uma posição delicada. A oposição pressiona por debates parlamentares sobre como o dinheiro deve ser utilizado, destacando as prioridades sociais do país. A Irlanda enfrenta uma crise habitacional grave, com preços de imóveis fora do alcance da maioria da população e um número recorde de pessoas sem moradia.

A líder do Partido Trabalhista, Ivana Bacik, sugeriu em uma postagem nas redes sociais que os recursos poderiam ser usados para a criação de um fundo habitacional de longo prazo, destinado a solucionar a falta de moradias. A demanda por soluções urgentes nessa área, somada ao montante financeiro disponível, coloca o governo sob uma pressão adicional para dar uma resposta rápida e eficiente.

Especialistas acreditam que será difícil para o governo dizer “não” às demandas populares, especialmente em um período pré-eleitoral. Aidan Regan, professor de política e relações internacionais da University College Dublin, comentou que o governo será pressionado a agradar os eleitores, e qualquer decisão poderá influenciar diretamente o resultado das próximas eleições.

Superávit e fundo soberano

A Irlanda está em uma posição privilegiada em comparação com outros países europeus, pois possui um superávit orçamentário raro. Isso se deve, em grande parte, à forte presença de multinacionais no país, como Apple, Meta e Alphabet, atraídas por sua política de impostos corporativos baixos. Esse modelo econômico gerou um aumento significativo na arrecadação de impostos sobre as empresas, o que tem permitido ao governo planejar um fundo soberano que poderá alcançar € 100 bilhões.

Apesar dessa saúde fiscal, os € 13,8 bilhões vindos da Apple ainda são uma quantia expressiva, especialmente para um país de tamanho relativamente pequeno como a Irlanda. O governo terá que equilibrar a utilização do recurso sem criar distorções na economia, ao mesmo tempo em que atende às demandas da população e se mantém competitivo no cenário internacional.

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Roberta Souza

Engenheira de Petróleo, pós-graduada em Comissionamento de Unidades Industriais, especialista em Corrosão Industrial. Entre em contato para sugestão de pauta, divulgação de vagas de emprego ou proposta de publicidade em nosso portal. Não recebemos currículos

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