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Exercício físico faz o tempo passar mais devagar? Novo estudo responde

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 26/05/2025 às 10:25
Exercício físico
Foto: Reprodução
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Estudo mostra que a prática de exercícios físicos faz o tempo parecer mais lento, independentemente da intensidade ou da presença de competição.

O tempo parece desacelerar quando estamos fazendo exercício físico? Quem já correu na esteira ou fez uma série longa na academia sabe: minutos viram uma eternidade.

Mas essa impressão é apenas subjetiva ou existe uma explicação científica por trás dessa sensação?

Estudo revela percepção distorcida durante o esforço físico

Uma pesquisa publicada em abril de 2024 no periódico Brain and Behavior trouxe novas respostas sobre como percebemos o tempo durante o exercício físico .

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Segundo os autores, a sensação de que os minutos se arrastam enquanto nos exercitamos não é apenas impressão. Os testes mostraram que, de fato, as pessoas sentem o tempo passar mais devagar nesses momentos.

Os pesquisadores conduziram o estudo com 33 adultos ativos fisicamente, sendo 16 mulheres e 17 homens.

Todos eles realizaram três testes de ciclismo de 4 quilômetros em um ambiente virtual. Em um dos testes, o participante pedalava sozinho.

Nos outros dois, pedalava acompanhado por uma figura virtual: um colega não competitivo ou um competidor direto.

Durante as sessões, os pesquisadores pediram aos participantes que estimassem o tempo de 30 segundos. Esse exercício físico foi feito antes, durante e após os treinos.

Os resultados mostraram diferenças claras na percepção temporal ao longo das etapas.

Percepção do tempo foi alterada durante o exercício

De acordo com Stein Menting, coautor do estudo, os participantes geralmente diziam “parar” aos 28 segundos durante o exercício físico .

Já antes e depois do esforço, esse mesmo comando ocorria aos 31,4 e 31,6 segundos, respectivamente. Os pesquisadores concluíram que, durante o exercício, o tempo foi percebido como mais lento.

Esse padrão foi observado tanto quando os participantes pedalavam sozinhos quanto em grupo, seja com um colega virtual ou um competidor.

Ou seja, a simples presença de um “rival” não alterou a forma como o tempo era percebido, embora tenha impactado outros aspectos do desempenho.

Competições aumentam desempenho, mas não afetam o tempo percebido

Ainda que a percepção do tempo não tenha mudado com a presença de competidores, o desempenho físico dos participantes foi diferente.

Em média, os ciclistas terminaram a prova em 459 segundos quando estavam competindo com outra pessoa virtual.

Esse tempo foi mais rápido do que nos testes com o colega não competitivo (467 segundos) e também no teste solo (470 segundos).

Isso mostra que o estímulo da competição aumentou a velocidade, mesmo sem interferir na percepção de duração da atividade.

Os participantes também relataram que o exercício parecia mais difícil conforme avançavam nas provas.

No entanto, esse aumento de esforço não foi suficiente para alterar a percepção de tempo, o que indica que a distorção não está necessariamente ligada à intensidade sentida.

Intensidade controlada pode alterar a percepção

Apesar do resultado, Stein Menting alertou que a intensidade pode, sim, afetar a percepção de tempo em certos contextos.

Estudos anteriores mostraram que exercícios com intensidade fixa mais elevada podem fazer o tempo parecer ainda mais lento.

Neste novo estudo, os participantes controlavam sua própria intensidade, o que pode ter influenciado nos resultados.

Outro ponto relevante é a composição da amostra. Como explicou Andrew Edwards, também autor do estudo, os participantes não eram atletas profissionais, mas estavam em boa forma física. Isso levanta dúvidas sobre a aplicabilidade dos resultados em populações menos ativas.

Edwards destacou que o tamanho da amostra foi pequeno. Portanto, os resultados não devem ser generalizados de forma ampla, pelo menos por enquanto. Novos estudos com grupos maiores e diferentes perfis físicos podem trazer mais respostas.

Como o cérebro percebe o tempo durante o exercício

Os autores sugerem que o tempo desacelera durante o exercício porque a pessoa entra em um estado de atenção extrema.

Isso aumentaria a percepção de cada sensação física. Assim, em vez de o tempo passar normalmente, parece que mais experiências estão acontecendo em menos segundos, criando a impressão de uma duração maior.

Contudo, essa explicação baseada na atenção é questionada por outros cientistas. O psicólogo Philip Gable, da Universidade de Delaware, acredita que a motivação é o principal fator que altera a percepção temporal, e não a atenção.

Em seus estudos, Gable observou que o tipo de motivação influencia o tempo percebido. Quando a motivação é positiva — como a expectativa de algo bom — o tempo parece voar.

Mas quando a motivação é de fuga, ou seja, o desejo de parar algo desagradável, o tempo desacelera.

No caso do estudo de ciclismo, Gable acredita que os participantes estavam motivados a evitar o esforço extremo. Esse tipo de motivação gera uma percepção de tempo mais lento.

O cérebro, ao perceber o desconforto, envia um “alerta” que desestimula a continuidade, fazendo o tempo parecer mais longo do que é.

Distorção do tempo pode afetar desempenho e motivação

Segundo Gable, essa distorção pode afetar até mesmo o desempenho de atletas.

Quando o tempo parece passar mais devagar, a sensação de esforço aumenta e a pessoa pode perder o ritmo, comprometendo os resultados. Isso vale também para quem treina por saúde ou lazer.

Uma das dicas de Gable é ajustar o treino para evitar esse efeito aversivo. Exercícios que provocam medo ou desconforto extremo tendem a aumentar a percepção de tempo e, com isso, reduzir a adesão ao plano de treino.

É importante encontrar um ritmo de exercício que seja sustentável e que não cause muita evasão — você não quer odiar seus exercícios”, afirmou Gable à Live Science.

O estudo traz evidências de que a percepção do tempo realmente muda durante o exercício. Ainda que a competição aumente o desempenho, ela não altera essa sensação.

A forma como o cérebro lida com esforço físico pode ser decisiva para a adesão ao treino, o desempenho em esportes e até para a motivação de seguir um estilo de vida mais ativo. Pesquisas futuras devem ampliar o conhecimento sobre como controlar esses efeitos.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor. Para sugestões de pauta ou qualquer dúvida, entre em contato pelo e-mail flclucas@hotmail.com.

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