O avanço das montadoras chinesas no Brasil não é apenas tendência, mas realidade. Novas fábricas foram inauguradas em diferentes estados, enquanto outras estão em fase de adaptação ou planejamento. Com investimentos pesados, marcas como BYD, GWM, Chery, Geely e GAC já começam a mudar o cenário automotivo brasileiro, trazendo produção local de SUVs, picapes e elétricos.
Na semana passada, GWM inaugurou a fábrica de carros própria em Iracemápolis (SP). A marca chinesa, que já vinha se consolidando no país com a venda de modelos híbridos e elétricos, dá agora um passo definitivo para se firmar no mercado local, seguindo a estratégia de internacionalização que começou a ganhar força na última década.
O investimento da GWM no Brasil é calculado em R$ 10 bilhões ao longo de dez anos, mostrando que a empresa não trata a operação como algo passageiro.
Essa estrutura é apenas a terceira fábrica da companhia fora da China.
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Reaproveitamento de espaço e empregos gerados
O complexo de Iracemápolis foi instalado no mesmo local que anteriormente abrigava uma planta da Mercedes-Benz, desativada em 2020.
Ao reaproveitar a estrutura, a GWM conseguiu acelerar o cronograma de implantação e reduzir custos de construção.
O impacto econômico para a região já é perceptível: atualmente a fábrica emprega cerca de 600 trabalhadores, com previsão de chegar a mil colaboradores até o fim de 2025.
A presença da GWM também aquece a cadeia de fornecedores, uma vez que a montadora adota o sistema chamado “peça por peça”.
Nesse modelo, parte dos componentes ainda é importada, mas muitos já têm produção local. A meta é atingir 60% de conteúdo nacional até 2026, o que trará mais desenvolvimento para a indústria automotiva brasileira.
Fábricas de carros chineses no Brasil
Depois de décadas de domínio de marcas tradicionais da Europa, dos Estados Unidos e do Japão, o espaço começa a ser ocupado com intensidade por montadoras chinesas.
Essas empresas chegaram primeiro importando modelos, mas agora avançam para uma etapa decisiva: a produção local.
Nos últimos anos, várias fabricantes da China anunciaram ou inauguraram fábricas no Brasil, consolidando uma presença estratégica.
Entre elas estão BYD, GWM, GAC, Geely e Chery, cada uma com planos específicos para o país.
BYD: Camaçari
A BYD inaugurou em julho sua fábrica em Camaçari (BA), no mesmo espaço que antes era ocupado pela Ford.
O investimento foi visto como um marco, já que a planta baiana se tornou o maior polo de produção da empresa fora da China.
A capacidade prevista é de 150 mil veículos por ano, e os primeiros modelos produzidos serão Dolphin Mini, King e Song Pro.
A escolha desses veículos não é por acaso: eles estão entre os carros mais vendidos da marca no mundo e representam o foco em eletrificação.
A BYD já era uma das montadoras que mais crescia no Brasil com a importação de modelos elétricos e híbridos.
Agora, com a produção local, ganha escala e reduz custos, ampliando ainda mais sua competitividade.
GWM: Iracemápolis
Em agosto foi a vez da GWM inaugurar sua fábrica em Iracemápolis (SP), onde antes funcionava uma planta da Mercedes-Benz.
O investimento total será de R$ 10 bilhões ao longo de dez anos, o que mostra o peso estratégico do Brasil para a montadora.
A capacidade inicial é de 30 mil veículos por ano, com previsão de chegar a 50 mil em três anos.
Os primeiros modelos que sairão da linha de montagem são os SUVs Haval H6 e H9, além da picape Poer P30.
Um diferencial da GWM é a instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento ao lado da fábrica.
Será o primeiro da empresa na América Latina, com 60 técnicos e engenheiros dedicados à adaptação de veículos e ao estudo de motores híbridos flex.
GAC: chegada prevista para 2026
Outra montadora chinesa que prepara sua entrada é a GAC.
A empresa anunciou planos para abrir sua fábrica em 2026, em Catalão (GO). O espaço será estruturado a partir da HPE Automotores, que já atua no local.
Enquanto a produção não começa, a GAC mantém um centro de distribuição de peças em Cajamar (SP), garantindo suporte aos futuros clientes.
Os modelos que serão fabricados ainda não foram confirmados, mas a expectativa é que a marca traga SUVs e híbridos que já fazem sucesso em outros mercados.
A chegada da GAC reforça a tendência de interiorização das fábricas automotivas no Brasil, aproveitando regiões que já contam com mão de obra especializada.
Geely: parceria com a Renault
Diferente das demais marcas, a Geely ainda não anunciou uma fábrica própria. Em vez disso, optou por uma parceria com a Renault, utilizando a planta de São José dos Pinhais (PR).
A colaboração se estende também à produção de motores, por meio da joint venture Horse.
O primeiro modelo cotado para montagem no Brasil é o SUV elétrico EX5, mas a lista ainda não foi confirmada. Essa estratégia permite à Geely reduzir investimentos iniciais e ao mesmo tempo ganhar escala rapidamente.
A parceria com a Renault também facilita a adaptação tecnológica e o aproveitamento de processos industriais já consolidados.
Chery: pioneira entre as chinesas
A Chery foi uma das primeiras marcas chinesas a se instalar no Brasil. Em 2014 inaugurou sua fábrica em Jacareí (SP), mas a unidade foi fechada em 2022 para modernização.
A expectativa é que ela volte a operar em breve, produzindo os modelos das marcas Omoda e Jaecoo, que pertencem ao grupo.
Atualmente, a produção da Chery no Brasil acontece em Anápolis (GO), em parceria com a Caoa.
De lá saem os SUVs Tiggo 5X, 7 e 8. A capacidade da planta goiana é de 80 mil veículos por ano, o que coloca a marca em posição de destaque entre as chinesas.
A Chery também foi pioneira em conquistar o consumidor brasileiro com SUVs de bom custo-benefício. Hoje, busca consolidar essa imagem com novas linhas e maior sofisticação.
Com BYD, GWM, GAC, Geely e Chery investindo no Brasil, o mercado automotivo passa por uma nova fase.
Os próximos anos serão decisivos para medir até onde essa presença vai se consolidar.
Que venham empresas que agreguem tecnologia também, só montagem tipo CKD não interessa…