Descobrir quais são os idiomas mais difíceis do mundo revela curiosidades sobre sons, alfabetos e estruturas gramaticais que fogem totalmente do que conhecemos. Para os estudiosos, a distância cultural e linguística é um fator decisivo nesse desafio.
Aprender um idioma estrangeiro exige tempo e persistência. Para algumas línguas, porém, a curva de aprendizagem é especialmente íngreme: sistemas de escrita próprios, tons que alteram o sentido das palavras e gramáticas com múltiplos casos ou níveis de formalidade elevam o grau de dificuldade para quem começa do zero.
Especialistas em linguística costumam apontar um conjunto de dez idiomas que se destacam por esses desafios.
Enquanto a proximidade com a língua materna facilita o caminho, estruturas muito distantes do português e do inglês pedem mais horas de estudo e exposição cultural.
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Não há consenso único sobre um ranking definitivo, mas há concordância quanto às características que tornam determinadas línguas mais árduas para estrangeiros.
Como a linguística avalia a dificuldade das línguas
A avaliação leva em conta fatores combinados. Na fonologia, entram em jogo inventários sonoros diferentes, presença de tons e contrastes de consoantes incomuns.
Na morfologia e na sintaxe, pesam a quantidade de casos gramaticais, flexões verbais, ordem das palavras e o uso de partículas.
Já os sistemas de escrita podem exigir o domínio de centenas ou milhares de sinais, além de regras específicas de caligrafia, segmentação de palavras e pontuação. Outro ponto decisivo é a variação entre linguagem formal e coloquial.
Há idiomas em que o registro usado na mídia, em livros e na administração pública se afasta bastante da fala cotidiana, o que duplica o esforço de quem estuda.
Idiomas mais difíceis de aprender no mundo
Mandarim (chinês)
Frequentemente citado como o mais desafiador, o mandarim combina milhares de caracteres de origem logográfica com um sistema de quatro tons principais (além do tom neutro) que muda completamente o significado de sílabas iguais.
A escrita não indica diretamente a pronúncia, e a memorização de caracteres para leitura fluente exige prática constante.
A segmentação das palavras no texto, sem espaços, acrescenta outra camada de complexidade.
Árabe
A língua árabe utiliza um alfabeto próprio escrito da direita para a esquerda e com formas de letra que variam conforme a posição na palavra.
As vogais curtas costumam ser omitidas na ortografia corrente, o que demanda forte familiaridade com o vocabulário para leitura precisa.
Soma-se a isso a coexistência entre o árabe padrão moderno e uma ampla rede de dialetos regionais, em geral bastante diferentes entre si no léxico e na fonética.
Japonês
O japonês mobiliza três sistemas de escrita em paralelo: kanji (caracteres de origem chinesa), hiragana e katakana.
O domínio prático requer alternar entre eles com naturalidade. Na gramática, a ordem das palavras, as partículas e os níveis de formalidade — incluindo o keigo, linguagem honorífica — pedem atenção constante ao contexto social. A leitura de jornais e romances pressupõe um repertório amplo de kanji.
Coreano
O hangul é um alfabeto fonético projetado de forma lógica, o que facilita a alfabetização inicial.
Ainda assim, a língua apresenta uma morfologia de aglutinação de sufixos e um sistema de honoríficos que altera verbos e vocabulário conforme a relação entre interlocutores.
A fonologia inclui contrastes de consoantes e padrões de vogais que não existem no português, além de regras de assimilação importantes para a pronúncia natural.
Russo
Escrito no alfabeto cirílico, o russo tem uma gramática com seis casos e flexões que afetam substantivos, adjetivos e pronomes.
O aspecto verbal (perfeito e imperfeito) é central para expressar tempo e completude das ações, o que demanda reaprender categorias verbais a partir de outra lógica.
A alternância de sons em raízes e sufixos complica a memorização inicial de paradigmas.
Húngaro
Frequentemente citado como um dos idiomas mais difíceis da Europa, o húngaro utiliza 18 casos gramaticais e uma morfologia rica em sufixos.
A harmonia vocálica organiza a escolha dos afixos, e a ordem das palavras é flexível, guiada pela ênfase informativa da frase.
O vocabulário tem origem fino-úgrica, com pouca transparência para falantes de línguas indo-europeias, o que reduz os falsos cognatos úteis ao aprendizado.
Finlandês
Também pertencente à família fino-úgrica, o finlandês costuma ser apontado por sua flexão nominal com cerca de 15 casos e por um sistema verbal que combina tempos, modos e voz com grande regularidade interna.
A ortografia é previsível, mas a prosódia — como o alongamento de vogais e consoantes — muda o significado das palavras.
A distância lexical em relação ao português exige aquisição de vocabulário a partir de contextos autênticos.
Polonês
A língua polonesa se destaca por agrupamentos de consoantes e sons sibilantes que desafiam a pronúncia de iniciantes.
A gramática inclui sete casos e flexões abundantes, enquanto a ortografia preserva distinções históricas que nem sempre são intuitivas para estrangeiros. A acentuação fixa em geral na penúltima sílaba ajuda, mas exceções frequentes pedem atenção.
Tailandês
O tailandês é uma língua tonal com cinco tons, em que variações melódicas alteram o significado de sílabas iguais.
A escrita utiliza um alfabeto próprio, sem espaços firmes entre palavras na grafia tradicional, o que torna a segmentação parte do processo de leitura.
Regras de combinação entre consoantes, vogais e marcas tonais impõem uma curva inicial de estudo focada em decodificação.
Islandês
Conservador em termos históricos, o islandês preserva estruturas antigas e um sistema de flexões amplo para nomes e adjetivos.
A fonologia inclui encontros consonantais e vogais com qualidades específicas, além de um vocabulário que pouco se aproxima do português moderno.
A política linguística do país privilegia a criação de neologismos internos, o que mantém a língua coesa, porém menos transparente para quem chega de fora.
O que torna o aprendizado tão desafiador
A distância estrutural em relação ao português e ao inglês está no centro da dificuldade.
Quando a escrita não indica a pronúncia de forma direta, como no mandarim e no japonês, o estudante precisa de muita leitura para fixar padrões.
Quando há tons, como no tailandês, a audição e a fala exigem treino fino de percepção.
Em línguas com muitos casos, como húngaro, finlandês, polonês e russo, a sintaxe se reorganiza e a concordância ganha peso na construção de sentido.
Outro elemento é o contexto sociolinguístico. No árabe e no japonês, o domínio funcional pede transitar entre registros formais e informais, cada um com vocabulário e estruturas próprios.
No coreano, as marcas honoríficas fazem parte da competência comunicativa, não apenas de etiqueta.
Já no islandês, a opção por preservar formas antigas aumenta a previsibilidade interna, mas exige fôlego para memorizar paradigmas pouco familiares.
Ainda que o esforço seja elevado, a recompensa costuma ir além da proficiência.
O contato com sistemas de escrita distintos amplia a compreensão sobre como as línguas organizam o mundo.
A exposição a fonologias inéditas refina a percepção auditiva. E a imersão em tradições culturais diferentes abre portas acadêmicas e profissionais. Qual desses desafios você encararia primeiro e por quê?