Governo Trump amplia revisão de mais de 55 milhões de vistos e adota critérios inéditos, como análise de redes sociais e suposto “antiamericanismo”.
O governo dos Estados Unidos anunciou que está analisando mais de 55 milhões de pessoas com vistos válidos. Em caso do Visto americano, a deportação poderá acontecer.
O objetivo é identificar possíveis violações que possam resultar em deportação. A medida marca uma repressão mais ampla contra estrangeiros autorizados a permanecer no país.
Revisão contínua e possibilidade de revogação imediata
Em resposta à Associated Press, o Departamento de Estado informou que todos os portadores de visto estão sujeitos a uma verificação contínua. O processo analisa se há indícios de inelegibilidade para entrar ou permanecer nos EUA.
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Segundo o órgão, caso sejam constatadas violações de imigração, o visto será revogado de forma imediata. O estrangeiro poderá ser deportado mesmo que esteja apenas em visita turística.
Desde o início da gestão de Donald Trump, o foco tem sido ampliar deportações de imigrantes ilegais e endurecer as regras para estudantes e intercambistas.
Critérios de inelegibilidade do visto americano
O governo afirmou que procura indicadores claros de inelegibilidade.
Entre eles estão a permanência além do prazo autorizado, atividades criminosas, ameaças à segurança pública e qualquer envolvimento com terrorismo.
De acordo com o Departamento de Estado, todas as informações disponíveis podem ser consideradas, incluindo registros policiais e de imigração. Até mesmo informações obtidas após a emissão do visto poderão levar a uma revisão e cancelamento.
Restrições adicionais para emissão de vistos
O governo tem aumentado as restrições para concessão de vistos. Hoje, entrevistas presenciais são obrigatórias em praticamente todos os casos. A revisão atual representa uma ampliação significativa de medidas que antes estavam mais direcionadas a estudantes suspeitos de envolvimento em atividades consideradas “pró-palestinas” ou “anti-Israel”.
Agora, a análise inclui também o monitoramento de contas em redes sociais, registros policiais e possíveis violações das leis americanas durante a estadia.
Coleta de dados e exigências de privacidade
Segundo autoridades, novas ferramentas serão usadas para a coleta de dados de requerentes de visto, incluindo varreduras completas em perfis de mídia social.
Além disso, foi introduzida a exigência de que opções de privacidade em celulares, aplicativos e outros dispositivos sejam desativadas durante entrevistas consulares. Essa medida, segundo Washington, garante acesso total às informações dos solicitantes.
O Departamento de Estado afirmou que, desde a posse de Trump, o número de vistos revogados dobrou em relação ao ano anterior. No caso específico de estudantes, os cancelamentos foram quatro vezes maiores.
Impacto global e países fora da isenção
A maioria dos estrangeiros precisa de visto para entrar nos EUA, especialmente para estudar ou trabalhar. Apenas cidadãos de 40 países europeus e asiáticos, integrantes do Programa de Isenção de Visto, podem entrar sem visto por até três meses em viagens de turismo ou negócios.
Entretanto, países como Brasil, China, Índia, Indonésia, Rússia e a maior parte da África estão fora do programa. Seus cidadãos dependem obrigatoriamente da concessão de vistos para ingressar em território americano.
Números recentes de cancelamentos
No início desta semana, o Departamento de Estado revelou que, desde a volta de Trump à Casa Branca, mais de 6.000 vistos de estudante foram cancelados. As principais razões incluem permanência ilegal e violações de leis estaduais, locais e federais.
Grande parte dos casos está ligada a agressões, direção sob efeito de álcool ou drogas e apoio a terrorismo. Segundo o governo, cerca de 4.000 cancelamentos ocorreram por infrações reais da lei. Outros 200 a 300 vistos foram suspensos por conexões com terrorismo, como apoio a organizações designadas ou a Estados acusados de patrocinar terrorismo.
Novo critério: análise do “antiamericanismo”
Nesta semana, a Casa Branca também anunciou a inclusão do “antiamericanismo” como critério na análise de vistos.
De acordo com o anúncio, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA será responsável por aplicar essa triagem. O critério valerá tanto para pedidos de turistas quanto para solicitações de benefícios a imigrantes já residentes.
O governo sustenta que a medida busca reforçar a proteção da segurança nacional e evitar a permanência de pessoas consideradas hostis aos valores americanos.
Assim, as mudanças representam uma intensificação significativa na política de vistos dos EUA. Para estrangeiros de países fora da isenção, a possibilidade de perder a permissão de entrada ou permanência tornou-se mais concreta diante da política de verificação contínua e dos novos critérios estabelecidos.