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Farmácias em cada esquina do Brasil: coincidência ou estratégia? Descubra o que está por trás do crescimento acelerado desse mercado bilionário

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 14/07/2025 às 12:07
Esquina com três farmácias iluminadas no Brasil, simbolizando a expansão do varejo farmacêutico no país
Três farmácias lado a lado em uma movimentada esquina brasileira refletem o avanço acelerado do setor no país
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Em 2024, o Brasil registrou a abertura de 22 novas farmácias por dia, ultrapassando a marca de 90 mil estabelecimentos no país e alcançando um faturamento recorde de R$ 220,9 bilhões, segundo dados da IQVIA. O crescimento acelerado revela uma profunda transformação no varejo farmacêutico, motivada por fatores como envelhecimento da população, digitalização de serviços e ampliação do portfólio das lojas.

O envelhecimento da população brasileira é um dos principais motores do crescimento do setor farmacêutico. De acordo com o Censo de 2023, o país já conta com mais de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, e esse número deve dobrar até 2050. Com o avanço da idade, cresce também a necessidade do consumo contínuo de medicamentos, fortalecendo a presença das farmácias em bairros e centros urbanos.

Além disso, a saúde mental passou a desempenhar um papel central na expansão das vendas. Entre janeiro e maio de 2024, a venda de estabilizadores de humor e antidepressivos cresceu 88% em relação ao mesmo período de 2023, segundo levantamento do Conselho Federal de Farmácia com a consultoria IQVIA. A facilidade de acesso à telemedicina e às receitas digitais também colaborou para esse avanço.

Outro fator que contribui para a alta no consumo é a automedicação. Com o novo modelo de farmácia de autosserviço, gôndolas acessíveis e produtos diversos à disposição, o consumidor encontra facilidade para adquirir medicamentos sem receita e itens de saúde preventiva.

Expansão de portfólio e serviços atrai novos públicos

As farmácias deixaram de ser apenas locais para compra de remédios. Hoje, elas oferecem produtos de higiene, cosméticos, alimentos e bebidas sem álcool, além de serviços como vacinação e testes rápidos, graças à regulamentação que transformou esses estabelecimentos em unidades de assistência à saúde a partir de 2014.

A lei federal 13.021/2014 permitiu que farmácias passassem a realizar atendimentos e procedimentos básicos, como aplicação de vacinas e acompanhamento farmacêutico. Essa mudança fortaleceu a presença das farmácias em áreas onde postos de saúde são escassos ou de difícil acesso, tornando-as pontos estratégicos de atendimento à população.

Com o avanço da tecnologia, redes como Drogasil, Pague Menos e Drogaria São Paulo investem pesado em e-commerce, delivery e marketing digital, impulsionando ainda mais as vendas e fidelizando clientes por meio de dados e ofertas personalizadas.

Pequenas farmácias enfrentam concorrência predatória

Embora o setor esteja em expansão, a concentração nas mãos das grandes redes é cada vez mais evidente. Em 2024, a Abrafarma, que representa as maiores empresas do ramo, ampliou sua fatia de mercado para 47%, com crescimento de 16% em relação ao ano anterior. Em contrapartida, farmácias independentes viram sua participação cair para 17%.

Das 7.938 farmácias que fecharam as portas em 2024, 87,4% eram pequenas empresas. A explicação está na concorrência predatória: grandes redes se instalam ao lado de farmácias locais, oferecendo melhores preços e condições, forçando os pequenos a fecharem as portas.

Segundo especialistas, essas redes contam com equipes de expansão que mapeiam os melhores pontos comerciais e firmam parcerias com investidores imobiliários. A farmácia entra apenas com a operação, sem precisar investir em construção, reduzindo o risco e garantindo contratos de longa duração.

Associativismo surge como alternativa para os pequenos

Diante do cenário de competição desigual, o modelo associativista ganhou força entre farmácias independentes. Em 2024, houve um crescimento de 13,7% no número de farmácias associadas à Febrafar, que agora representa 16,5% do mercado nacional, reunindo cerca de 17 mil estabelecimentos.

Essas associações oferecem vantagens como melhor poder de negociação com fornecedores, estratégias de marketing coletivo e acesso a plataformas digitais compartilhadas, o que ajuda as pequenas farmácias a manterem-se competitivas no mercado.

Ainda assim, os desafios continuam. Custos operacionais elevados, aluguéis altos e dificuldade em investir em tecnologia são barreiras comuns enfrentadas pelos pequenos empreendedores do setor.

Riscos regulatórios e futuro do varejo farmacêutico

Uma possível mudança na regulamentação pode alterar significativamente o mercado. O governo analisa permitir que medicamentos isentos de prescrição (MIPs) voltem a ser vendidos em supermercados, o que traria impacto direto nas vendas das farmácias tradicionais.

Essa medida já foi debatida anteriormente, mas enfrentou resistência de entidades do setor farmacêutico. Agora, com novo fôlego, a proposta reacende uma disputa entre farmácias e supermercados pelo controle do varejo de saúde no país.

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Segundo o canal Curioso Mercado, que investigou os bastidores da expansão farmacêutica, o Brasil segue na contramão de países como China e Estados Unidos. Enquanto lá o modelo físico perde espaço para o digital, aqui o número de lojas físicas continua crescendo rapidamente.

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Felipe Alves da Silva

Profissional com formação militar pelo Exército Brasileiro e experiência em gestão administrativa e logística no setor industrial. Escreve sobre defesa, segurança, geopolítica, indústria automotiva, ciência e tecnologia. Sugestões de pauta: fa06279@gmail.com

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