1. Início
  2. / Ciência e Tecnologia
  3. / Elon Musk acusa rival de lotar a órbita terrestre — mesmo após a SpaceX já ter colocado 9 mil satélites no espaço
Tempo de leitura 5 min de leitura Comentários 0 comentários

Elon Musk acusa rival de lotar a órbita terrestre — mesmo após a SpaceX já ter colocado 9 mil satélites no espaço

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/07/2025 às 09:31
Elon Musk acusa rival de lotar a órbita terrestre — mesmo após a SpaceX já ter colocado 9 mil satélites no espaço
Foto: Elon Musk acusa rival de lotar a órbita terrestre — mesmo após a SpaceX já ter colocado 9 mil satélites no espaço
  • Reação
Uma pessoa reagiu a isso.
Reagir ao artigo

Elon Musk acusa a AST SpaceMobile de saturar a órbita terrestre, mas a SpaceX já colocou 9 mil satélites no espaço e planeja 30 mil. Entenda a disputa e os riscos para a sustentabilidade espacial.

A tensão no espaço está crescendo — e não é só por causa dos milhares de satélites em órbita. Elon Musk, CEO da SpaceX, fez duras críticas à rival AST SpaceMobile, acusando-a de “lotar a órbita terrestre” com lançamentos excessivos e de subestimar os riscos de colisão entre satélites. A acusação foi enviada oficialmente em um documento à Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC), onde a SpaceX pede uma investigação sobre os supostos perigos para a “sustentabilidade espacial” e para a vida humana durante a reentrada de satélites desativados na atmosfera.

O que chama a atenção, porém, é que a SpaceX, de Musk, já colocou mais de 9 mil satélites em órbita, tornando-se responsável por cerca de 60% de todos os objetos atualmente no espaço. O cenário alimenta um debate polêmico: seria a crítica de Musk um alerta legítimo ou uma estratégia para enfraquecer a concorrência e proteger sua liderança?

Elon Musk crítica rival enquanto a SpaceX domina o espaço

A SpaceX construiu, em tempo recorde, a maior constelação de satélites do mundo, impulsionada pelo projeto Starlink, que busca fornecer internet em escala global. Só que esse sucesso trouxe um efeito colateral: o congestionamento em órbita. Especialistas vêm alertando há anos para o risco de colisões e para a poluição espacial causada pelo enorme número de equipamentos lançados.

Mesmo assim, Musk voltou suas atenções para a AST SpaceMobile, dizendo que a empresa “subestima os riscos de colisão” e assume que “seus satélites desativados permanecerão em sua orientação ideal” — algo considerado impossível por engenheiros espaciais.

A crítica ganha contornos de disputa de mercado, já que a AST também trabalha para fornecer internet diretamente a smartphones via satélite, um segmento que pode rivalizar com o próprio Starlink.

SpaceX congestionamento: o paradoxo dos 9 mil satélites

O número é impressionante: 9 mil satélites já foram lançados pela SpaceX, e a empresa tem planos ambiciosos de chegar a 30 mil nos próximos anos. Hoje, seis de cada dez satélites que orbitam a Terra pertencem à companhia de Musk.

Mas esse domínio traz questionamentos. Jonathan McDowell, astrônomo do Centro Harvard de Astrofísica, revelou que os satélites da SpaceX estão reentrando na atmosfera a um ritmo recorde. E essa reentrada tem um impacto ambiental preocupante: cada satélite libera cerca de 30 kg de óxido de alumínio, substância prejudicial à camada de ozônio.

Mesmo que a maioria desses satélites queime antes de atingir o solo, a quantidade de material liberado na atmosfera vem sendo alvo de estudos e críticas de cientistas, que temem efeitos de longo prazo no equilíbrio químico do planeta.

AST SpaceMobile na mira: risco de colisão e disputa de mercado

No documento enviado à FCC, a SpaceX sustenta que os satélites da AST SpaceMobile podem representar um “risco à vida humana” durante a reentrada e coloca em dúvida os protocolos de segurança da concorrente. O argumento é técnico, mas o pano de fundo é claramente comercial.

A AST é uma das poucas empresas que ousam desafiar a SpaceX no segmento de comunicação via satélite, com a proposta de conectar smartphones comuns diretamente à rede, sem depender de antenas tradicionais.

Se bem-sucedida, a tecnologia pode disputar o mercado com o Starlink, tornando as críticas de Musk não apenas uma preocupação com segurança, mas também um movimento para limitar a expansão da rival.

Risco de colisão espacial: alerta real ou retórica?

O temor de colisões em órbita não é exagero. O espaço ao redor da Terra está cada vez mais congestionado, e a perda de controle de um único satélite pode desencadear um efeito cascata conhecido como síndrome de Kessler — uma série de colisões que gera uma nuvem de detritos, ameaçando outros satélites e até missões tripuladas.

Com milhares de satélites em operação, cada lançamento aumenta a complexidade da “gestão do tráfego orbital”. Empresas, agências espaciais e governos estão em um embate constante sobre a criação de regras internacionais mais rígidas para prevenir acidentes.

9 mil satélites, 30 mil planejados: o futuro do espaço sob Musk

Apesar de criticar a AST SpaceMobile, a SpaceX não esconde seu próprio plano agressivo de lançar até 30 mil satélites. Para isso, a empresa depende de autorizações de governos em todo o mundo, e as críticas a rivais podem, em parte, servir para reforçar sua imagem como empresa preocupada com a segurança e a sustentabilidade do espaço.

O paradoxo é evidente: Musk aponta o dedo para o “congestionamento orbital”, mas sua própria constelação é a maior responsável por esse cenário.

Pressão ambiental e política aumentam

À medida que o número de satélites cresce, aumenta também a pressão de cientistas, governos e ambientalistas. O óxido de alumínio liberado na reentrada e os riscos de colisão se tornaram temas centrais em conferências e estudos sobre o futuro da órbita baixa da Terra.

Se não houver coordenação internacional, o espaço pode se tornar um “depósito de lixo” — um problema que ameaça desde a pesquisa científica até o uso de satélites para comunicação, navegação e previsão do tempo.

As críticas de Elon Musk à AST SpaceMobile levantam um debate necessário sobre congestionamento e riscos no espaço. No entanto, a posição da SpaceX, com seus 9 mil satélites já em órbita e planos para triplicar esse número, deixa claro que há interesses comerciais em jogo.

O episódio mostra como a disputa pelo domínio do espaço não é apenas tecnológica, mas também política, ambiental e regulatória. Se as projeções se confirmarem, o futuro da órbita terrestre será definido tanto por avanços quanto por tensões como essa — e a maneira como empresas e governos lidarem com esse equilíbrio será decisiva para a sustentabilidade do espaço.

Inscreva-se
Notificar de
guest
0 Comentários
Mais recente
Mais antigos Mais votado
Feedbacks
Visualizar todos comentários
Valdemar Medeiros

Jornalista em formação, especialista na criação de conteúdos com foco em ações de SEO. Escreve sobre Indústria Automotiva, Energias Renováveis e Ciência e Tecnologia

Compartilhar em aplicativos
0
Adoraríamos sua opnião sobre esse assunto, comente!x