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Desinformação sobre energia eólica e metas climáticas ameaça debates da COP30 e reforça o desafio global contra as fake news ambientais

Escrito por Rannyson Moura
Publicado em 27/10/2025 às 22:13
Durante a COP30, especialistas alertam para a expansão de fake news que desacreditam as energias renováveis, especialmente a energia eólica, e distorcem as metas do Acordo de Paris. A conferência tenta reagir a um novo tipo de negacionismo climático mais sofisticado e perigoso.
Durante a COP30, especialistas alertam para a expansão de fake news que desacreditam as energias renováveis, especialmente a energia eólica, e distorcem as metas do Acordo de Paris. A conferência tenta reagir a um novo tipo de negacionismo climático mais sofisticado e perigoso.
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Durante a COP30, especialistas alertam para a expansão de fake news que desacreditam as energias renováveis, especialmente a energia eólica, e distorcem as metas do Acordo de Paris. A conferência tenta reagir a um novo tipo de negacionismo climático mais sofisticado e perigoso.

Às vésperas da COP30, que será sediada em Belém, cresce a preocupação entre cientistas e líderes globais com a disseminação de desinformação sobre o aquecimento global e as energias renováveis.

O que antes era negacionismo explícito agora assume uma forma mais sutil, baseada em distorções e interpretações enganosas. O foco das fake news migrou das dúvidas sobre a existência das mudanças climáticas para o ataque às soluções sustentáveis, como a energia solar e a energia eólica, pilares da transição energética global.

De acordo com especialistas, essa nova estratégia busca atrasar ações concretas de descarbonização e minar a confiança nas políticas climáticas internacionais.

Metas climáticas sob ataque: manipulação e desinformação sobre o Acordo de Paris

Um dos alvos preferenciais das fake news é a meta do Acordo de Paris, que busca limitar o aumento da temperatura média global a 1,5°C.

Segundo o físico Paulo Artaxo, da Universidade de São Paulo (USP), há uma leitura incorreta circulando em redes sociais e até em discursos políticos: o fato de a Terra ter superado momentaneamente esse limite em 2024 não significa o fracasso do tratado.

“Superar momentaneamente o patamar não significa nada para o Acordo de Paris, porque a temperatura que vale é a média climatológica de década e não a de um ano isolado”, explica Artaxo.

Ele reforça que a meta de 1,5°C é uma referência construída por consenso e não um limite absoluto. O importante é reduzir emissões o mais rápido possível, já que cada fração de grau tem impacto direto na vida das populações e na frequência de desastres naturais.

Mesmo que o aquecimento global ultrapasse temporariamente a marca de 1,5°C, limitar o aumento a cerca de 2°C ainda representa um enorme avanço em relação a um cenário de 2,5°C ou mais.

Energia eólica e solar na mira das fake news: os novos alvos da desinformação

As campanhas de desinformação também têm como alvo as energias renováveis, especialmente as fontes solar e eólica, que hoje são protagonistas da geração de eletricidade no mundo.

Entre os argumentos falsos mais disseminados estão a suposta “ineficiência” dos painéis solares e o “alto custo” das turbinas eólicas — narrativas que contrariam as evidências científicas e econômicas.

Na prática, a realidade é o oposto: a energia solar e a energia eólica já são as fontes mais baratas de eletricidade no planeta.

Segundo dados recentes, 2025 marcou um marco histórico, quando a soma da produção eólica e solar superou, pela primeira vez, a geração a carvão, consolidando as renováveis como as principais fontes globais de energia elétrica.

O crescimento é impulsionado por avanços tecnológicos e redução de custos. Nos últimos 15 anos, os preços de instalação da energia solar caíram 90%, enquanto turbinas eólicas se tornaram mais eficientes e acessíveis.

Um dos mitos mais recorrentes nas redes é o de que as turbinas eólicas seriam responsáveis por grandes impactos à fauna, especialmente aves e morcegos.

A narrativa, reforçada inclusive por figuras públicas como Donald Trump, ignora dados científicos amplamente documentados.

Nos Estados Unidos, estudos mostram que os principais fatores de mortalidade de aves são os gatos domésticos (2,4 bilhões de mortes por ano), as colisões com edifícios (600 milhões) e os atropelamentos por veículos (200 milhões).

Os pesticidas são responsáveis por 67 milhões de mortes, enquanto as turbinas eólicas causam aproximadamente 1,2 milhão.

Embora esse número não seja irrelevante, é muito menor do que o de outras ameaças humanas. Além disso, o setor eólico tem adotado soluções eficazes para reduzir o impacto ambiental, como sensores de detecção, pausas operacionais e escolha estratégica de locais de instalação.

A desinformação também tenta minimizar o papel transformador da energia solar, alegando que sua adoção seria cara ou ineficiente. No entanto, a fonte solar foi responsável por 83% do aumento da demanda global por eletricidade em 2025, tornando-se a principal fonte de nova energia elétrica no planeta.

Hoje, a energia solar é a eletricidade mais barata do mundo, com projeções de eficiência cada vez maiores. Os painéis fotovoltaicos tradicionais de silício já atingem 25% de eficiência, mas novas gerações prometem alcançar 37% em uma década.

O impacto espacial também é mínimo: para atender toda a demanda mundial com energia solar, seria necessário apenas 0,3% da área terrestre do planeta. A maioria dos países possui espaço disponível para implantações em larga escala, inclusive combinadas com pastagens e agricultura.

COP30: ciência e transparência no centro do debate global

A COP30 surge como um momento crucial para o combate à desinformação climática. A presidência da conferência e diversos especialistas alertam que as fake news ambientais se tornaram uma ameaça concreta às negociações internacionais e ao avanço das políticas de transição energética.

As mentiras e distorções sobre o aquecimento global e as fontes renováveis — como a energia eólica — dificultam a implementação de soluções sustentáveis e atrasam o consenso entre países. Por isso, a aposta da COP30 é reforçar a comunicação científica, promover campanhas de esclarecimento e dar visibilidade às conquistas reais da transição energética.

A batalha contra o negacionismo e a desinformação, segundo os organizadores, será tão importante quanto os compromissos de emissões — porque, sem informação correta, o futuro climático do planeta fica ainda mais incerto.

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Rannyson Moura

Graduado em Publicidade e Propaganda pela UERN; mestre em Comunicação Social pela UFMG e doutorando em Estudos de Linguagens pelo CEFET-MG. Atua como redator freelancer desde 2019, com textos publicados em sites como Baixaki, MinhaSérie e Letras.mus.br. Academicamente, tem trabalhos publicados em livros e apresentados em eventos da área. Entre os temas de pesquisa, destaca-se o interesse pelo mercado editorial a partir de um olhar que considera diferentes marcadores sociais.

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