Com risco de escassez de diesel na Petrobras a partir de agosto, distribuidoras de combustíveis multiplicam suas licenças de importação
Diante do alerta sobre a escassez de diesel no país, os executivos do setor de diesel falam sobre precaução frente à oferta de importação mais apertada e à imprevisibilidade no fornecimento de diesel da Petrobras. A estatal identifica que os volumes de diesel fornecidos não têm acompanhado o aumento nos pedidos das empresas, mas não confirma os cortes arbitrários em encomendas firmes e diz ainda que pratica rateio da produção em linha com resolução da ANP.
A preocupação acerca da escassez de diesel na Petrobras e também diante das importações do combustível, se explica pelo agravamento das sanções contra a Rússia levando parte da Europa a migrar para o diesel substituindo o gás russo, ao passo que se inicia as férias de verão no hemisfério norte e a temporada de furacões nos Estados Unidos. A Petrobras, que depende 30% de importações, a demanda tende a crescer com o escoamento da safra agrícola.
As licenças de importação de diesel possuem validade de 90 dias renováveis também por 90 dias. Essas licenças não são uma “imunidade” de importação de diesel à frente, contudo agentes do setor dizem que a explosão dos números diz respeito ao momento do mercado de combustíveis, mostrando o esforço das empresas para importar volumes maiores de diesel ou, pelo menos, diferenciar sua origem à frente.
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A base de dados da ANP que diz sobre o fornecimento de combustível mostra que, entre a produção local e a importação, a Petrobras forneceu 81% do diesel do Brasil ou 13,6 milhões de metros cúbicos de combustível nos quatro primeiros meses do ano de 2022. O porcentual é abaixo do que foi fornecido pela estatal em 2019 (85,12%), o último ano antes da pandemia, com demanda doméstica mais estável.
Consumo de diesel
O consumo brasileiro de diesel, sendo parte vindo da Petrobras e parte importado, ascende, sobretudo, entre os meses de agosto e outubro, quando é apurado pela colheita e transporte da safra agrícola. Paralelamente, diz o estrategista de downstream da consultoria S&P Global, Felipe Perez, a demanda global de diesel no pós pandemia retorna mais rápido que a oferta.
Até o início da guerra na Rússia, cerca de 60% do diesel consumido pela Europa vinha da Rússia, porcentual em queda gradual devido ao encerramento de importação de diesel da Rússia. Segundo Perez, a alternativa natural da Europa é o diesel das refinarias do Oriente Médio e Ásia, mas as cargas americanas do Golfo do México também entram na alça de mira europeia.
Importação de diesel tem alta de 23,9%
Um levantamento feito pelo Ipea, tendo como base os dados da ANP, mostra que a importação de diesel nos primeiros quatro meses de 2022 foi de 4,7 milhões de metros cúbicos e supera em 23,9% o registrado no mesmo período de 2021 e em 41,6% o de 2019, o último ano sem pandemia. Em 2021, o Brasil consumiu 62 milhões de metros cúbicos de diesel, sendo uma parte advinda da Petrobras. Essa porcentagem inclui um volume de biodiesel adicionado à mistura. Desse volume, 14,4 milhões ou 23,3% do total foram importados.
O andamento da importação de diesel comparado ao consumo é maior em 2022. De acordo com os dados da ANP, entre janeiro e maio esse número chega a 26,8%, o percentual mais alto da série que foi iniciada em 2017 para o período. Em 2020, essa dependência da Petrobras em diesel até maio era de 24% e, em 2019, de 21,8%. A parte da Petrobras no volume de diesel importado até maio é de 35,4%, próximo ao que se via em 2019 (35,7%), mas abaixo dos 42,6% de 2021.