Fontes renováveis superam o carvão e marcam um divisor de águas na história energética global, impulsionadas pelo avanço da solar e da eólica.
O mundo acaba de presenciar um feito inédito em sua trajetória energética. Segundo o think tank Ember, em outubro de 2025, a geração de energia limpa ultrapassou o uso do carvão pela primeira vez na história moderna.
De acordo com o relatório, as energias solar e eólica produziram 5.072 TWh no primeiro semestre de 2025. Nesse mesmo período, o carvão gerou 4.896 TWh, confirmando a virada histórica. Esse marco representa o início de uma nova era na transição energética global, impulsionada por tecnologia, sustentabilidade e custos menores.
O crescimento acelerado das fontes renováveis
Mesmo com um aumento de 2,6% na demanda global de eletricidade, as fontes limpas atenderam todo o crescimento e ainda reduziram a dependência de combustíveis fósseis.
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A geração solar cresceu 31%, o que equivale a 306 TWh, enquanto a eólica avançou 7,7%, com 97 TWh adicionais no mesmo período. Esses números indicam queda de 0,6% na produção a carvão e 0,2% no gás natural, conforme dados da Argus Media e da IEA.
Esses resultados reforçam que as energias renováveis estão se tornando o eixo central da matriz elétrica mundial, com expansão rápida e constante em todas as regiões.
China e Índia lideram a transição energética mundial
A China tornou-se protagonista dessa transformação. O país instalou mais capacidade solar e eólica do que o restante do mundo somado, reduzindo em 2% sua geração fóssil em apenas seis meses.
A Índia, por sua vez, também apresentou um avanço expressivo. O país registrou crescimento de 25% na energia solar e 29% na eólica, o que levou à queda de 3,1% no uso de carvão e gás natural.
Esses dois países asiáticos representam o motor global da transição, mostrando que é possível crescer economicamente e reduzir emissões ao mesmo tempo.
Brasil reafirma sua liderança em energia limpa
O Brasil segue como uma das nações mais sustentáveis do planeta. Segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), 93,1% da eletricidade gerada em 2023 veio de fontes renováveis.
Além da hidrelétrica, o país também se destacou em energia eólica, solar e biomassa, principalmente com o bagaço de cana-de-açúcar. Essa matriz diversificada reforça o papel do Brasil como referência global em energia limpa e descarbonização.
Explosão solar em países emergentes
O avanço das fontes limpas não se limita às grandes potências. Em países de baixa renda, a energia solar cresceu de forma surpreendente, ampliando o acesso à eletricidade sustentável.
O Paquistão, por exemplo, importou em 2024 painéis solares com capacidade total de 17 GW, o dobro do registrado em 2023. Esse número representa quase um terço da geração elétrica do país.
Na África, a expansão também foi notável. As importações de painéis solares cresceram 60% em um ano, impulsionadas por países como África do Sul, Nigéria, Zâmbia, Botsuana e Argélia.
Esses resultados mostram que a energia solar está se democratizando, alcançando regiões que antes dependiam exclusivamente de combustíveis fósseis.
China domina o mercado global de tecnologias verdes
A China não apenas lidera na geração, mas também domina o setor de tecnologias sustentáveis. Em agosto de 2025, o país atingiu US$ 20 bilhões em exportações de produtos verdes, segundo a Bloomberg.
Esse crescimento foi impulsionado principalmente por veículos elétricos e baterias recarregáveis, que já superaram o valor das exportações de painéis solares. Isso reforça o papel chinês como centro mundial da indústria de baixo carbono.
Além disso, os investimentos em inovação e pesquisa consolidam a China como líder na corrida global pela neutralidade climática.
O impacto global e o início de uma nova era energética
Segundo a Ember, esse momento marca um “ponto de virada crucial” na matriz energética global. Embora o carvão ainda não tenha desaparecido, a tendência de declínio é irreversível.
A transição, no entanto, exige investimentos contínuos em infraestrutura, armazenamento e redes inteligentes, para assegurar fornecimento estável e eficiente. Especialistas alertam que o desafio agora é sustentar o ritmo de expansão das energias limpas sem comprometer a estabilidade dos sistemas elétricos.
Com custos cada vez menores e eficiência crescente, as energias renováveis se consolidam como o motor da nova economia mundial.
Diante desse marco histórico, uma questão inevitável surge: o mundo está realmente pronto para uma era 100% limpa e sustentável?



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