Em 2017 o salário mínimo chegou a US$ 294, mas caiu para US$ 199 na pandemia e hoje continua estagnado em US$ 262
O salário mínimo é um dos principais indicadores sociais e econômicos do Brasil.
Ele impacta diretamente milhões de trabalhadores, aposentados e beneficiários de programas sociais. No entanto, a análise em reais muitas vezes esconde a realidade internacional do poder de compra.
Quando convertido para dólares, o mínimo brasileiro revela oscilações intensas, que não estão apenas ligadas à política de reajustes internos, mas também à volatilidade do câmbio.
-
Projeto nos EUA busca eliminar tarifas sobre café após alta de preços
-
Lucro de banco federal desaba 40% (de R$ 17,3B para R$ 11,2B) por inadimplência do agro e força busca por receitas em consórcios e seguros
-
Pix Parcelado avança, mas lojista fica refém: varejista “não tem controle” sobre juros, que variam entre bancos e fintechs, diz especialista
-
CNH sem autoescola? Entenda o que já está previsto: curso gratuito da Senatran, aulas práticas sob demanda, uso de carro automático e nova função da Uber
Nos últimos dez anos, a trajetória mostra avanços nominais em reais, mas perdas importantes em moeda estrangeira, principalmente nos períodos de crise. A tabela a seguir resume a evolução entre 2015 e 2025:
Tabela – Salário mínimo do Brasil em reais e dólares (2015–2025)
Ano | Salário Mínimo (R$) | Câmbio médio (R$/US$) | Equivalente em US$ |
---|---|---|---|
2015 | 788 | 3,33 | 236 |
2016 | 880 | 3,49 | 252 |
2017 | 937 | 3,19 | 294 |
2018 | 954 | 3,65 | 262 |
2019 | 998 | 3,93 | 254 |
2020 | 1.045 | 5,24 | 199 |
2021 | 1.100 | 5,40 | 204 |
2022 | 1.212 | 5,21 | 233 |
2023 | 1.320 | 4,99 | 262 |
2024 | 1.412 | 5,39 | 262 |
2025 | 1.518 | 5,80 | 262 |
Da valorização ao colapso em dólares
Em 2015, o salário mínimo equivalia a US$ 236, reflexo de um real fragilizado pela crise econômica e política. Apesar disso, ainda representava um patamar razoável diante do histórico brasileiro.
O ápice em dólares aconteceu em 2017, quando o mínimo chegou a US$ 294, impulsionado por uma taxa de câmbio mais favorável.
Mas essa melhora foi passageira. A instabilidade política, as tensões fiscais e a desvalorização da moeda voltaram a pressionar o poder de compra em dólares.
Em 2018, o mínimo recuou para US$ 262, e em 2019 caiu para US$ 254, mesmo com aumento nominal em reais.
O choque da pandemia e o menor valor em 10 anos
O ano de 2020 foi o mais duro da série. Com a pandemia de Covid-19, fuga de capitais e desconfiança fiscal, o real se tornou uma das moedas mais desvalorizadas do mundo.
O mínimo de R$ 1.045 passou a valer apenas US$ 199, o menor patamar em toda a década. Para especialistas, esse dado demonstra como crises externas e internas podem corroer rapidamente a renda em termos internacionais.
2021 a 2023: lenta recuperação cambial
Em 2021 e 2022, o salário mínimo brasileiro voltou a crescer em reais, mas em dólares permaneceu em patamares modestos — US$ 204 e US$ 233, respectivamente.
Só em 2023, com câmbio mais favorável, o mínimo voltou a atingir US$ 262, aproximando-se dos valores de 2018. Ainda assim, o trabalhador brasileiro não recuperou o pico de 2017.
2024 e 2025: estabilidade aparente
Nos dois últimos anos, o salário mínimo avançou em reais para R$ 1.412 e R$ 1.518, mas em dólares permaneceu estável em torno de US$ 262.
Isso significa que os ganhos em moeda nacional foram praticamente neutralizados pela variação cambial.
A política de reajustes limitada à inflação garantiu manutenção do poder de compra doméstico, mas não ampliou o valor em termos internacionais.
O que a média revela
Ao calcular a média dos salários mínimos em dólares ao longo da década, chega-se a US$ 243 mensais. Esse número é inferior ao que países latino-americanos como Chile e Uruguai oferecem a seus trabalhadores.
O dado escancara a dificuldade do Brasil em traduzir ganhos nominais em reais em ganhos reais no cenário internacional.
Poder de compra e desafios futuros
A comparação em dólares é relevante não apenas para medir o padrão de vida em relação a outros países, mas também porque muitos insumos, tecnologias e bens de consumo são dolarizados.
Quando o salário mínimo cai em moeda estrangeira, o impacto se reflete em preços de combustíveis, eletrônicos, medicamentos e até alimentos importados.
Portanto, o desafio brasileiro vai além de reajustar o mínimo anualmente: é preciso garantir estabilidade cambial e crescimento econômico sustentável.
Só assim o trabalhador terá ganhos consistentes não apenas em reais, mas também em termos de padrão de vida global.
A trajetória do salário mínimo brasileiro em dólares nos últimos dez anos mostra uma realidade dura.
Apesar dos reajustes anuais, o poder de compra internacional do trabalhador oscilou de forma intensa, chegando a cair para menos de US$ 200 em 2020. Hoje, estabilizado em torno de US$ 260, o mínimo ainda está longe do auge de 2017.
O dado mais importante é que, em média, o trabalhador brasileiro recebeu US$ 243 por mês na última década.
Isso revela que, mesmo com avanços nominais em reais, o poder de compra internacional pouco se moveu.
A lição é clara: sem estabilidade econômica e cambial, o salário mínimo continuará sendo uma conquista frágil.
I like the efforts you have put in this, regards for all the great content.
Your blog is a breath of fresh air in the often stagnant world of online content. Your thoughtful analysis and insightful commentary never fail to leave a lasting impression. Thank you for sharing your wisdom with us.