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Grafeno no mercado de armas ganha corpo no Brasil e entusiasma Bolsonaro

Escrito por Junior Aguiar
Publicado em 12/07/2021 às 09:51
Atualizado em 13/07/2021 às 09:32

O desenvolvimento de tecnologias à base de grafeno vai impulsionar mercado de armas no Brasil. Entenda como as aplicações acontecem.

O grafeno no mercado de armas começa a ganhar corpo no Brasil. A empresa Taurus, uma das maiores fabricantes de armamento leve do planeta, oficializou em 2021 um convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS) para realizar pesquisa e desenvolvimento de armamentos com esse material, que é constituído de uma camada extremamente fina de grafite.

À base de carbono, leve, maleável, resistente ao impacto e à flexão, o grafeno é 200 vezes mais resistente do que o aço. Supera até mesmo o diamante, segundo especialistas em investimentos em tecnologia. E pode ser adicionado à composição de vários produtos industriais, sendo um desses produtos o setor de armamento e Defesa.

A parceria entre a Taurus e a UCS acontece através da UCSGraphene, primeira e maior planta de produção de grafeno em escala industrial da América Latina. A estrutura permitirá a rápida realização de testes e desenvolvimento de protótipos de armas.

Nessa sexta-feira (09), o presidente da república, Jair Bolsonaro, fez questão de estar presente na solenidade que também foi marcada pela abertura da primeira Feira Brasileira do Grafeno, que possibilita o contato entre empresas interessadas em utilizar o material em seus negócios.

Na ocasião, sem máscara, Bolsonaro, que como todos sabem é militar do Exército e entusiasta do uso de armamentos pela população, recebeu de presente um revólver calibre 38 das mãos do CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, além de um o protótipo da arma G3, que utiliza grafeno na composição, e um capacete de grafeno.

As instalações da UCSGraphene também havia veículos blindados e outros itens cujo o material se apresenta ainda mais resistente. O presidente exaltou essa perspectiva de futuro sobre o grafeno no mercado de armas e outras aplicações.

“Nós evoluímos em ciência e tecnologia. Agora uma grande fresta apareceu, um grande horizonte, uma fronteira incomensurável, que ao passar por aqui vi algo fantástico para nossa pátria. Muitos, demonstrando ignorância, desdenharam da ideia. Hoje, podemos dizer que o grafeno e o nióbio são o futuro do Brasil. Em uma década, os produtos a partir destes minérios gerarão trilhões de dólares para a economia”, disse Bolsonaro em pronunciamento

Capacidade de produção da UCSGraphene e a relação do grafeno no mercado de armas

A UCSGraphene é a maior planta de geração de grafeno da América Latina, com capacidade para produzir cinco toneladas do produto por ano. Para se ter uma ideia, o projeto MGGrafeno, um dos pioneiros no país, que em Minas Gerais desde 2018, atinge cerca de 300 quilos da substância por ano.

São R$ 20 milhões de investimento em tecnologia de grafeno. O empreendimento conseguiu desenvolver mais barato e adaptável à realidade brasileira. Por isso, desperta o olhar de interesse de várias empresas, entre elas do setor automotivo e agora o mercado de armas.

Mercado de armas no Brasil será impulsionado pelo grafeno e entusiasma bolsonaro
Bolsonaro visitou as instalações da UCSGraphene, que deve impulsionar mercado de armas no Brasil | Foto: R7.com via Google

Grafeno e a revolução no mercado de armas sob o olhar de especialistas

O grafeno no mercado de armas tende a competir com tecnologias existentes e pode substituir materiais com décadas de tradição de uso. As aplicações permitem desenvolver produtos com alta resistência mecânica, capacidade de transmissão de dados e economia de energia. De acordo com o próprio coordenador da UCSGRAPHENE, professor Diego Piazza, o grafeno é o futuro para inúmeros setores, incluindo a indústria de armamentos.

“Armamentos contendo grafeno em sua composição são mais leves e resistentes. Essa parceria da UCS com a Taurus abre portas para a pesquisa e fabricação de produtos muito mais modernos e tecnológicos”, diz o professor Piazza.


O CEO Global da Taurus, Salesio Nuhs, destaca que a utilização do grafeno na produção de armas de fogo será uma revolução neste mercado.

“O principal pilar estratégico da Taurus é a Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação que são capitaneadas pelo CITE (Centro Integrado de Tecnologia e Engenharia). A aplicação de grafeno elevará ainda mais a qualidade e eficiência na produção dos nossos produtos. O desenvolvimento de aplicações de grafeno nas armas de fogo será um divisor, um fato muito relevante, para o mercado mundial de armas curtas”, afirma Nuhs.

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A revolução do grafeno na indústria da Defesa

O grafeno no mercado de armas e como um todo, como já podemos perceber, tende a receber investimentos da indústria para uma mudança tecnológica. Em relação ao setor da Defesa, não faltam oportunidades para a aplicação do material. Veja:

O fato de ser um dos melhores condutores elétricos já descobertos na Terra, o grafeno se apresenta como uma solução perfeita para a construção de microchips, muito menores e mais rápidos. E o setor da Defesa exige circuitos cada vez mais velozes e avançados.

Em relação às proteções balísticas, a exemplo de coletes à prova de bala, a aplicação do grafeno deve tornar o material ainda mais resistente à projeteis de grosso calibre. E ainda podendo ser vestido com mais conforto e com um material da espessura de uma camiseta, já que o grafeno é maleável.

Com essa mesma perspectiva de aplicação, o grafeno promove ainda mais resistência quanto à blindagem de veículos, preenchendo espaços entre as camadas de cerâmica e aço. O resultado são também veículos mais ágeis e leves.

Em se tratando de comunicação entre os militares, como GPS, computadores e rádios, as baterias desses equipamentos poderia armazenar muito mais informações com o grafeno que também promove a recarga muito mais rápida.

Avançando ainda mais nas possibilidades, os militares deslumbram o uso de veículos pesados de combate com recarga elétrica e na construção de próteses mais fortes, leves e com movimentos naturais.

No entanto, vale lembrar que para tudo isso acontecer aqui no Brasil em larga escala, são necessários ainda mais investimentos.

Junior Aguiar

Jornalista, formado pela Universidade Católica de Pernambuco | Produtor de conteúdo web, analista, estrategista e entusiasta em comunicação.

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