Nvidia alcança US$ 4 trilhões em valor de mercado, impulsionada pela explosão da demanda global por chips voltados à inteligência artificial
A Nvidia entrou para a história nesta quarta-feira, 9, ao se tornar a primeira empresa a ultrapassar o valor de mercado de US$ 4 trilhões. A marca foi atingida de forma breve, quando as ações chegaram a US$ 163,93. Depois disso, houve leve queda e os papéis fecharam em US$ 162,88, avaliando a companhia em US$ 3,97 trilhões.
A valorização é puxada pela alta demanda por chips de inteligência artificial. Desde o lançamento do ChatGPT, da OpenAI, o setor entrou no centro das atenções e transformou a Nvidia em protagonista global. Big techs correm para adquirir os processadores da empresa.
Para se ter uma ideia da grandeza do valor, os US$ 4 trilhões equivalem a cerca de R$ 22 trilhões no câmbio atual. Isso é quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2024, que ficou em R$ 11,7 trilhões, segundo o IBGE.
-
Tarifaço atinge o Paraná e indústria fecha fábrica enquanto promove demissões em massa em outra unidade
-
Com investimento de 100 milhões foi inaugurada a primeira usina de etanol de trigo do Brasil e inova o agronegócio
-
Klabin recebe R$ 1,2 bilhão para ampliar exploração florestal e fortalece liderança do setor de papel e celulose no Brasil
-
Geração Z bebe cada vez menos — o resultado? Indústria cervejeira da Alemanha enfrenta crise e fábricas centenárias estão sendo fechadas
Explosão nas receitas impulsiona a gigante
O momento é de euforia dentro da empresa fundada por Jensen Huang. Somente no último trimestre, a Nvidia teve um salto de 69% na receita.
No fechamento do ano fiscal de 2024, o crescimento foi ainda mais expressivo: 112%, conforme balanço divulgado em fevereiro.
A trajetória recente, no entanto, não foi livre de obstáculos. Um dos momentos de maior tensão veio em abril, quando o ex-presidente Donald Trump impôs altas tarifas ao comércio internacional.
A medida acendeu alertas entre executivos e investidores.
O receio era que o aumento dos impostos atingisse em cheio os semicondutores, base do negócio da Nvidia.
Após pressão, Trump recuou e retirou os chips da lista de itens taxados. A decisão destravou o valor da empresa, que produz a maioria de seus componentes em Taiwan.
Demanda por chips de IA segue aquecida
De acordo com analistas do mercado, a Nvidia está na linha de frente da revolução da inteligência artificial.
Dan Ives, da Wedbush Securities, afirma que “há uma empresa no mundo que é a base da revolução da IA, que é a Nvidia”. Ele aponta Jensen Huang como o principal nome por trás da tecnologia no momento.
Nos últimos dois anos, a procura por chips especializados em IA explodiu. O crescimento se reflete no valor de mercado da Nvidia, que superou empresas como Microsoft (avaliada em US$ 3,7 trilhões) e Apple.
Agora, é a líder isolada no grupo conhecido como Magnificent Seven — composto por Apple, Google, Amazon, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla.
O valor da Nvidia também disparou ao longo dos últimos anos. Em 2021, a empresa valia US$ 735 bilhões. No fim de 2024, já alcançava US$ 3,4 trilhões. Agora, se aproxima da marca dos US$ 4 trilhões.
Clientes gigantes mantêm produção acelerada
Um dos fatores que explica o sucesso da Nvidia é a quantidade de chips vendidos para grandes clientes. Em 2024, segundo o Financial Times, a Microsoft comprou cerca de 485 mil unidades dos chips da empresa. A Meta aparece em segundo lugar, com 224 mil unidades adquiridas.
Mesmo instituições menores enfrentam filas para conseguir as GPUs. Um exemplo é a Universidade Federal de Goiás (UFG), que esperou vários meses para receber 64 unidades dos chips B200, num investimento de R$ 40 milhões.
Apesar da fila de espera, a Nvidia mantém a liderança porque os concorrentes ainda não conseguem acompanhar.
Diversas empresas estão desenvolvendo seus próprios processadores de IA, mas o ritmo de produção ainda é lento.
Concorrência tenta correr atrás
O Google vem avançando com sua linha de chips chamada Tensor. A Amazon aposta nos processadores Trainium.
Já a Microsoft desenvolveu o Maia, chip que suporta modelos de linguagem em larga escala, com foco na plataforma Azure. Porém, nenhuma dessas soluções substituiu a Nvidia no fornecimento.
A cada mês, novas soluções de IA surgem no mercado. A OpenAI, por exemplo, anuncia novidades constantemente.
Isso pressiona as big techs a ampliarem os investimentos e, por consequência, a demanda pelos chips da Nvidia aumenta.
História da empresa mostra que sucesso veio antes da hora
Criada em 1993, a Nvidia começou a produzir chips gráficos em 1999. Esses processadores foram essenciais para a indústria de games, impulsionando consoles como Xbox e PlayStation.
Também se tornaram populares em supercomputadores, sistemas de nuvem e mineração de criptomoedas.
Sem saber, a empresa se preparava para o momento atual. A tecnologia criada para jogos se mostrou ideal para lidar com as exigências da inteligência artificial. Com isso, a Nvidia colhe agora os frutos de uma aposta feita décadas atrás.
Com informações de Isto é Dinheiro.