A Petrobras enfrenta barreiras na exploração da bacia da Foz do Amazonas: uma decisão que vai contra o interesse nacional do Ibama ou uma necessária medida de proteção à margem equatorial brasileira?
Em uma indignada entrevista concedida à DCM TV, Felipe Coutinho, vice-presidente da AEPET, abriu fogo contra as restrições do Ibama à Petrobras. Segundo ele, as limitações impostas na exploração da nova fronteira na região da bacia da Foz do Amazonas, integrante da Margem Equatorial Brasileira, podem ser interpretadas como um contrassenso ao interesse nacional. Afinal, a atividade da Petrobras não afeta diretamente a região Amazônica – os poços estão localizados a 160 km da costa do Amapá – e a empresa estatal tem raros casos de vazamentos, geralmente de baixo impacto.
Restrição à Petrobras: Uma Ameaça ao Desenvolvimento ou Defesa do Ambiente?
Coutinho critica que a defesa do meio ambiente tem sido instrumentalizada em favor de interesses que não contemplam o desenvolvimento e a melhoria das condições de vida da população. Como exemplo, cita o progresso já observado nas Guianas. Ele classifica como “genocida” a atitude de negar a ligação entre o consumo de energia per capita e o desenvolvimento humano.
Além disso, defende que o consumo de energia per capita dos brasileiros precisa aumentar para alcançar o patamar de países desenvolvidos. “A energia que propicia o desenvolvimento deve ser acessível, confiável e soberana. Quem nega isso não está agindo em favor da preservação do interesse nacional, com responsabilidade tanto social quanto ecológica”, argumenta.
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Estatais x Multinacionais: O Duelo na Indústria do Petróleo
Quando o assunto é segurança na exploração de petróleo, Coutinho sublinha a diferença entre estatais, como a Petrobras, e multinacionais. Estas últimas, geralmente controladas pelo sistema financeiro, têm como foco principal o lucro a curto prazo, frequentemente em detrimento da segurança e do futuro da própria empresa.
Ele lembra que das 25 maiores empresas de petróleo, 19 são estatais, e entre as cinco maiores, quatro são estatais. Apesar disso, a recente prática da Petrobras, segundo Coutinho, está alinhada com a lógica das multinacionais e do capital financeiro, e não com o perfil esperado de uma estatal.
Futuro Energético do Brasil: Combustíveis Fósseis e Hidrelétricas
Com 85% do consumo da energia primária mundial sendo provido por combustíveis fósseis, Coutinho enfatiza que o Brasil não pode renunciar à vantagem comparativa de possuir uma matriz energética limpa, devido à participação das hidrelétricas, em detrimento do próprio desenvolvimento. Ele conclui apontando a necessidade de um projeto soberano de desenvolvimento que foque em produtos de alto valor agregado e empregos qualificados. “O capital financeiro não vai gostar, mas sem enfrentar os interesses antinacionais seremos sempre um país com potenciais nunca realizados”, finaliza.