Força orienta comandos regionais a impedir manifestações no entorno das unidades militares em Brasília e outras cidades, em meio ao processo no STF contra ex-presidente e generais acusados de tentativa de golpe
O Exército brasileiro ordenou “tolerância zero” contra aglomerações e manifestações nas proximidades de quartéis durante o julgamento do núcleo central do plano de golpe que começa nesta terça-feira (2) no Supremo Tribunal Federal (STF). A medida também se estende às manifestações previstas para o 7 de setembro, data considerada sensível para as Forças Armadas após os episódios de 2022 e 2023.
A determinação foi repassada aos comandos de área em todo o país, com foco em Brasília, onde a atenção das autoridades de segurança estará redobrada. O Comando Militar do Planalto (CMP) e a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal realizam reuniões permanentes para coordenar estratégias de prevenção.
Segundo informações divulgadas pela CNN Brasil e outros veículos de imprensa, a orientação busca evitar qualquer associação entre as Forças Armadas e atos de caráter político em meio ao julgamento, que envolve diretamente militares de alta patente.
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Segurança reforçada em Brasília e restrições a atos
Na capital federal, as manifestações devem se concentrar na região da Torre de TV, distante tanto dos quartéis quanto da Praça dos Três Poderes, sede dos principais órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário. O planejamento busca impedir que os protestos cheguem perto de áreas militares ou de instituições do governo.
Oficiais consultados sob reserva afirmam que não há expectativa de aglomerações no entorno das unidades militares, justamente porque o Alto Comando do Exército rechaçou, ao longo das investigações, a adesão ao plano golpista. Essa postura, embora tenha gerado insatisfação entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, contribuiu para reforçar a separação institucional.
O julgamento é considerado delicado, pois envolve diretamente três generais de quatro estrelas, um almirante e oficiais próximos ao ex-presidente, o que gera preocupação interna sobre a imagem das Forças Armadas.
Militares citados e foco do julgamento
Entre os réus estão Jair Bolsonaro, capitão reformado do Exército e ex-presidente da República, o tenente-coronel Mauro Cid, delator do esquema, além dos generais Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira e Walter Braga Netto, todos com passagem por ministérios estratégicos durante o governo anterior. Também figura na lista o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
A primeira fase do julgamento será acompanhada com atenção pelo Alto Comando do Exército, que insiste na defesa da instituição como pilar democrático. A mensagem transmitida nos bastidores é a mesma repetida pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro: “separar o CPF do CNPJ”, punindo indivíduos sem comprometer a imagem das Forças Armadas.
Esse posicionamento reflete uma tentativa de preservar a instituição de desgastes políticos, especialmente diante da repercussão nacional e internacional do processo.
Histórico de atos e episódios recentes
Após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022, milhares de apoiadores permaneceram acampados diante de quartéis, pedindo intervenção militar. As autoridades reconheceram posteriormente que foi um “erro” permitir a permanência desses grupos no entorno do Quartel-General do Exército em Brasília.
No dia 8 de janeiro de 2023, manifestantes que estavam nesses acampamentos participaram da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes. O episódio marcou de forma negativa a relação entre forças de segurança, instituições democráticas e a sociedade civil.
Desde então, o 7 de setembro e outras datas de mobilização política passaram a ser monitorados com maior rigor, especialmente para impedir a repetição de atos semelhantes.
Contexto político e medidas de prevenção
Para os atuais comandantes, manter distância de manifestações políticas é essencial para preservar a imagem de neutralidade. Dessa forma, a “tolerância zero” contra aglomerações perto de quartéis passa a ser um protocolo de segurança institucional.
Autoridades acreditam que o ambiente político de 2025, diferente do que se vivia até o início de 2023, permite medidas mais firmes de controle. O Exército busca reforçar a mensagem de que não aceitará ser utilizado como escudo para disputas de natureza partidária.
A estratégia também inclui diálogo constante com as forças de segurança estaduais e federais, além de protocolos de resposta rápida a qualquer tentativa de invasão de áreas militares ou de órgãos públicos.