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Esse gasoduto vai transformar a energia na América do Sul: veja os planos do corredor de 1.050 km, integração de Brasil, Argentina e Paraguai e promessa de R$ 50 bilhões em novos negócios

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 28/07/2025 às 19:30
Gasoduto Bioceânico de 1.050 km vai ligar Vaca Muerta ao Brasil: conheça todos os detalhes do projeto trilateral com Paraguai e Argentina que vai integrar mercados, reforçar o pré-sal e atrair R$ 50 bilhões em investimentos
Foto: IA
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Gasoduto Bioceânico de 1.050 km vai ligar Vaca Muerta ao Brasil via Paraguai, reduzir custos de importação, reforçar o pré-sal e atrair R$ 50 bilhões em investimentos.

O Brasil está prestes a se tornar um polo energético ainda mais relevante no cenário sul-americano. Um novo projeto, o Gasoduto Bioceânico, promete mudar a forma como o gás natural é transportado e consumido no continente. A obra de 1.050 quilômetros ligará a Argentina ao Brasil passando pelo Paraguai e poderá ser um divisor de águas para a logística, a economia e a segurança energética da região. Com R$ 50 bilhões em investimentos previstos, o projeto busca não apenas escoar a produção da megajazida argentina de Vaca Muerta, mas também reforçar o uso do gás do pré-sal brasileiro e consolidar o país como o principal hub de energia do Cone Sul.

O que é o Gasoduto Bioceânico e por que ele é tão importante?

O Gasoduto Bioceânico é um projeto de integração energética trilateral que vai interligar as redes de gás de Argentina, Paraguai e Brasil. A proposta é transportar o gás de Vaca Muerta – considerada a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo – para o Brasil, onde a demanda industrial e residencial cresce a cada ano.

Para os governos, a obra é mais do que um gasoduto: é um corredor energético estratégico. O Brasil depende fortemente de importações caras de gás natural liquefeito (GNL), que chegam em navios e encarecem o fornecimento para indústrias e usinas. Com o gasoduto, o país terá acesso a um combustível mais barato e estável, reduzindo custos logísticos e fortalecendo a matriz energética.

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O acordo trilateral que tirou o projeto do papel

O avanço do projeto só foi possível depois de uma costura diplomática. Em julho de 2025, os presidentes de Brasil, Argentina e Paraguai assinaram um memorando de entendimento, oficializando a intenção de construir o gasoduto. A etapa inicial envolve estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, que devem ser concluídos em até 18 meses.

A participação do Paraguai foi decisiva. O traçado passando pelo território paraguaio evita áreas sensíveis, reduz o impacto ambiental e garante ao país uma nova fonte de receita com tarifas de trânsito e futuros investimentos em infraestrutura local. Essa rota também simplifica o processo de licenciamento, algo que seria mais complexo se o traçado fosse direto entre Argentina e Brasil.

Quanto o Brasil pode economizar com o Gasoduto Bioceânico?

Hoje, o Brasil gasta bilhões de reais por ano com a importação de GNL para abastecer indústrias, termelétricas e distribuidoras de gás. Segundo estimativas preliminares, o Gasoduto Bioceânico poderá gerar uma economia de R$ 8 a R$ 10 bilhões anuais em custos logísticos e de importação.

Além disso, a infraestrutura permitirá escoar melhor o gás do pré-sal, que hoje enfrenta um problema crônico: a falta de dutos para transportar o excedente.

Grande parte do gás associado ao petróleo é reinjetada nos poços ou queimada, porque não existe rede suficiente para levá-lo até os consumidores. Com uma malha mais robusta, o Brasil poderá aproveitar esse potencial energético e até se tornar exportador.

Vaca Muerta: o gigante energético argentino

A origem de tudo está em Vaca Muerta, uma das formações de gás de xisto mais promissoras do mundo. Localizada na província de Neuquén, no sul da Argentina, a reserva tem potencial para abastecer toda a América do Sul por décadas.

O problema é que a infraestrutura para exportação ainda é limitada, o que impede o país de aproveitar todo o potencial econômico da jazida.

Com o gasoduto, a Argentina terá uma rota permanente de escoamento para o maior mercado da região – o Brasil –, o que garantirá receita estável e poderá atrair novas empresas e tecnologias para a exploração do recurso.

O papel estratégico do Paraguai no projeto

Muitas vezes deixado de lado em grandes projetos energéticos, o Paraguai ganhará protagonismo com o Gasoduto Bioceânico.

O país será o elo de ligação entre Argentina e Brasil, recebendo tarifas pela passagem do gás, investimentos para modernizar sua rede e até a possibilidade de construir ramais internos para consumo próprio.

Esse papel intermediário fortalece o Paraguai no cenário regional e cria uma oportunidade para diversificar sua matriz energética, hoje baseada principalmente em hidrelétricas como Itaipu.

Construir 1.050 km de gasoduto não é tarefa simples. O projeto exigirá:

  • milhares de toneladas de tubos de aço;
  • estações de compressão ao longo do trajeto para manter a pressão do gás;
  • cruzamentos subterrâneos de rios e áreas rochosas;
  • obras de interligação com a rede existente no Brasil.

O cronograma prevê 5 a 7 anos de obras após a aprovação final. Isso significa que o gasoduto poderia entrar em operação entre 2032 e 2033. Durante a construção, milhares de empregos diretos e indiretos serão criados, movimentando a economia local.

