Entenda por que a prática de exigir um valor mínimo para a compra no cartão de crédito ou débito é considerada abusiva pelo Código de Defesa do Consumidor e o que fazer.
É uma cena comum no comércio brasileiro: ao tentar pagar por um produto de baixo custo, o consumidor é informado de que há um valor mínimo para a compra no cartão. No entanto, o que muitos não sabem é que essa exigência, embora rotineira, é uma prática ilegal. Se um estabelecimento comercial opta por aceitar pagamentos via cartão de crédito ou débito, ele é obrigado a aceitar essa modalidade para qualquer transação, independentemente do preço do item.
A recusa em processar o pagamento ou a imposição de um valor de partida configura uma prática abusiva, que coloca o consumidor em clara desvantagem. A decisão de oferecer a maquininha como forma de pagamento é do lojista e, ao tomá-la, ele assume a responsabilidade de honrar essa opção em todas as vendas, sem criar barreiras para compras de menor valor.
O que diz a lei sobre a exigência de valor mínimo?
A proibição dessa prática está claramente fundamentada no Código de Defesa do Consumidor (CDC).
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De acordo com o Artigo 39, a exigência de um valor mínimo para a compra fere diretamente dois de seus incisos.
O primeiro é o Inciso I, que veda ao fornecedor “condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos”.
A imposição de um valor mínimo é, na prática, uma limitação quantitativa sem justificativa legal.
Além disso, a atitude também se enquadra no Inciso V do mesmo artigo, que proíbe “exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva”.
Ao forçar o cliente a gastar mais do que o desejado apenas para poder usar o cartão, o lojista está criando uma vantagem indevida para si.
O estabelecimento não pode transferir os custos operacionais da transação para o consumidor de forma coercitiva, obrigando-o a aumentar seu ticket médio.
Como essa prática afeta o consumidor no dia a dia?
Na prática, essa exigência ilegal se manifesta em situações cotidianas, como na hora de comprar uma garrafa de água, um café ou um doce em uma padaria.
O consumidor, muitas vezes sem dinheiro em espécie, é pego de surpresa com a recusa do pagamento e se vê em uma situação constrangedora, sendo forçado a desistir da compra ou a levar mais produtos do que realmente precisava.
Essa barreira prejudica a experiência de compra e fere a confiança na relação comercial.
Do ponto de vista do lojista, a justificativa frequentemente usada é o custo das taxas da operadora do cartão, que seriam proporcionalmente altas em transações de baixo valor.
Contudo, essa argumentação não tem respaldo legal.
A escolha de aceitar cartões é uma estratégia de negócio para atrair mais clientes e facilitar vendas. Portanto, os custos associados a essa escolha devem ser incluídos na precificação geral dos produtos e não repassados como uma condição abusiva no ato do pagamento.
Fui cobrado, e agora? O que fazer?
O consumidor que se deparar com um estabelecimento exigindo um valor mínimo para a compra no cartão tem o direito de insistir no pagamento.
O primeiro passo é dialogar com o responsável pelo local, informando que a prática é considerada abusiva pelo Código de Defesa do Consumidor.
Muitas vezes, a simples demonstração de conhecimento sobre a lei pode resolver a situação e garantir que a venda seja concluída.
Caso o estabelecimento se recuse a efetuar a venda mesmo após a argumentação, o consumidor deve tomar outras medidas.
É fundamental denunciar a prática aos órgãos de proteção ao consumidor, como o Procon de sua cidade ou estado.
Ao formalizar uma reclamação, você não apenas defende seu direito individual, mas também contribui para que a fiscalização atue e outros consumidores não sejam lesados pela mesma prática ilegal.
A exigência de um valor mínimo para pagamentos com cartão é uma prática ilegal que desrespeita o consumidor.
Se o estabelecimento oferece essa modalidade, deve aceitá-la para qualquer valor.
Conhecer seus direitos é o primeiro passo para combater esse tipo de abuso e garantir relações de consumo mais justas e transparentes para todos.
Você já passou por uma situação assim ao tentar pagar uma conta pequena? Acredita que os lojistas deveriam ser mais fiscalizados? Deixe sua opinião nos comentários — queremos ouvir quem vive isso na prática.