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Mercados de polímeros da América Latina entrarão em 2021 com sentimento otimista

Escrito por Paulo Nogueira
Publicado em 04/12/2020 às 06:13
América Latina Polimeros Mercado Economia

A América Latina deve começar 2021 com otimismo em relação à pandemia do coronavírus, já que a comunidade científica sinaliza que as vacinas podem ficar prontas mais rápido do que o previsto.

A região foi uma das mais afetadas durante o primeiro semestre de 2020 e teve uma rápida recuperação no segundo semestre do ano, tendência que deve continuar no primeiro semestre de 2021.

A pandemia surpreendeu todos os players, mas os impactos negativos esperados para as economias locais foram revisados ao longo do ano, à medida que os governos tomavam medidas para mitigar a crise. O consumo de plástico está registrando uma forte demanda entrando no primeiro semestre de 2021, após se recuperar de uma retração inicial.

O Fundo Monetário Internacional revisou sua estimativa de crescimento do PIB brasileiro em 2021 de 3,6% para 2,8%, após revisar suas estimativas para 2020 de queda de 9,1% para 5,8%. Outras economias regionais, como Argentina e Chile, tiveram medidas de bloqueio mais fortes e recuperações econômicas mais lentas, mas devem entrar em 2021 com uma melhora no consumo, à medida que as indústrias voltam aos níveis pré-pandêmicos. O FMI estima que o PIB da América Latina cairá 8,1% em 2020 e crescerá 3,6% em 2021.

Essas perspectivas melhoradas podem ser vistas nos mercados de polímeros da América Latina para o próximo ano também.

Os players do mercado acreditam que o setor automotivo da América Latina pode impulsionar o consumo de polipropileno em 2021. No Brasil e na Argentina, os níveis de produção de veículos se recuperaram desde maio e se normalizaram a partir de agosto, enquanto as associações oficiais evitaram fazer previsões para 2021. Os setores viram a atividade quase paralisada em abril em meio a pausas generalizadas para conter a disseminação do coronavírus.

“Os preços do polipropileno se manterão melhores do que o do polietileno, mas devem cair US$ 100/mt ou mais nos próximos seis meses”, disse Robert Stier, líder sênior de petroquímicos da S&P Global Platts Analytics.

O setor de construção latino-americano também parou no início da pandemia, mas logo viu uma forte recuperação. O setor deve impulsionar o consumo de plásticos ao longo do primeiro trimestre com a retomada dos projetos de infraestrutura.

Em 2021, as taxas de execução petroquímica e a demanda em toda a região devem ver aumentos em comparação com 2020.

“Esperamos que os fundamentos do etileno e polietileno da América do Sul sejam muito semelhantes a 2019 no que diz respeito às taxas de operação da planta e ao comércio líquido de polietileno”, disse Stier.

Demanda maior, estoque menores

A luta do setor industrial com a falta de matéria-prima era esperada para se estender até o início de 2021 antes da normalização. A alta demanda no segundo semestre de 2020 entrou em conflito com os baixos estoques de resina dos distribuidores, levando a preços mais fortes para o material importado e doméstico em toda a região.

Os preços do polietileno no Brasil e nos mercados de importação da Costa Oeste da América do Sul devem cair no primeiro semestre de 2021, segundo Stier, depois de cair desde o início de novembro em relação às altas históricas em setembro e outubro.

“Até junho, os preços do polietileno devem cair até US$ 200/mt em relação aos altos níveis atuais, que são resultado das interrupções globais que começaram com o furacão Laura no final de agosto”, comenta o líder sênior de petroquímicos da S&P Global Platts Analytics.

Os mercados de importação de polietileno do Brasil e da Costa Oeste da América do Sul mostraram uma rápida recuperação em forma de V, enquanto os preços ficaram para trás. Entre maio e junho, os preços atingiram mínimas recordes para ambas as regiões antes de disparar para níveis recordes.

Os participantes do mercado não veem espaço para aumentos nos preços domésticos do polietileno no Brasil no início de 2021.

As resinas de polietileno atingiram preços domésticos recordes no Brasil em novembro, refletindo os maiores valores no mercado de importação e a forte desvalorização da moeda brasileira, o Real.

Alguns players, no entanto, estavam preocupados com o fato de as empresas ainda estarem reabastecendo os estoques, possivelmente levando a uma recuperação dos preços.

A expectativa para 2021 é de valores monetários mais estáveis em toda a região, um elemento importante para considerar as importações de polímeros.

O Banco Central do Brasil vê a taxa de câmbio para o Real encerrando 2021 em R$ 5,20 / US$ 1 e, ao mesmo tempo, a taxa de juros anual local subindo 1 ponto percentual, para 3% dos atuais 2%. A incerteza da pandemia fez com que o Real fosse uma das moedas mais desvalorizadas do mundo em 2020. A taxa de câmbio começou 2020 em R$ 4,01 / US$ 1, considerado alto na época, mas ultrapassou R$ 5,80 / US$ 1 no primeiro semestre.

O Brasil não foi o único a enfrentar a desvalorização da moeda. A moeda da Argentina desvalorizou mais de 30% e a da Colômbia mais de 17%. As moedas no Chile e no Peru foram menos afetadas.

Na região do Mercosul, distribuidores e traders locais acreditam que a disponibilidade limitada do produto pode continuar até janeiro, enquanto esperam que a situação seja resolvida em breve, pois os materiais extra-zona estão ganhando participação de mercado. A região era abastecida principalmente por produtores regionais do Brasil e da Argentina; os preços altos não eram o problema, pois a disponibilidade se tornou nula durante a segunda metade de 2020.

*Analise sob a ótica de especialistas da Global Platts

Paulo Nogueira

Com formação técnica, atuei no mercado de óleo e gás offshore por alguns anos. Hoje, eu e minha equipe nos dedicamos a levar informações do setor de energia brasileiro e do mundo, sempre com fontes de credibilidade e atualizadas.

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