NASA confirma: essa construção é tão extensa que rivaliza com estados inteiros do Brasil — mas a maioria nunca ouviu falar dela
A maior plantação coberta do mundo não fica na China, nem nos Estados Unidos — está na Espanha e cobre uma área superior à da cidade de Recife. São mais de 40 mil hectares de estufas brancas que, vistas do alto, formam o que especialistas e astronautas já chamam de “mar de plástico”. De tão imenso e brilhante, esse tapete artificial pode ser visto até do espaço, segundo imagens da NASA. Mas o que exatamente está escondido sob essas lonas que cobrem o deserto de Almería?
Como nasceu o mar de plástico
Tudo começou nos anos 50, quando pesquisadores espanhóis passaram a testar formas de cultivar alimentos em uma das regiões mais secas da Europa: o sudeste da Andaluzia. A ideia era usar o plástico como proteção contra o vento e o calor, além de reter umidade no solo. O experimento deu tão certo que, em poucas décadas, a área se transformou num polo agrícola de alta produtividade.
O que antes era um deserto rochoso virou uma potência agrícola que abastece boa parte da Europa com frutas e hortaliças frescas. Hoje, mais de 30 mil toneladas de plástico cobrem estufas na região de Almería, especialmente nas cidades de El Ejido, Roquetas de Mar e La Mojonera.
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Uma cidade invisível que alimenta o continente
A escala é difícil de imaginar. São mais de 400 quilômetros quadrados de estufas — o equivalente a cerca de quatro vezes o tamanho de Paris ou quase toda a cidade de Recife coberta por plástico branco. Vista do espaço, a região parece uma mancha clara em meio ao solo marrom do deserto.
Essas estruturas abrigam cultivos altamente tecnificados, com uso intensivo de irrigação por gotejamento, substratos artificiais e controle climático. São produzidas ali mais de 3 milhões de toneladas de alimentos por ano, incluindo tomates, pimentões, pepinos, melões e morangos.
A visão da NASA: efeito visual e climático
A NASA registrou o fenômeno por satélite e publicou estudos sobre o impacto visual e ambiental do mar de estufas. Segundo a agência, o plástico reflete a luz solar de maneira tão intensa que contribui para reduzir a temperatura média da região em até 0,3 °C por década — um efeito raro num planeta em aquecimento.
As imagens, captadas pelo satélite Landsat 8, revelam uma mancha branca tão extensa que rivaliza com grandes metrópoles. É uma das poucas estruturas humanas visíveis com clareza do espaço, não por altura ou volume, mas por brilho e uniformidade.
Impactos ambientais e sociais sob o plástico
Por trás da eficiência agrícola, há desafios sérios. O mar de plástico produz cerca de 30 mil toneladas de resíduos por ano, entre lonas antigas, estruturas danificadas e embalagens de insumos. Embora boa parte seja reciclada, ainda há descarte irregular e queima de resíduos, o que afeta o solo e a qualidade do ar.
O uso intensivo de pesticidas e fertilizantes também levanta preocupações. O solo da região, naturalmente pobre, depende de aditivos químicos e irrigação constante, sendo que até 80% da água usada é importada de outras bacias hidrográficas.
Além disso, grande parte da mão de obra é composta por imigrantes, muitos em situação de vulnerabilidade. Denúncias sobre condições precárias de trabalho, moradias improvisadas e baixa remuneração são recorrentes, especialmente nos meses de pico da colheita.
O futuro: entre inovação e sustentabilidade
O mar de plástico se tornou símbolo de inovação agrícola, mas também uma advertência sobre os limites da exploração intensiva dos recursos naturais. Autoridades locais, universidades e organizações ambientais têm buscado alternativas mais sustentáveis, como:
- Uso de plásticos biodegradáveis ou reutilizáveis;
- Monitoramento do consumo hídrico por sensores inteligentes;
- Cultivo orgânico com controle biológico de pragas;
- Reaproveitamento de resíduos agrícolas para geração de energia.
O desafio, no entanto, é equilibrar a demanda europeia por alimentos com as limitações ecológicas e sociais da região.
Uma estrutura que desperta o mundo
A grandiosidade do mar de plástico já foi tema de documentários, artigos científicos, reportagens da BBC, DW, RTVE e até séries de ficção como Mar de Plástico, exibida na TV espanhola. A produção usou o cenário real dos invernaderos como pano de fundo para um thriller policial que aborda racismo, imigração e degradação ambiental.
Em 2017, o local foi cenário do filme Blade Runner 2049, reforçando sua estética futurista e desconcertante. Um deserto branco e geométrico que parece uma colônia em Marte — mas está aqui, no sul da Europa, moldando o futuro da agricultura intensiva.