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Dólar perde espaço nas reservas globais, ouro dispara e Bitcoin pode se consolidar até 2030 como ativo estratégico, segundo relatório do Deutsche Bank.

Escrito por Valdemar Medeiros
Publicado em 30/09/2025 às 11:20
Dólar perde espaço nas reservas globais, ouro dispara e Bitcoin pode se consolidar até 2030 como ativo estratégico, segundo relatório do Deutsche Bank.
Foto: Dólar perde espaço nas reservas globais, ouro dispara e Bitcoin pode se consolidar até 2030 como ativo estratégico, segundo relatório do Deutsche Bank.
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A batalha silenciosa das reservas: ouro sobe, dólar perde hegemonia e Bitcoin pode ser reconhecido como ativo-chave até 2030, segundo relatório do Deutsche Bank

O mundo assiste a uma mudança silenciosa, mas de enormes proporções no sistema financeiro internacional. Pela primeira vez em décadas, o dólar norte-americano — que desde o fim da Segunda Guerra Mundial reina absoluto como a principal moeda de reserva global — começa a perder espaço. Em contrapartida, o ouro recupera protagonismo e o Bitcoin aparece como candidato a assumir papel estratégico até 2030.

Essa é a principal conclusão de um relatório divulgado pelo Deutsche Bank, que aponta que bancos centrais e grandes investidores vêm redesenhando suas carteiras de reservas, em busca de ativos capazes de oferecer segurança em meio a um ambiente marcado por tensões geopolíticas, inflação persistente e transição tecnológica.

O dólar sob pressão: hegemonia enfraquecida

Durante décadas, o dólar foi sinônimo de confiança, liquidez e estabilidade. Estima-se que em 2000 mais de 70% das reservas globais dos bancos centrais estavam denominadas em dólar. Hoje, esse número já caiu para cerca de 58%, segundo dados do FMI citados pelo Deutsche Bank.

A queda pode parecer pequena, mas representa centenas de bilhões de dólares migrando para outros ativos. A explicação está na multipolaridade da economia global: países como China, Índia, Rússia e Brasil vêm reduzindo gradualmente sua dependência da moeda americana, seja para se proteger de sanções, seja para fortalecer suas próprias moedas.

Esse movimento ficou ainda mais evidente após as sanções ocidentais impostas à Rússia em 2022, quando reservas em dólar e euro do país foram congeladas. O episódio serviu de alerta para outros governos: manter todas as reservas em divisas ocidentais pode ser arriscado em tempos de conflito.

Ouro: o metal que nunca perde valor

Se o dólar perde espaço, o ouro é quem mais ganha. Em 2024, bancos centrais compraram mais de 1.037 toneladas do metal, segundo o Conselho Mundial do Ouro (WGC). Foi um dos maiores volumes em meio século. Em 2025, a tendência continua: somente a China adicionou 1,9 tonelada em agosto, completando 10 meses consecutivos de compras oficiais.

Para o Deutsche Bank, esse apetite se explica por duas razões principais:

Proteção contra o dólar — quanto mais incerteza em relação à política monetária dos EUA, maior a busca pelo ouro como contrapeso.

Inflação global persistente — o metal é tradicionalmente visto como proteção contra perda de poder de compra.

    Não à toa, o preço do ouro disparou quase 40% em 2025, alcançando níveis recordes mesmo em meio à valorização do dólar em outros momentos.

    Bitcoin: de especulação a ativo estratégico

    O ponto mais ousado do relatório do Deutsche Bank é a inclusão do Bitcoin como potencial reserva até 2030. A maior criptomoeda do mundo, que já ultrapassou os US$ 1,3 trilhão em valor de mercado, ainda sofre com alta volatilidade, mas vem conquistando espaço em carteiras institucionais e fundos soberanos.

    A lógica é simples: o Bitcoin possui oferta limitada a 21 milhões de unidades, o que o torna escasso por natureza. Ao contrário do dólar, que pode ser emitido conforme políticas monetárias, ou do ouro, cuja mineração ainda pode aumentar estoques, o Bitcoin oferece previsibilidade absoluta de oferta.

    Para o Deutsche Bank, essa característica o aproxima de uma espécie de “ouro digital”, especialmente atraente para países emergentes e investidores que desejam reduzir a dependência de moedas ocidentais.

    Geopolítica e a corrida pelas reservas

    A “batalha das reservas” não é apenas um fenômeno econômico, mas também geopolítico. O relatório do Deutsche Bank destaca que os grandes movimentos em direção ao ouro e ao Bitcoin têm sido mais intensos em países que desafiam a ordem liderada pelos EUA.

    • China: maior compradora de ouro do mundo em 2025, busca usar o metal como lastro indireto para fortalecer o yuan em transações internacionais.
    • Rússia: após sanções ocidentais, acelerou a diversificação de reservas, reduzindo participação em dólar e apostando em ouro e yuan.
    • Países do Golfo: exportadores de petróleo ampliam reservas em ouro e estudam alternativas digitais para reduzir a dependência do dólar no comércio de energia.

    Esse movimento está diretamente relacionado ao que analistas chamam de desdolarização gradual da economia global.

    E o Brasil nesse cenário?

    O Brasil, como potência do agronegócio e player energético, acompanha de perto essas transformações. Atualmente, cerca de 80% das reservas brasileiras estão em dólar, com o restante distribuído entre euro, iene, yuan e ouro.

    Embora o Banco Central não tenha anunciado interesse em Bitcoin, a tendência mundial pode colocar o tema na pauta nos próximos anos, especialmente se grandes parceiros comerciais, como a China, ampliarem o uso da criptomoeda em operações financeiras.

    Para especialistas ouvidos pelo Deutsche Bank, o Brasil terá de equilibrar segurança (mantendo parte relevante em dólar) com diversificação (aumentando ouro e, possivelmente, ativos digitais).

    Especialistas divididos

    O relatório gerou repercussão imediata entre economistas. Alguns concordam que o Bitcoin pode sim ganhar status de reserva até 2030, especialmente se a adoção institucional continuar crescendo. Outros, porém, lembram que a alta volatilidade e a falta de regulação internacional ainda limitam a credibilidade da criptomoeda.

    Já em relação ao ouro, não há controvérsia: trata-se do ativo mais procurado em tempos de incerteza, e o volume de compras recentes comprova isso.

    Segundo o Deutsche Bank, o mais provável é que o sistema de reservas internacionais se torne mais diversificado.

    O dólar continuará sendo dominante, mas dividirá espaço com o ouro em patamar cada vez maior. Já o Bitcoin, se consolidar sua adoção e superar barreiras regulatórias, pode ganhar uma fatia relevante nesse tabuleiro.

    Para investidores, o recado é claro: o mundo das reservas não será mais o mesmo, e ignorar essas mudanças pode significar perder oportunidades estratégicas.

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    Valdemar Medeiros

    Formado em Jornalismo e Marketing, é autor de mais de 20 mil artigos que já alcançaram milhões de leitores no Brasil e no exterior. Já escreveu para marcas e veículos como 99, Natura, O Boticário, CPG – Click Petróleo e Gás, Agência Raccon e outros. Especialista em Indústria Automotiva, Tecnologia, Carreiras (empregabilidade e cursos), Economia e outros temas. Contato e sugestões de pauta: valdemarmedeiros4@gmail.com. Não aceitamos currículos!

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