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Esse é o maior luxo dos brasileiros que moram no Paraguai — viver com energia quatro vezes mais barata que no Brasil e ainda deixar o ar-condicionado 24 horas ligado

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 24/10/2025 às 09:16
No Paraguai, energia quatro vezes mais barata permite ar-condicionado ligado o dia inteiro e contas mensais que não passam de R$ 50
No Paraguai, energia quatro vezes mais barata permite ar-condicionado ligado o dia inteiro e contas mensais que não passam de R$ 50
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Com energia gerada por Itaipu e tarifas até quatro vezes menores que as do Brasil, moradores do Paraguai desfrutam conforto constante, contas de luz de R$ 50 e até água gratuita em algumas cidades.

O relato da influenciadora digital Lu Sales, que vive no Paraguai, despertou curiosidade ao mostrar que, mesmo deixando o ar-condicionado ligado o dia inteiro, sua conta de luz mensal não passa de R$ 50.

A publicação no Instagram ganhou repercussão entre brasileiros, que compararam o valor com as tarifas cobradas no Brasil — onde o mesmo consumo poderia ultrapassar facilmente os R$ 300. Mas o que explica tamanha diferença?

A estrutura energética paraguaia

O Paraguai é um dos países mais privilegiados do mundo em geração elétrica renovável. Graças às hidrelétricas de Itaipu, construída em parceria com o Brasil, e Yacyretá, em parceria com a Argentina, o país produz muito mais energia do que consome.

Estima-se que 90% da energia gerada em Itaipu seja exportada, o que garante sobra para uso interno e permite manter tarifas domésticas extremamente baixas.

A estatal Administración Nacional de Electricidad (ANDE) é responsável por distribuir energia em todo o território paraguaio.

Em 2024, o preço médio residencial girava em torno de G 373 por kWh, equivalente a US$ 0,05 — cerca de R$ 0,25 com câmbio atual. Mesmo após reajustes recentes, continua sendo uma das menores tarifas da América Latina.

Comparação direta com o Brasil

No Brasil, o cenário é muito diferente. O país depende de uma matriz mais complexa, que inclui usinas térmicas, e enfrenta custos maiores com transmissão, encargos setoriais e impostos.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o preço médio residencial brasileiro oscila entre R$ 0,60 e R$ 1,00 por kWh, dependendo da bandeira tarifária e da distribuidora.

Enquanto o Paraguai mantém um custo estável, no Brasil o valor muda conforme o nível dos reservatórios das hidrelétricas e o uso de energia térmica.

Em períodos de seca, o acionamento das bandeiras amarela ou vermelha pode elevar as contas em até 15%. Assim, o consumidor brasileiro chega a pagar três ou quatro vezes mais por cada quilowatt-hora do que um paraguaio.

Um caso prático: os números de Lu Sales

As faturas divulgadas pela influenciadora ajudam a visualizar essa diferença. Em julho, ela pagou 66.000 Gs (≈ R$ 50,77); em agosto, 69.000 Gs (≈ R$ 53,07); e em outubro, 65.000 Gs (≈ R$ 50). Mesmo considerando variações cambiais e consumo mais alto devido ao uso contínuo do ar-condicionado, o gasto se mantém estável.

Se fosse no Brasil, um consumo semelhante de energia poderia custar algo entre R$ 180 e R$ 300, dependendo da região.

Isso significa que, para o mesmo conforto térmico, o custo no Paraguai é de apenas 20% a 30% do valor pago por um consumidor brasileiro médio.

Fatores que reduzem o custo no Paraguai

O principal motivo é o baixo custo de geração hidrelétrica. Itaipu e Yacyretá produzem energia em grande escala com custo marginal reduzido, já que não dependem de combustíveis fósseis. Além disso, o Paraguai aplica subsídios cruzados e isenções fiscais para consumidores residenciais de baixa e média renda.

Outro fator é a baixa carga tributária sobre a eletricidade. No Brasil, impostos e encargos podem representar até 40% da conta de luz, enquanto no Paraguai essa fatia é muito menor. O sistema tarifário paraguaio também não tem bandeiras mensais de variação, o que garante previsibilidade ao consumidor.

Contexto histórico e dependência energética

A situação favorável do Paraguai não é casual. Desde o tratado de Itaipu, firmado em 1973, o país tem direito à metade da energia gerada pela usina binacional, embora consuma apenas cerca de 15%. O excedente é vendido ao Brasil, gerando receita e permitindo manter tarifas internas muito baixas.

Essa estrutura energética altamente exportadora garante autossuficiência elétrica e estabilidade tarifária, mesmo em cenários globais de crise. A produção 100% renovável também posiciona o Paraguai como um dos países mais limpos do planeta em matriz energética, algo que o Brasil, com sua dependência parcial de termelétricas, ainda busca alcançar.

O contraste percebido nas redes sociais

O caso viral de Lu Sales simboliza o contraste crescente entre o custo de vida paraguaio e o brasileiro. Para muitos internautas, pagar R$ 50 por mês em energia parece quase impossível, especialmente em tempos de tarifas cada vez mais elevadas no Brasil.

Nos comentários, brasileiros relatam contas que superam R$ 400 em meses quentes, mesmo com consumo controlado. A postagem serviu, portanto, como um lembrete de como fatores estruturais, tributários e energéticos impactam o dia a dia das famílias — e de como o país vizinho conseguiu, até agora, manter um modelo eficiente e acessível.

Perspectivas futuras

Especialistas afirmam que o Paraguai deve manter suas tarifas competitivas, mas alertam para a necessidade de modernização da rede e maior diversificação da matriz para sustentar o crescimento econômico. A ANDE projeta investimentos em linhas de transmissão e em geração solar, mas a prioridade segue sendo preservar a energia barata como vantagem estratégica.

Já no Brasil, a tendência é de aumento gradual dos custos, pressionados por encargos, subsídios e inflação do setor elétrico.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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