Impactos ambientais e medidas de proteção

Um dos principais pontos discutidos é o impacto ambiental. Os três governos já sinalizaram que o traçado será planejado para evitar terras indígenas, reservas naturais e áreas de proteção.

Além disso, tecnologias modernas de instalação subterrânea, sensores de monitoramento em tempo real e sistemas de contenção serão adotados para reduzir riscos de vazamento. O objetivo é que o Gasoduto Bioceânico seja um projeto de referência em segurança e sustentabilidade.

O efeito geopolítico do Gasoduto Bioceânico

Mais do que uma obra de engenharia, o gasoduto tem um peso geopolítico. O Brasil se consolidará como o hub energético do Cone Sul, centralizando o fluxo de gás entre os países vizinhos e criando um mercado integrado.

Essa integração pode atrair investimentos internacionais, inclusive da Ásia, além de fortalecer a posição brasileira em negociações de energia e meio ambiente. O projeto também abre espaço para futuros acordos sobre hidrogênio verde e outras fontes limpas, já que a infraestrutura pode ser adaptada no futuro.

O que vem a seguir?

Os próximos passos envolvem estudos de impacto ambiental, análises de solo e modelagem financeira. Só depois dessas etapas o gasoduto receberá o aval definitivo para a construção. Se tudo ocorrer dentro do cronograma, o início das obras poderá ser autorizado a partir de 2027.

Até lá, Brasil, Argentina e Paraguai terão de alinhar questões regulatórias, licenciamento, financiamento e definir quem será o operador da infraestrutura. Bancos de desenvolvimento, fundos soberanos e empresas privadas já demonstraram interesse em participar do consórcio que bancará a obra.

Um projeto para mudar o mapa energético sul-americano

O Gasoduto Bioceânico de 1.050 km não é apenas um cano de aço atravessando o continente. Ele simboliza a tentativa de transformar a América do Sul em uma rede energética interligada, capaz de oferecer gás mais barato, impulsionar indústrias, reduzir custos para os consumidores e abrir caminho para uma transição energética mais planejada.

Se sair do papel, o projeto será um dos maiores investimentos em infraestrutura do século no Brasil – e poderá marcar uma nova era para a integração econômica e energética do continente.

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Carlos Lastra
Carlos Lastra
30/07/2025 17:20

Distância desde **** morta até a Assunção: 2300 km…

José Oliveira
José Oliveira
30/07/2025 12:02

Se o Brasil vai gastar uma fortuna na construção desse gasoduto, por que não viabiliza o gás do pré-sal rejeitado?
Um país que não tem dinheiro pra dar uma saúde pública decente para sua população, vai gastar uma montanha de dinheiro pra beneficiar a Argentina, quando tem o seu gás do pré-sal rejeitado ! É de uma **** incrível ! São os nossos políticos !

eduardo garcia
eduardo garcia
Em resposta a  José Oliveira
30/07/2025 15:49

a pergunta é valida e eu tambem a fiz a mim no momento da leitura.
a materia teria mais valor se explicasse este ponto.
apesar de não ter o conhecimento do projeto, posso imaginar que a construçao de trecho de gasoduto para dar vazao ao gas produzido no pré-sal não é economicamente viavel, mas pode se beneficiar, de alguma forma, que nem eu mesmo sei dizer, de um gasoduto que é economicamente viavel, que é este que traz o gas de xisto da argentina.

Marcio
Marcio
Em resposta a  José Oliveira
30/07/2025 15:55

, o gasoduto do pré-sal que chega a Santos não tem 255 km por mar. O gasoduto em questão é o Rota 3, com 355 km no total, sendo 307 km marítimos e 48 km terrestres, levando gás do pré-sal da Bacia de Santos para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O trecho marítimo atinge profundidades de até 2.190 metros.
Detalhes sobre o Rota 3:
Extensão total: 355 km.
Trecho marítimo: 307 km.
Trecho terrestre: 48 km.
Destino: Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Profundidade máxima: 2.190 metros.
Capacidade: Até 21 milhões de metros ****bicos de gás por dia.

Virgilio
Virgilio
30/07/2025 07:39

Só queria entender. Se o Brasil regeita o gás que produz no pré sal por ñ ter como escoa-lo, pq ñ usa a verba q vai gastar com esse tudo para visbilisar o uso desse gas que é jogado fora?

José Oliveira
José Oliveira
Em resposta a  Virgilio
30/07/2025 11:55

Isso deve ser mais uma mutreta dos políticos, em detrimento do gás brasileiro

Marcio
Marcio
Em resposta a  Virgilio
30/07/2025 16:01

, o gasoduto do pré-sal que chega a Santos não tem 255 km por mar. O gasoduto em questão é o Rota 3, com 355 km no total, sendo 307 km marítimos e 48 km terrestres, levando gás do pré-sal da Bacia de Santos para o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O trecho marítimo atinge profundidades de até 2.190 metros.
Detalhes sobre o Rota 3:
Extensão total: 355 km.
Trecho marítimo: 307 km.
Trecho terrestre: 48 km.
Destino: Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Profundidade máxima: 2.190 metros.
Capacidade: Até 21 milhões de metros ****bicos de gás por dia.

Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

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