Exportações de café especial e solúvel caem drasticamente em agosto de 2025 após nova tarifa e provocam forte reação de entidades brasileiras
As exportações de café especial e solúvel do Brasil para os Estados Unidos despencaram em agosto de 2025, logo após a entrada em vigor da taxa de 50% implementada pelo governo de Donald Trump em julho.
Segundo dados divulgados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) e pela Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), a redução foi expressiva tanto em relação ao mês anterior quanto na comparação com agosto de 2024.
Queda histórica nos embarques
De acordo com o Cecafé, apenas 21.679 sacas de café especial foram enviadas aos EUA em agosto de 2025, o que representou uma redução de 69,6% em relação a julho.
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Além disso, quando comparado ao mesmo período de 2024, o recuo foi ainda maior, atingindo 79,5%.
No caso do café solúvel, os números seguiram a mesma tendência negativa. Conforme a Abics, o Brasil exportou 26.460 sacas em agosto, com queda de 50,1% frente a julho e retração de 59,9% em relação a agosto do ano passado.
O impacto não ficou restrito aos cafés de maior valor agregado. Segundo o Cecafé, a exportação total de café brasileiro, incluindo todos os tipos, caiu 17,5% em agosto de 2025 em relação ao mesmo mês do ano anterior.
Alemanha ultrapassa os Estados Unidos
Com a redução brusca das compras norte-americanas, a Alemanha assumiu a liderança na importação de café brasileiro em agosto de 2025.
O país europeu importou 50.463 sacas, ultrapassando os EUA, que caíram para a sexta posição no ranking de maiores compradores de café especial do Brasil.
Na frente dos norte-americanos ficaram Holanda (62.004 sacas), Bélgica (46.931), Itália (39.905) e Suécia (29.313).
Apesar da queda pontual, os EUA seguem na liderança do acumulado anual de 2025, tanto para café especial quanto para café solúvel. No entanto, as entidades alertam que essa posição está ameaçada se a tarifa não for revista nos próximos meses.
Setor pede negociações urgentes
Diante do cenário, entidades representativas do setor cafeeiro intensificaram os pedidos por negociações entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos.
O diretor executivo da Abics, Aguinaldo Lima, afirmou em agosto de 2025 que “essa taxação de 50% inviabiliza o comércio com os americanos. Precisamos abrir canais para restabelecer um fluxo de negócios justo”.
Já a presidente da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), Carmem Lucia Chaves de Brito, destacou que “muitos contratos assinados foram suspensos, cancelados ou adiados a pedido dos importadores americanos”.
A dirigente ainda acrescentou que “é essencial manter conversas com importadores e indústrias dos EUA, além de pressionar para que o governo brasileiro abra negociações diretas com a gestão Trump”.
Impactos imediatos e riscos de longo prazo
Para especialistas do setor, a continuidade da barreira tarifária pode provocar perda estrutural de participação do Brasil no mercado norte-americano, considerado um dos mais relevantes para cafés de qualidade superior.
Embora outros mercados, especialmente europeus, estejam absorvendo parte da produção, as margens oferecidas não alcançam os mesmos níveis que os negócios nos EUA.
Além disso, contratos suspensos e incertezas regulatórias já comprometem o planejamento de exportadores, que enfrentam o risco de desvalorização do café brasileiro nos mercados premium.
Um desafio estratégico para o Brasil
O setor cafeeiro vive um momento de alerta máximo. A colheita de 2025 foi robusta e, sem o mercado norte-americano em pleno funcionamento, produtores e exportadores podem enfrentar excesso de oferta.
Por outro lado, a Alemanha e outros países da União Europeia vêm ampliando consistentemente as compras, mostrando-se como alternativa em expansão.
No entanto, especialistas destacam que perder espaço nos EUA, o maior mercado consumidor de café do mundo, pode trazer consequências duradouras para a imagem internacional do grão brasileiro.
O que está em jogo no comércio internacional de café
A crise aberta pela tarifa de 50% imposta pelo governo Trump mostra como decisões políticas podem transformar cadeias globais de valor.
Enquanto exportadores brasileiros pressionam por negociações, importadores norte-americanos já reduzem contratos, comprometendo não apenas as vendas, mas também a confiança mútua entre os dois países.
Agora, a resposta depende de uma articulação diplomática rápida e efetiva, capaz de devolver ao café brasileiro o espaço perdido no mercado americano.
E você, acha que o Brasil deve priorizar uma negociação rápida com os Estados Unidos para recuperar espaço ou focar em fortalecer mercados alternativos na Europa?