Em uma descoberta que pode revolucionar a compreensão sobre o universo, astrônomos conseguiram observar o que provavelmente é o despertar de um buraco negro supermassivo no centro da galáxia SDSS1335+0728, localizada a cerca de 300 milhões de anos-luz da Terra.
Esse evento, que começou em 2019, vem se intensificando de forma gradual nos últimos quatro anos, culminando em uma emissão de raios-X inédita para a região, detectada em fevereiro deste ano.
Conforme uma pesquisa publicada nesta terça-feira (18) na revista Astronomy & Astrophysics, o estudo e a constatação abrem um novo capítulo no estudo desses colossos cósmicos, que, até então, eram considerados “adormecidos” e imperceptíveis à nossa observação direta.
Na publicação, Claudio Ricci, coautor do estudo e pesquisador da Universidade Diego Portales, no Chile, afirma que “esses monstros gigantes estão normalmente adormecidos e não são diretamente visíveis”.
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Segundo o estudo, no caso da SDSS1335+0728, os cientistas presenciaram o despertar do buraco negro, que se alimentou do gás em seu entorno, emitindo um brilho extraordinário.
Inicialmente, cogitou-se que a luminosidade era proveniente de explosões de supernovas ou eventos de maré, quando uma estrela é dilacerada pela força gravitacional de um buraco negro.
Todavia, a persistência do brilho por mais de quatro anos, contrastando com a curta duração de tais eventos (centenas de dias no máximo), direcionou os estudiosos para outra explicação.
Nesse sentido, Lorena Hernández García, que também é coautora da pesquisa e pesquisadora do Millennium Institute of Astrophysics (MAS) da Universidade de Valparaíso, no Chile, relatou que “a razão mais plausível para este fenômeno é que estamos observando o núcleo da galáxia a iniciar um ciclo de atividade”. “Se confirmado, esta seria a primeira vez que presenciamos em tempo real a ativação de um buraco negro supermassivo”, disse ela.
Despertar traz questionamentos
Essa descoberta acaba abrindo as portas para questionamentos intrigantes sobre o futuro da Via Láctea, que também conta com um buraco negro supermassivo em seu centro, o Sgr A*.
Nesse sentido, mesmo com a incerteza sobre a probabilidade de um evento similar ocorrer em nossa galáxia, os dados obtidos na pesquisa fornecem informações valiosas sobre a origem e o desenvolvimento desses colossos cósmicos.
“Independentemente da natureza das variações, essa galáxia nos oferece dados preciosos sobre como os buracos negros crescem e evoluem”, diz Paula Sánchez Sáez, astrônoma do Observatório Europeu do Sul (ESO) na Alemanha.
“Acreditamos que instrumentos como o Muse (Multi-Unit Spectroscopic Explorer) no VLT (Very Large Telescope) e aqueles que serão instalados no futuro ELT (Extremely Large Telescope) serão cruciais para compreendermos melhor as razões por trás do aumento de brilho desta galáxia”, concluiu ela, a principal autora do artigo.



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