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Geólogos acidentalmente descobrem “pluma fantasma” emergindo das profundezas da terra sob o deserto de Omã

Escrito por Jefferson S
Publicado em 24/06/2025 às 16:02
Pluma fantasma emergindo do núcleo da Terra e atravessando camadas do manto até romper discretamente a superfície do deserto
Representação ultra realista de uma pluma fantasma emergindo das profundezas do manto terrestre sob um deserto
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Sem causar vulcões ou terremotos, essa coluna de calor subterrânea aquece silenciosamente o solo e pode alterar o entendimento sobre o funcionamento térmico do núcleo da Terra

Uma equipe internacional de geólogos identificou, por acaso, uma pluma fantasma subindo do manto da Terra sob o leste de Omã. O achado sem precedentes revela uma coluna de calor ascendente a 660 km de profundidade, que não apresenta qualquer sinal de vulcanismo à superfície, mas afeta diretamente a elevação do solo.

A descoberta foi feita pelo geofísico Simone Pilia, da Universidade do Rei Fahd, durante a análise de dados sísmicos da região. Ao estudar as ondas de terremotos que cruzam o planeta, ele observou uma anomalia térmica cilíndrica, com rochas mais quentes e menos rígidas, indicando a presença de uma pluma que emergia do interior profundo da Terra.

O fenômeno recebeu o nome de pluma Dani, uma homenagem ao filho do pesquisador. Por não produzir lava ou atividade vulcânica visível, esse tipo de estrutura subterrânea recebeu o apelido de pluma fantasma, termo que pode inaugurar uma nova classe de processos geológicos ocultos.

Pluma fantasma aquece a crosta sem provocar erupções

As medições mostram que a pluma fantasma possui cerca de 200 quilômetros de largura e causa uma redução na velocidade das ondas sísmicas, sinal clássico de aumento de temperatura. A elevação térmica estimada varia entre 93 °C e 260 °C, suficiente para amolecer o peridotito do manto, mas insuficiente para gerar fusão e erupções na crosta superior.

Mesmo sem lava, a pluma eleva gradualmente o relevo superficial. A região do platô de Salma, por exemplo, apresenta altitudes de até 1.980 metros, apesar da ausência de compressão tectônica. Estudos com GPS também mostram que a costa próxima continua subindo milímetro por milímetro todos os anos.

Para os geólogos, esse comportamento é um indicativo de que a pluma fantasma funciona como uma base flutuante de calor e pressão, sustentando o terreno por baixo e influenciando o equilíbrio geodinâmico da região.

Coluna subterrânea pode ter alterado o movimento da Placa Indiana

Modelos tectônicos indicam que a pluma fantasma de Omã pode ter estado sob a Placa Tectônica Indiana há cerca de 40 milhões de anos, coincidindo com uma leve inflexão na trajetória da placa naquela época. Os cientistas acreditam que a força gerada pela fricção da coluna quente contra a base da litosfera teria sido suficiente para alterar o curso do continente.

Segundo os cálculos, um conduto com esse volume térmico e largura poderia deslocar lentamente a placa sobre ele, atuando como um “empurrão invisível” nas dinâmicas tectônicas globais. Isso sugere que plumas fantasmas poderiam ter moldado parte da geografia atual do planeta sem deixar sinais vulcânicos.

Além disso, o fenômeno tem implicações importantes no chamado orçamento térmico da Terra, ao indicar que há mais calor subindo diretamente do núcleo terrestre do que se pensava. Isso altera estimativas sobre a vida útil do dínamo que gera o campo magnético terrestre.

A pesquisa foi publicada na revista Earth and Planetary Science Letters e divulgada por veículos como Popular Mechanics e Earth.com. Especialistas independentes, como Saskia Goes do Imperial College London, consideram os dados robustos e a identificação plausível, ainda que imagens sísmicas de colunas estreitas sejam extremamente desafiadoras de se obter.

A pluma fantasma de Omã é considerada a primeira desse tipo já detectada com precisão. Sua descoberta abre caminho para o mapeamento de outras estruturas semelhantes escondidas sob espessas crostas continentais e bacias oceânicas antigas. A tecnologia empregada, baseada em tomografia sísmica, pode ser replicada em diversas regiões do mundo.

Combinando dados geofísicos, elevações topográficas e movimentos de placas, os geólogos pretendem localizar novas plumas fantasmas e entender como elas influenciam terremotos, distribuição de recursos minerais e até mudanças climáticas ao longo de eras geológicas.

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Jefferson S

Profissional com experiência militar no Exército, Inteligência Setorial e Gestão do Conhecimento no Sebrae-RJ e no Mercado Financeiro por meio de um escritório da XP Investimentos. Trago um olhar único sobre a indústria energética, conectando inovação, defesa e geopolítica. Transformo cenários complexos em conteúdo relevante sobre o futuro do setor de petróleo, gás e energia. Envie uma sugestão de pauta para: jasgolfxp@gmail.com

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