A Índia acaba de alcançar um marco histórico no setor ferroviário ao testar um trem movido a hidrogênio com impressionantes 1.200 cavalos de potência.
A Índia está prestes a entrar para a história com um feito inédito no setor ferroviário. O país iniciou os testes com o trem movido a hidrogênio mais potente do mundo, que promete revolucionar o transporte público e reduzir as emissões de poluentes.
Com 1.200 cavalos de potência, o novo modelo supera com folga os trens europeus que utilizam a mesma tecnologia, geralmente com motores de 500 a 600 cavalos.
Potência e capacidade inéditas do trem movido a hidrogênio
O novo trem começou a ser testado na rota entre Jind e Sonipat, no estado de Haryana. Fabricado pela Integral Coach Factory (ICF), em Chennai, ele representa um avanço técnico e simbólico importante.
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O veículo é composto por um vagão de passageiros e dois vagões de armazenamento de hidrogênio. Pode atingir até 110 km/h e transportar até 2.638 passageiros — um número expressivo para esse tipo de composição.
Essa potência elevada não é comum em trens movidos a hidrogênio. Por isso, o modelo indiano estabeleceu um novo padrão mundial. É uma aposta do país para unir inovação, sustentabilidade e mobilidade de massa.
Ajustes técnicos adiam cronograma
Apesar dos bons resultados iniciais, o projeto ainda enfrenta desafios técnicos. Especialistas identificaram a necessidade de melhorar a eficiência das células de combustível, principalmente quando o trem opera com carga máxima.
Por isso, o lançamento comercial, inicialmente previsto para dezembro de 2024, foi adiado para meados de 2025.
Essa mudança afeta diretamente os planos de colocar o trem em operação na famosa rota Kalka-Shimla, um trajeto turístico de alto valor histórico e ambiental. Ainda assim, o governo mantém o otimismo e segue investindo pesado na iniciativa.
“Hidrogênio para o Patrimônio”: um programa nacional
O trem faz parte de um programa maior, chamado “Hidrogênio para o Patrimônio”. A ideia é usar trens movidos a hidrogênio em rotas turísticas e ecologicamente sensíveis, onde a eletrificação é difícil ou cara.
Para isso, o governo indiano destinou 280 bilhões de rúpias (cerca de US$ 336 milhões) à produção de 35 trens com essa tecnologia.
Além disso, estão previstos 60 bilhões de rúpias (aproximadamente US$ 72 milhões) para criar a infraestrutura de abastecimento de hidrogênio.
O foco está em regiões montanhosas ou de difícil acesso, onde o diesel ainda domina. A substituição por hidrogênio pode melhorar a qualidade do ar e reduzir ruídos nas comunidades locais.
Rumo à neutralidade de carbono
Esse esforço faz parte da estratégia nacional para zerar as emissões líquidas até 2030. A Índia vê o hidrogênio como uma das soluções mais promissoras para setores onde a eletrificação direta é difícil, como o ferroviário. E o governo já planeja ir além.
Está em desenvolvimento uma versão com oito vagões, que será o maior trem de passageiros movido a hidrogênio do mundo.
A nova composição manterá a mesma velocidade de 110 km/h e poderá atender um número ainda maior de usuários. O objetivo é mostrar que é possível escalar essa tecnologia para usos mais amplos.
Vantagens ambientais e econômicas
O trem de hidrogênio não emite gases de efeito estufa diretamente, desde que o hidrogênio utilizado seja de origem renovável.
Também reduz a poluição do ar e o barulho, especialmente em áreas protegidas e zonas rurais.
Além disso, ele diminui a dependência de combustíveis fósseis e ajuda a fortalecer a segurança energética. Se o hidrogênio for gerado a partir de fontes como o sol e o vento, a cadeia energética se torna mais limpa e local.
Esse tipo de inovação também movimenta setores estratégicos da economia, como o de transporte, energia e manufatura. É uma tecnologia que não só resolve problemas ambientais, mas também cria novas oportunidades industriais.
Futuro promissor
Apesar dos ajustes técnicos ainda em curso, o projeto indiano marca uma virada importante no uso de energia limpa no transporte de massa. O país aposta em uma transformação ampla, com foco na sustentabilidade e na inovação.
A próxima grande meta já está em vista: lançar o maior trem de passageiros a hidrogênio do mundo, com oito vagões, até o fim de 2025.