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Governo Federal extingue benefício fiscal e setor químico alerta para a demissão de 85 mil pessoas

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 04/01/2022 às 11:23
Governo Federal - Bolsonaro - beneficio fiscal -setor químico - demissão
Petroquímica – (Foto: Reprodução)

Com anulação de benefício fiscal, setor químico e outros setores interligados a ele correm perigo. Indústria química mencionada emitiu alerta para a demissão inicial de 85 mil empregos, após anúncio de extinção do Reiq.

No último sábado de 2021, o presidente da república Jair Messias Bolsonaro (PL) editou uma Medida Provisória (MP) anulando o Regime Especial da Indústria Química (Reiq) – um benefício fiscal cedido ao setor químico desde 2013, responsável por reduzir as alíquotas de PIS e Cofins recorrentes sobre matérias-primas petroquímicas – com o intuito de compensar a desobrigação de pagamento do imposto de renda, que seria destinado à empresas aéreas sobre o leasing de aeronaves, que iriam de 2022 até 2023. De acordo com o Governo Federal, a arrecadação adicional com a anulação do benefício está em torno de R$ 1,4 bilhão por ano. Com isso, o setor químico emitiu alerta para a demissão inicial de 85 mil empregos, após anúncio de extinção do Reiq.

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Consequências pós extinção do Reiq

Se a decisão de anular o Reiq não for revertida no Congresso, o setor químico também terá que fazer repasses de preços de matérias-primas utilizadas na indústria de automóveis, na construção civil, no ramo farmacêutico e na indústria têxtil.

De acordo com Ciro Marino, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), até as seringas utilizadas na vacinação da Covid-19, assim como também as máscaras de proteção e as vestimentas das equipes de técnicos e enfermeiros, que utilizam o polipropileno na confecção, terão impacto direto caso a extinção do benefício fiscal ocorra de fato.

A edição feita pelo Governo Federal na MP de fato pegou o setor químico de surpresa, porque o assunto já fora discutido no Congresso em 2021, onde a decisão final foi a permanência do Reiq até pelo menos 2025. A Abiquim relatou que essa decisão afronta o Congresso Nacional, além de trazer insegurança jurídica ao ambiente de negócios.

Marino abriu destaque também às questões de competitividade da indústria química nacional, que atualmente importam cerca de 50% dos componentes químicos, quando na verdade o ideal seria importar apenas entre 20% e 25%. O presidente-executivo da Abiquim completou sua fala, dizendo que se essa situação não for revertida no Congresso, o setor químico irá judicializar a questão.

Setor químico corre perigo de demissão em massa após decisão do Governo Federal

De acordo com um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sob encomenda da Abiquim, a extinção do Reiq ocasionará a demissão de 85 mil trabalhadores do setor químico, além de uma perda de arrecadação de R$ 3,2 bilhões.

Além disso, haverá também uma brusca queda no Produto Interno Bruto (PIB), em torno de R$ 5,5 bilhões, sem falar na inviabilização de unidades industriais no Brasil, algo que irá afetar diretamente mais de 20 indústrias químicas, entre elas a importante Braskem. No estudo encomendado pela Abiquim, fica claro que, independente do cenário, haverá perda líquida de arrecadação.

Conclusão do estudo da FGV e alerta importante da Abiquim

Todas as estimativas do estudo da FGV levam em consideração o grau de impato sobre a cadeia de valor e também de outros setores ligados ao setor químico após a decisão do Governo Federal, assim como também leva em conta o efeito da renda da eliminação do benefício fiscal de 3,65% sobre matérias-primas essenciais que são essenciais.

Por fim, a Abiquim alerta que a anulação do Reiq é um erro gravíssimo, que muito em breve terá fortes impactos em todos os setores de produção e não somente da indústria química. A MP precisa ser analisada novamente pelo Congresso Nacional, em 90 dias.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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