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Como a Costa Rica passou a gerar quase 100% de sua eletricidade com fontes renováveis – e os desafios para sustentar esse modelo

Escrito por Débora Araújo
Publicado em 18/06/2025 às 15:20
Como a Costa Rica passou a gerar quase 100% de sua eletricidade com fontes renováveis – e os desafios para sustentar esse modelo
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Como a Costa Rica se tornou exemplo mundial ao gerar quase toda sua eletricidade com energia limpa e agora enfrenta o desafio de manter o modelo em um cenário climático incerto.

Você já imaginou um país onde a luz que acende sua casa, a energia que move a indústria e até o que carrega o seu celular vêm praticamente só de fontes limpas? Pois é exatamente o que acontece com a Costa Rica, um dos raros lugares no mundo que conseguiu a façanha de gerar quase 100% da sua eletricidade com fontes renováveis. E o mais curioso: esse resultado não é de agora. O país vem colecionando recordes nesse campo há anos, e a história por trás dessa conquista é cheia de lições – e também de desafios que continuam no radar.

O caminho para quase 100% de eletricidade renovável na Costa Rica

Para entender como esse país gerou quase 100% da eletricidade com renováveis, é preciso olhar para o que o país tem de sobra: rios, vulcões e muito vento. A matriz energética do país se apoia principalmente na força das águas.

As hidrelétricas são as grandes estrelas dessa história, sendo responsáveis por mais de 70% da produção elétrica. O restante vem de energia geotérmica (aproveitando o calor dos vulcões), eólica e, em menor escala, solar e biomassa.

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O cenário começou a mudar para valer nos anos 1990, quando o país decidiu colocar a sustentabilidade no centro da política energética. Desde então, o governo e a estatal ICE (Instituto Costarricense de Electricidad) investiram pesado em novas usinas e na diversificação das fontes.

O resultado? Em alguns anos, como 2017 e 2018, a Costa Rica alcançou 100% de energia renovável, e não foi só uma meta no papel: o país chegou a passar mais de 300 dias seguidos sem usar combustíveis fósseis para gerar eletricidade. Algo impensável em boa parte do mundo.

Por que o modelo da Costa Rica funciona?

A Costa Rica tem algumas vantagens naturais que ajudam muito a manter esse padrão. A geografia montanhosa e cheia de rios facilita a construção de barragens e represas.

Os vulcões fornecem o calor necessário para a energia geotérmica, enquanto os ventos fortes e constantes em determinadas regiões favorecem os parques eólicos. Para completar, a população relativamente pequena e um consumo de eletricidade moderado tornam o desafio mais possível de ser alcançado.

Mas o segredo não está só na natureza. O sucesso da eletricidade renovável na Costa Rica passa também por decisões políticas. O país decidiu, lá atrás, investir em infraestrutura de energia limpa e resistiu à tentação de explorar petróleo e gás.

Além disso, aboliu as Forças Armadas em 1948, o que liberou recursos para educação, saúde e, claro, energia renovável. Essa visão de longo prazo virou referência mundial.

Os desafios para sustentar o modelo renovável

É claro que nem tudo são flores nessa história. Apesar do orgulho nacional, a matriz energética do país tem alguns pontos vulneráveis. O principal é a dependência das hidrelétricas.

Em tempos de seca, como aconteceu em 2014, o país precisou recorrer a usinas térmicas movidas a diesel, o que elevou os custos e aumentou as emissões de carbono. A mudança climática global, com a alteração nos padrões de chuva, pode tornar essas situações mais frequentes no futuro.

Outro desafio está fora do setor elétrico: o transporte. Embora a eletricidade seja quase toda limpa, a frota de veículos do país ainda depende majoritariamente de combustíveis fósseis. O próximo grande passo para a Costa Rica será ampliar o uso de carros elétricos e modernizar o transporte público. Só assim o país poderá dizer que sua matriz energética como um todo está alinhada com as metas de neutralidade de carbono.

O que vem por aí na jornada da Costa Rica

A Costa Rica não esconde que quer continuar sendo um exemplo quando o assunto é energia limpa. O governo tem planos para expandir o uso da energia solar e dos parques eólicos, diminuindo a dependência das hidrelétricas. O país também discute como incentivar a geração distribuída, permitindo que mais residências e empresas gerem a própria eletricidade com painéis solares.

Apesar dos obstáculos, o modelo costarriquenho prova que é possível, sim, transformar o setor elétrico e torná-lo mais verde. É claro que as condições da Costa Rica não se aplicam a todos os países, mas a experiência do país mostra que, com planejamento e decisão política, dá para chegar muito mais longe do que se imagina.

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Débora Araújo

Débora Araújo é redatora no Click Petróleo e Gás, com mais de dois anos de experiência em produção de conteúdo e mais de mil matérias publicadas sobre tecnologia, mercado de trabalho, geopolítica, indústria, construção, curiosidades e outros temas. Seu foco é produzir conteúdos acessíveis, bem apurados e de interesse coletivo. Para sugestões de pauta, correções ou contato direto: deborasthefanecruz@gmail.com

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