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Crise na piscicultura: governo classifica a tilápia como espécie invasora, mas permite que a gigante JBS importe toneladas do mesmo peixe do Vietnã, mesmo com o Brasil sendo o 4º maior produtor mundial

Escrito por Fabio Lucas Carvalho
Publicado em 10/11/2025 às 14:56
Governo libera importação de tilápia do Vietnã e classifica espécie como invasora, gerando críticas e temor de prejuízos à piscicultura brasileira
Governo libera importação de tilápia do Vietnã e classifica espécie como invasora, gerando críticas e temor de prejuízos à piscicultura brasileira
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Mesmo sendo um dos maiores produtores do mundo, o Brasil enfrenta críticas após o governo liberar a importação de tilápia do Vietnã, favorecendo concorrentes externos e gerando insegurança entre produtores e trabalhadores do setor aquícola

Você sabia que o Brasil é o quarto maior produtor de tilápia do mundo, atrás apenas da China, Indonésia e Egito?

Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), do total de peixes cultivados em cativeiro no país, a tilápia respondeu por 579.080 toneladas – o equivalente a 65,3% de toda a produção nacional.

Com um mercado que movimenta bilhões de reais e sustenta milhares de empregos diretos e indiretos, o setor tornou-se estratégico para a economia brasileira.

Por isso, a recente decisão do governo federal de liberar a importação de tilápia do Vietnã gerou indignação entre produtores e especialistas.

Governo libera importação de tilápia vietnamita

Em abril, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) revogou a proibição que impedia a entrada de tilápia proveniente do Vietnã. A medida foi oficializada por publicação no Diário Oficial da União e, desde então, tem sido alvo de fortes críticas.

A Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR) classificou a decisão como “imprudente”. Segundo a entidade, “a revogação dessa suspensão desconsidera os riscos sanitários apontados anteriormente e ocorre em meio a tratativas comerciais entre os governos do Brasil e do Vietnã”.

A medida é vista pelo setor como um contrassenso: em vez de fortalecer o mercado interno e proteger a produção nacional, o governo abre espaço para um concorrente direto, que pode afetar empregos e reduzir a renda de famílias brasileiras ligadas à piscicultura.

Primeiros carregamentos já estão a caminho

Segundo a imprensa vietnamita, em 6 de novembro, um contêiner com 24 toneladas de tilápia vietnamita partiu do porto de Ho Chi Minh, com destino ao Brasil.

Esse é o primeiro de 32 contêineres — totalizando 700 toneladas — contratados pelo Grupo JBS para abastecer o setor varejista e de alimentação (HORECA), além do showroom de produtos da empresa.

A chegada da carga ao porto de Santos, em São Paulo, está prevista para 17 de dezembro de 2025.

O episódio marcou a primeira grande operação comercial de importação de tilápia do Vietnã desde a liberação do governo, reacendendo o debate sobre as consequências econômicas e sociais dessa decisão.

Ministério da Pesca reconhece risco de impacto

Questionado sobre o tema pelo CPG, o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) afirmou que a responsabilidade pelas importações é do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), “que cuida diretamente da importação de alimentos”.

MPA também declarou ainda que “tem participado das discussões, sempre buscando a melhor solução para o setor.” Quando indagado se reconhece que a importação pode gerar impactos econômicos e sociais sobre produtores, cooperativas e trabalhadores brasileiros, o ministério respondeu:

Estamos avaliando e monitorando os possíveis impactos em curto e longo prazo.”

A resposta indica que o próprio governo admite o potencial de desequilíbrio que a entrada do produto estrangeiro pode causar em uma cadeia produtiva que vinha apresentando forte desempenho e crescimento constante.

Já o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) se limitou a encaminhar o link da nota oficial sobre o tema, afirmando que a inclusão da tilápia na Lista Nacional Oficial de Espécies Exóticas Invasorastem caráter técnico e preventivo, não implicando banimento, proibição de uso ou cultivo.

Produtores temem burocracia e perda de competitividade

Mesmo com as garantias oficiais, o setor aquícola vê a decisão com preocupação.

O temor é que, em nome de acordos comerciais e decisões técnicas, o governo comprometa um dos segmentos mais promissores do agronegócio brasileiro.

Enquanto o Vietnã expande sua presença no mercado global, os produtores nacionais temem ver a tilápia – símbolo da piscicultura brasileira – nadando contra a corrente das próprias políticas públicas do país.

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Fabio Lucas Carvalho

Jornalista especializado em uma ampla variedade de temas, como carros, tecnologia, política, indústria naval, geopolítica, energia renovável e economia. Atuo desde 2015 com publicações de destaque em grandes portais de notícias. Minha formação em Gestão em Tecnologia da Informação pela Faculdade de Petrolina (Facape) agrega uma perspectiva técnica única às minhas análises e reportagens. Com mais de 10 mil artigos publicados em veículos de renome, busco sempre trazer informações detalhadas e percepções relevantes para o leitor.

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