Brinquedo atômico da década de 1950 incluía minerais radioativos reais, vendeu menos de 5 mil unidades e hoje vale milhares em leilões
Na década de 1950, em plena era de ouro da energia nuclear, uma fábrica americana de brinquedos lançou um produto que hoje parece impensável: um laboratório atômico para crianças, equipado com pequenas amostras de minerais radioativos.
Batizado de “Gilbert U-238 Atomic Energy Lab”, ele virou um dos brinquedos mais comentados da época, justamente pelo risco que trazia, e ressurgiu ano passado após ser leiloado como raridade nos Estados Unidos.
Um brinquedo ousado e caro para a época
O laboratório foi criado pela A. C. Gilbert Company, que figurava entre as maiores fabricantes de brinquedos do mundo.
-
Maior condomínio do Brasil tem 22 mil apartamentos, supera 5 mil cidades, conta com escola e até posto de saúde
-
Dose fatal: metanol em bebida adulterada faz vítimas em São Paulo
-
Mansão de Neymar em Santos tem 2.800 m², foi comprada à vista por R$ 50 milhões e integra portfólio com mais de 100 imóveis só na região
-
Como o teclado QWERTY enganou gerações: nasceu de um problema mecânico em 1874 e se transformou em padrão impossível de abandonar
Comercializado entre 1950 e 1951, ele prometia oferecer às crianças a chance de brincar de cientistas com um kit realista.
O preço, entretanto, não era acessível. Custava US$ 49,50, algo próximo de US$ 600 em valores atuais.
Por isso, vendeu menos de 5 mil unidades. Mesmo assim, entrou para a história como um dos brinquedos mais caros e arriscados já criados.
Esse detalhe tornou a peça ainda mais valiosa. No ano passado, um exemplar foi colocado à venda em Boston pela casa de leilões RR Action, com expectativa de lances a partir de US$ 4,4 mil, o equivalente a cerca de R$ 26,6 mil.
Um kit realmente radioativo
O nome “U-238” não era à toa. Referia-se ao urânio 238, isótopo radioativo que compunha parte do material enviado no kit.
A maleta incluía quatro frascos de vidro contendo minerais como autunita, torbernita, uraninita e carnotita.
Além disso, vinha acompanhada de instrumentos como um eletroscópio, usado para identificar cargas elétricas, e um contador Geiger, destinado a medir radiação.
Portanto, apesar de não permitir experimentos nucleares de fato, os itens tinham radiação real.
A proteção dos recipientes, segundo especialistas, evitava riscos maiores, mas a segurança dependia de a criança não violar o frasco de vidro.
O nível de exposição à radiação
A revista IEEE Spectrum destacou que brincar com o laboratório equivaleria, em termos de dose de radiação, a passar um dia sob os raios ultravioleta do sol.
Ou seja, o risco era considerado baixo, desde que o material permanecesse lacrado.
Contudo, essa era uma condição importante. Caso alguém tentasse quebrar os frascos, os efeitos seriam potencialmente mais sérios.
Como funcionava a brincadeira
O manual do brinquedo ensinava atividades curiosas. Uma das propostas era esconder uma fonte radioativa e, em seguida, usar o contador Geiger para localizá-la, como se fosse um jogo de caça ao tesouro atômico.
Essa experiência pretendia despertar interesse científico nas crianças, mostrando de forma lúdica como funcionava a detecção de partículas.
Curiosidades adicionais no kit
O laboratório incluía ainda pequenas amostras de outros minérios pouco radioativos, como chumbo, rutênio e zinco.
Para completar, trazia uma revista em quadrinhos protagonizada por Dagwood, personagem da clássica tirinha “Blondie”.
A história em quadrinhos, chamada “Aprenda como Dagwood divide o átomo”, foi escrita com participação especial do general Leslie Groves, conhecido por comandar o Projeto Manhattan — o mesmo que desenvolveu a primeira bomba atômica junto com Robert Oppenheimer.
Assim, um brinquedo que parecia educativo acabou se tornando uma das maiores curiosidades da indústria de brinquedos.
Em vez de ocupar prateleiras infantis, o laboratório atômico ocupa espaço em coleções e leilões, como símbolo de uma época em que ciência, mercado e ousadia se misturavam de maneira inusitada.
Com informações de Revista Galileu.