EUA e Japão iniciam exercício militar com mísseis, provocando reação da China, que acusa a prática de ameaça à segurança regional.
Os Estados Unidos e o Japão iniciaram nesta quinta-feira (11/09/25), em território japonês, duas semanas de exercícios militares conjuntos que envolvem sistemas avançados de mísseis.
O treinamento, batizado de Resolute Dragon, foi descrito por Pequim como uma ameaça direta à estabilidade e à segurança regional.
A reação da China acontece em meio ao aumento das tensões geopolíticas na Ásia, reforçando o papel estratégico da região para a disputa de influência entre as potências.
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Mísseis de longo alcance em destaque nos exercícios
O treinamento militar contará com a implantação de diferentes modelos de mísseis. Entre eles estão os Typhon e NMESIS, utilizados pelos EUA, além dos Tipo 12, pertencentes às forças japonesas.
Segundo comunicado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, a combinação dos sistemas cria uma capacidade “em camadas”, projetada para proteger rotas marítimas estratégicas, defender territórios-chave e ampliar o poder de dissuasão militar.
Pequim já havia se posicionado contra o uso do Typhon, também chamado de Sistema de Capacidade de Médio Alcance (MRC).
O governo chinês considera sua presença “uma ameaça substancial à segurança estratégica na região” e pediu que os aliados desistissem de introduzi-lo.
Reação imediata da China
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, declarou recentemente: “Os Estados Unidos e o Japão devem respeitar as preocupações de segurança de outros países e não devem introduzir o sistema de mísseis de alcance intermediário Typhon.”
A condenação oficial acontece logo após a realização de um desfile militar em Pequim, no qual a China exibiu seus mais recentes sistemas de mísseis.
O evento contou com a presença do presidente Xi Jinping, acompanhado do russo Vladimir Putin e do líder norte-coreano Kim Jong Un, reforçando a aliança estratégica entre os países.
Diplomacia em paralelo ao aumento militar
Enquanto os exercícios militares ganham força, o campo diplomático também se movimenta.
Pouco antes do início do Resolute Dragon, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, participou de uma videoconferência com o ministro da Defesa chinês, Almirante Dong Jun. Segundo o Pentágono, o diálogo foi “sincero e construtivo”, representando uma tentativa de reduzir tensões.
Além disso, o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, conversou por telefone com o chanceler chinês Wang Yi.
A nota oficial destacou que ambos os lados consideraram o contato “oportuno, necessário e produtivo”, ressaltando a importância de manter os canais diplomáticos ativos mesmo diante das divergências.
Possível encontro entre Xi e Trump
As movimentações militares ocorrem no mesmo período em que cresce a expectativa para uma possível cúpula entre Xi Jinping e Donald Trump ainda neste outono.
De acordo com autoridades dos EUA, o ex-presidente deve viajar à Coreia do Sul em outubro para um encontro da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), considerado um momento-chave para negociações bilaterais.
Congresso americano retoma contato com Pequim
Outro sinal de reaproximação vem do Congresso dos EUA. Um grupo bipartidário da Câmara dos Representantes planeja visitar a China ainda neste mês, no que será a primeira viagem oficial do tipo em mais de seis anos.
A visita é vista como uma oportunidade para amenizar tensões e explorar pontos de cooperação em meio às disputas militares e comerciais.
Escalada de tensões na Ásia-Pacífico
A realização do exercício militar conjunto entre Japão e EUA, com o uso de mísseis de médio alcance, é um novo capítulo da disputa estratégica que envolve diretamente a China.
Enquanto Washington reforça sua presença no Indo-Pacífico, Pequim enxerga a movimentação como uma tentativa de conter sua expansão.
Assim, o treinamento militar se torna mais do que um exercício: ele é um sinal claro da rivalidade crescente entre as potências, que equilibram demonstrações de força com gestos diplomáticos em busca de manter a instável paz regional.