A indústria automobilística já registra a perda na produção de 1,6 milhão de veículos, enquanto 57% das fábricas de aparelhos eletrônicos já foram prejudicadas pela problemática
Segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo, a falta de componentes eletrônicos para as indústrias, ainda mais intensificada pelos lockdowns na China, está fazendo com que fábricas das três maiores montadoras do Brasil – a Fiat, a Volkswagen e a General Motors (GM) – entrem novamente em paralisação. A problemática afeta também, de maneira ainda mais abundante, a indústria de aparelhos eletrônicos, em que o volume de fábricas atingidas é o maior desde o começo da crise dos semicondutores.
As duas indústrias vêm passando por uma série de desafios para que as linhas sigam funcionando sem interrupções, entre os quais se destacam, por exemplo, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, onde são comercializados insumos essenciais para a produção dos chips, e a lentidão para a liberação de cargas em alfândegas, devido à operação-padrão dos fiscais da Receita Federal.
Nesse sentido, as medidas restritivas impostas pela China a fim de reduzir a circulação do coronavírus apenas dificultaram a situação, uma vez que o congestionamento de navios causado pelo fechamento dos portos no país tornou a disponibilidade de contêineres e embarcações para o transporte de mercadorias ainda mais escassa.
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Diante desse cenário, a Fiat abandonará a fabricação de veículos no município de Betim (MG) por um período de dez dias, haja vista a quantidade insuficiente de peças na fábrica para manter a produção. Na última sexta-feira (24), os trabalhadores das linhas de automóveis entraram em férias coletivas, enquanto, nas linhas de motores e transmissões, as férias já tiveram início na segunda (20).
A Volkswagen, por sua vez, enfrentará nova paralisação na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, a partir da próxima segunda-feira. No mês passado, a fábrica já havia interrompido a produção por um período de 20 dias e, desta vez, cessará as atividades por apenas 10 dias. O retorno está previsto para o dia 7 de julho, porém com jornada reduzida em 24% e corte nos salários de 12%, conforme informações do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Além do mais, a fábrica da Volks no Paraná, onde ocorre a produção do utilitário esportivo T-Cross, também prevê uma parada de três semanas durante o mês que vem, do dia 4 ao dia 23.
Finalmente, a GM, segundo divulgaram os sindicatos, já não produziu, em Gravataí (RS), o Onix na última terça-feira (21), além de haver suspenso as atividades na linha da fábrica de São José dos Campos (SP), onde são montados o utilitário esportivo TrailBlazer e a picape S10, da última quarta (22) à última sexta-feira (24).
As perdas na produção de veículos já chegam a 1,6 milhão
A indústria brasileira, desde o começo da pandemia, deixou de fabricar em média 1,6 milhão de veículos. De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), somente em 2020, houve a perda de 1,14 milhão de unidades.
No entanto, naquele ano, as paralisações das montadoras foram em razão das medidas para evitar o contágio da covid-19. Já em 2021, o motivo das paralisações foi relacionado à falta de componentes para a produção, e cerca de 370 mil veículos deixaram de ser produzidos. A fábrica da General Motors em Gravataí (SP), por exemplo, ficou fechada por quase cinco meses.
Ainda de acordo com a Anfavea, neste ano, até o mês de maio, já haviam ocorrido 16 paradas de fábricas, o que corresponde a 331 dias sem atividades. Nesse meio-tempo, 150 mil veículos não foram produzidos. No início da pandemia, o setor automobilístico empregava 107 mil funcionários, sendo que, atualmente, emprega 101,8 mil, o que representa uma redução de 5,2 mil.
Sob esse viés, o consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, analisa que, caso o ritmo de crescimento do mercado brasileiro tivesse permanecido semelhante ao registrado entre 2016 e 2019, que equivalia à casa de 9% a 10% ao ano, as vendas internas estariam, hoje, alcançando as 3,3 milhões de unidades. Entretanto, a Anfavea prevê que será atingido, no máximo, o valor de 2,3 milhões de unidades.
Pagliarini afirma, ainda, que a perda de produção e venda está atrelada a uma série de fatores, como a crise da pandemia, a falta de suprimentos, a guerra na Ucrânia, problemas de logística, a alta dos preços das commodities e dos automóveis e a instabilidade política.
Indústria automotiva havia apresentado recuperação nos últimos meses, todavia a situação voltou a piorar
Nos últimos dois meses, principalmente em maio, a indústria automotiva mostrou sinais de recuperação, tendo as montadoras registrado a melhor produção do ano.
Dessa forma, e diante também do relaxamento das restrições em Xangai, a direção da Anfavea avaliou, no começo do mês, que a oferta de componentes eletrônicos tem vagarosamente se tornado menos preocupante.
Contudo, até o momento, a falta de peças permaneceu gerando paralisações, o que demonstra que a problemática não terminará tão cedo.
Quanto ao setor de eletroeletrônicos, a maioria dos empresários já descartam a ideia de uma normalização do abastecimento até o fim do ano. Segundo estudo feito pela Abinee, entidade que representa essa indústria, 57% das fábricas de produtos como celular, notebook e televisores tiveram as suas atividades prejudicadas no último mês pela escassez de componentes eletrônicos.
O percentual é o maior desde fevereiro do ano passado, quando a pesquisa acerca dos danos sofridos pela indústria de aparelhos eletroeletrônicos graças à carência global de chips começou a ser realizada.
Três em cada quatro fábricas que fabricam produtos que dependem dos semicondutores continuam passando por dificuldades na procura por esses insumos no mercado. Por conseguinte, muitas delas têm buscado fornecedores alternativos, mesmo que paguem preços mais altos, e renegociado prazos de entrega com os clientes, entre outras medidas para tentar desviar o problema.