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EUA reativam grupo que eliminou Bin Laden: quem são os “Night Stalkers” vistos perto da Venezuela durante operação secreta da CIA

Escrito por Felipe Alves da Silva
Publicado em 23/10/2025 às 19:48
Helicópteros dos Night Stalkers sobrevoam o Caribe em operação próxima à Venezuela.
Helicópteros do esquadrão Night Stalkers sobrevoam o mar do Caribe durante operação secreta.
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Formados nos anos 1980 e temidos pela precisão em missões noturnas, os pilotos da unidade 160º SOAR apoiam operações da CIA e do Comando Sul em plena escalada contra Maduro

A movimentação de helicópteros militares dos Estados Unidos sobre o mar do Caribe, registrada por moradores e pescadores no início de outubro, chamou atenção de especialistas em defesa e inteligência. Mas o detalhe mais inquietante não está apenas nas aeronaves, e sim em quem as pilotava: os temidos “Night Stalkers”, o esquadrão de elite do Exército americano que participou da operação que matou Osama Bin Laden em 2011, no Paquistão.

Um par de helicópteros MH-47G Chinook dos Night Stalkers em operação. Força Aérea dos EUA.

A tropa secreta que nasceu para caçar no escuro

A expressão “Night Stalkers” significa literalmente “Caçadores da Noite”. Criada nos anos 1980, a unidade surgiu para realizar operações noturnas de alta complexidade, combinando discrição, tecnologia e precisão cirúrgica. Oficialmente, o grupo faz parte do 160º Regimento de Aviação de Operações Especiais (SOAR), uma divisão do Exército americano dedicada a missões secretas e apoio a forças especiais em território hostil.

O esquadrão ganhou fama mundial a partir de 2001, durante a Guerra ao Terror, quando passou a atuar lado a lado com a CIA e outras agências de inteligência dos EUA em caçadas a líderes terroristas no Afeganistão, Iraque e Síria. Hoje, os pilotos do 160º SOAR estão sob o comando do Comando Sul das Forças Armadas, responsável por operações na América do Sul e no Caribe — uma região que volta a ganhar destaque no mapa estratégico americano.

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Helicópteros furtivos e precisão de Fórmula 1

Os “Night Stalkers” são conhecidos por operar uma frota diversificada de helicópteros táticos, que inclui o MH-60 Black Hawk, o MH-47 Chinook, e os leves MH-6 e AH-6 Little Bird — aeronaves que podem voar a baixíssima altitude sem serem detectadas por radares. Também há uma divisão de drones voltada a missões de reconhecimento e coleta de inteligência.

“Sinceramente, acho que essas pessoas são os melhores pilotos de helicóptero do mundo. Eles são os pilotos de Fórmula 1 da aviação militar”, declarou o escritor Steven Hartov, autor do livro The Night Stalkers, ao jornal britânico The Guardian.
Segundo o periódico, imagens de satélite e vídeos publicados nas redes sociais mostraram helicópteros do esquadrão sobrevoando o mar do Caribe, próximo a plataformas de petróleo e gás — uma movimentação incomum para a região.

De acordo com o jornal, uma análise visual identificou o navio MV Ocean Trader, uma embarcação de apoio furtiva frequentemente usada como base flutuante pelos “Night Stalkers”, ancorado ao nordeste de Trinidad e Tobago. Fontes ligadas ao governo Trump confirmaram que as aeronaves estavam envolvidas em exercícios de treinamento, mas admitiram que faziam parte de uma operação preparatória de caráter confidencial.

Do Oriente Médio ao Caribe: o novo foco de Washington

Ao longo de quatro décadas, os “Caçadores da Noite” participaram de missões de alto risco que moldaram a política externa dos Estados Unidos, desde resgates em território inimigo até ataques contra líderes da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. No entanto, a presença recente do esquadrão no Caribe indica uma mudança de prioridade estratégica: o foco agora parece apontar para a América do Sul, especialmente a Venezuela.

A informação foi divulgada por veículos como o The Guardian e o Washington Post, que destacam o papel da CIA nas novas ações. Conforme revelado por este último, o presidente Donald Trump assinou um documento confidencial autorizando operações secretas da agência de inteligência na região, com o objetivo de adotar “ações agressivas contra o governo venezuelano”.

O documento, segundo o jornal, não ordena explicitamente a derrubada de Nicolás Maduro, mas concede poderes ampliados à CIA para conduzir operações letais e de sabotagem. O cenário reacende temores de uma escalada militar semelhante à vista no Oriente Médio nas décadas passadas.

“Narcoterrorismo” e a justificativa para um ataque

Desde 2020, Washington passou a classificar Maduro e parte do alto escalão venezuelano como “narcoterroristas”, acusando-os de envolvimento com cartéis de drogas e lavagem de dinheiro.
Em setembro deste ano, o governo americano voltou a avaliar uma operação militar limitada, que incluiria ataques a estruturas associadas ao tráfico de entorpecentes. Um mês antes, o Departamento de Justiça dos EUA havia oferecido uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levassem à prisão do presidente venezuelano.

Para o cientista político Maurício Santoro, doutor pelo Iuperj e colaborador do Centro de Estudos Político-Estratégicos da Marinha do Brasil, o discurso sobre narcoterrorismo serve como justificativa jurídica e moral para uma ação militar:

“Nos Estados Unidos, as Forças Armadas não têm atribuição constitucional para atuar em segurança pública, então a justificativa mais plausível seria o combate ao terrorismo”, explica.
“O governo Trump parece tentar construir um caso político para uma eventual ofensiva, apresentando uma guerra como se fosse uma operação antidrogas”, completa.

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Presença crescente e possíveis cenários

Fontes citadas pelo Washington Post indicam que os helicópteros dos Night Stalkers poderiam ser empregados em operações de infiltração e extração, caso uma ofensiva terrestre fosse autorizada. “Eles são o primeiro e o último recurso: entram rápido, silenciosamente, e somem antes do nascer do sol”, descreveu um ex-oficial ouvido pelo jornal.

Apesar das especulações, autoridades americanas negam qualquer plano de invasão direta. A Casa Branca insiste que as manobras são apenas “exercícios de rotina”, ainda que o contexto político e a presença da CIA levantem dúvidas.
Como lembrou Santoro, “a simples aparição dos Night Stalkers na região já é, por si só, um sinal de que há operações de forças especiais em andamento”.

Com os helicópteros furtivos cortando o céu do Caribe, e o navio MV Ocean Trader ancorado silenciosamente perto da Venezuela, cresce a percepção de que os Estados Unidos estão reorganizando seu poder militar na América Latina.
E quando os “Caçadores da Noite” aparecem, raramente é apenas um treinamento.

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Felipe Alves da Silva

Sou Felipe Alves, com experiência na produção de conteúdo sobre segurança nacional, geopolítica, tecnologia e temas estratégicos que impactam diretamente o cenário contemporâneo. Ao longo da minha trajetória, busco oferecer análises claras, confiáveis e atualizadas, voltadas a especialistas, entusiastas e profissionais da área de segurança e geopolítica. Meu compromisso é contribuir para uma compreensão acessível e qualificada dos desafios e transformações no campo estratégico global. Sugestões de pauta, dúvidas ou contato institucional: fa06279@gmail.com

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