Parceria estratégica: Marinha do Brasil e Emirados Árabes firmam acordo para investir R$ 670 milhões no desenvolvimento do poderoso míssil Mansup, com alcance de 200 km, que equipará a Classe Tamandaré
A Marinha do Brasil deu um importante passo no desenvolvimento de tecnologia militar ao assinar, nesta terça-feira, um acordo estratégico com o Grupo Edge em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. Esse acordo visa concluir o desenvolvimento do míssil brasileiro Mansup, que terá um alcance de até 70 quilômetros, além de sua versão estendida, o Mansup-ER, com capacidade de atingir alvos a até 200 quilômetros.
O objetivo principal é entregar as primeiras unidades desse míssil em 2025. O projeto é uma colaboração entre o Brasil e a Arábia Saudita, com foco em ampliar as capacidades de defesa dos dois países.
Acordo entre a Marinha do Brasil e o Grupo Edge
Esse acordo representa um marco, pois estabelece a primeira parceria em que o Brasil compartilha a propriedade intelectual de um projeto de armamento com um país estrangeiro.
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A Marinha do Brasil está responsável pelo projeto do míssil, enquanto o Grupo Edge, com um investimento de US$ 120 milhões, será responsável pelo financiamento e parte do desenvolvimento tecnológico.
O Grupo Edge, que adquiriu 50% da empresa brasileira SIATT em 2023, já participou dos testes do Mansup, que alcança até 70 quilômetros, com cinco lançamentos bem-sucedidos.
O projeto é de extrema importância para a Marinha do Brasil, pois garante o desenvolvimento do míssil a tempo de equipar as novas fragatas da Classe Tamandaré, a primeira das quais deverá entrar em operação também em 2025.
A Tamandaré será a primeira de quatro fragatas sendo construídas no Brasil, em Itajaí, Santa Catarina, e terá o Mansup como parte de seus sistemas de armas.
Míssil brasileiro Mansup e sua versão estendida
O acordo estabelece que o Grupo Edge e a SIATT fornecerão os recursos necessários para garantir que o míssil seja entregue a tempo e também para permitir que a tecnologia e os dados técnicos do míssil brasileiro Mansup sejam usados no desenvolvimento do Mansup-ER.
Ao todo, US$ 20 milhões serão investidos na conclusão da versão padrão, e US$ 100 milhões no desenvolvimento da versão de longo alcance.
Outro ponto importante do acordo é a sublicença futura para o Grupo Edge produzir e comercializar o Mansup-ER. Enquanto a Edge será proprietária da propriedade intelectual dos novos componentes desenvolvidos, a Marinha do Brasil permanecerá com os direitos sobre as partes já desenvolvidas do Mansup que serão usadas na versão ER. Esse compartilhamento de tecnologia abre portas para futuros projetos conjuntos.
Rodrigo Torres, diretor financeiro do Grupo Edge, destacou a importância da colaboração entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos, mencionando os benefícios para os setores de defesa dos dois países e o potencial para geração de empregos e crescimento industrial.
A parceria, segundo ele, vai além do desenvolvimento de mísseis, promovendo inovação tecnológica em diversos setores.
Arábia Saudita e o fortalecimento da parceria com o Brasil
A produção dos mísseis será realizada nas instalações da SIATT em São Paulo. A empresa já firmou contratos para a entrega dos mísseis tanto para a Marinha do Brasil quanto para o Ministério da Defesa dos Emirados Árabes, este último com valor estimado em € 400 milhões.
O Grupo Edge, além de participar da modernização da marinha de Angola, também está envolvido em um projeto de € 1 bilhão que inclui a construção de corvetas e barcos interceptadores, e Angola deve se tornar um dos clientes do Mansup.
O míssil brasileiro Mansup e sua versão ER também têm grande potencial de exportação para países da América do Sul, como Chile, Equador e Peru, além de clientes na África e na Ásia, incluindo Egito, Malásia, Filipinas e Indonésia.
A versão ER, com maior alcance, será até 30% mais barata que o míssil francês Exocet, seu principal concorrente no mercado internacional.
Além do Mansup, o Grupo Edge e a SIATT planejam desenvolver um Míssil Tático de Cruzeiro (MTC) com alcance de 300 quilômetros, utilizando o conhecimento adquirido no desenvolvimento do Mansup.
A estimativa é que esse projeto leve dois anos, com um investimento de US$ 60 milhões. O Exército Brasileiro também está desenvolvendo uma arma semelhante em parceria com a Avibras, que enfrenta dificuldades financeiras, com dívidas que chegam a quase R$ 1 bilhão.
Esse acordo com a Arábia Saudita, por meio do Grupo Edge, não apenas fortalece as capacidades da Marinha do Brasil, mas também coloca o país em uma posição estratégica no mercado global de armamentos, consolidando o míssil brasileiro Mansup como uma das principais inovações da indústria de defesa.