Dados mostram que o gasto público no Brasil atingiu R$ 3,6 trilhões neste ano, enquanto Congresso e governo adotam medidas que fragilizam o novo regime fiscal.
O gasto público no Brasil já ultrapassa R$ 3,6 trilhões em 2025, segundo dados divulgados pela plataforma Gasto Brasil, desenvolvida pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo. O valor inclui despesas da União, estados, municípios e Distrito Federal, escancarando a pressão crescente sobre as contas públicas em meio a manobras políticas para flexibilizar o arcabouço fiscal.
A mais recente ocorreu em 9 de setembro de 2025, quando o Congresso promulgou a PEC dos Precatórios, retirando esses gastos do teto fiscal a partir de 2026. Em paralelo, tramita projeto que exclui os recursos do Fundo Social do Pré-Sal das limitações impostas pelo novo regime. Para especialistas, essas decisões comprometem a credibilidade das regras e ampliam os riscos de instabilidade econômica.
A escalada do gasto público e seus efeitos
Segundo a plataforma, o gasto público brasileiro cresce de forma contínua e desordenada.
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Somente em 2025, já se projeta alta superior a R$ 150 bilhões em supersalários, o que pressiona as contas e desestimula investimentos.
Para Josinaldo dos Santos, presidente da Associação Comercial de Santana do Ipanema (AL), a falta de limites claros gera um efeito em cascata.
Ele destaca que até cidades pequenas já registram cifras bilionárias, mostrando que o problema não está restrito ao governo federal.
Esse aumento contínuo cria incerteza para o mercado e pressiona a confiança empresarial.
Investidores enxergam fragilidade quando as regras fiscais são alteradas a cada dificuldade, o que encarece crédito, reduz competitividade e afeta diretamente a geração de empregos.
Manobras que enfraquecem o arcabouço fiscal
A PEC dos Precatórios é vista como um exemplo de flexibilização que mascara o problema em vez de solucioná-lo.
Ao retirar essa despesa do teto, o governo abre espaço para gastar mais no curto prazo, mas compromete a previsibilidade futura.
Situação semelhante ocorre com a tentativa de retirar recursos do Fundo Social do Pré-Sal, originalmente destinados à saúde e educação, do cálculo fiscal.
O economista André Galhardo, da Análise Econômica São Paulo, alerta que tais medidas passam a mensagem de que o Brasil continua buscando soluções temporárias em vez de enfrentar reformas estruturais.
Para ele, a rigidez das despesas obrigatórias torna o arcabouço cada vez mais frágil, exigindo mudanças profundas para garantir equilíbrio entre arrecadação e gastos.
O dilema fiscal e o futuro da economia
A pressão por mais gastos vem da necessidade de financiar programas sociais, precatórios e subsídios, mas sem ajuste estrutural o quadro tende a se agravar.
Sem reformas tributária e administrativa consistentes, a conta segue insustentável, alerta Galhardo.
Enquanto governo e Congresso priorizam medidas de alívio imediato, aumentam os riscos para a sustentabilidade das contas públicas.
Esse cenário gera desconfiança no mercado internacional, pressiona agências de classificação de risco e pode impactar diretamente a taxa de juros e o crescimento econômico.
O gasto público recorde em 2025 mostra não apenas o tamanho da máquina estatal, mas também a dificuldade de impor limites duradouros em um país com demandas crescentes.
Sem ajustes de médio e longo prazo, o Brasil continuará refém de manobras que corroem a confiança no arcabouço fiscal e colocam em xeque a estabilidade econômica.
E você, acredita que as manobras para ampliar o gasto público são necessárias para manter programas sociais e investimentos ou apenas adiam um problema maior? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive essa realidade no dia a dia.